sábado, 29 de outubro de 2016

Teve Debate?

Ontem, ocorreu o debate na TV Mirante. Continua sendo o debate principal ou o mais esperado das eleições, mesmo após a derrocada política do grupo Sarney.

O candidato Edvaldo priorizou esse debate, não comparecendo a nenhum dos outros. Foi na verdade, o único encontro do segundo turno entre ele e Braide.

A eleição está praticamente empatada e qualquer oscilação de última hora na opinião do eleitorado pode definir o pleito. Isso preocupa os estrategistas de campanha, porque Braide emergiu do improvável repentinamente.

Diante da miséria democrática - em que a estrutura da máquina pública e o tempo de TV praticamente iludem o eleitor - criou-se a inevitável expectativa de que o debate pudesse ir além. Não foi. E parece que não será mais daqui para frente. A estratégia do marketing cuidará de esvaziá-lo para as próximas eleições.

Depois do surpreendente desempenho de Braide no primeiro turno, a campanha de Edvaldo adotou medidas preventivas. Buscou fazer o jogo no campo onde Eduardo é fraco: no apoiamento da máquina pública e na ostentação visual de artefatos de campanha.

Edvaldo evita os debates e lança mão de recursos de marketing estratégico para um único e final confronto. Os programas eleitorais convidam o eleitor para assistir o espetáculo no coliseu da morte.

Do lado de Eduardo, cria-se a expectativa de uma repetição de desempenho. Idealiza-se o massacre, o desmonte da máscara publicitária de Edvaldo. Não foi.

Eduardo, bem alinhado no terno, continuou apresentando bom domínio da fala, mas foi pouco criativo para um momento tão esperado. Repetiu argumentos, diante de uma ampla gama de escolhas disponíveis para criticar a administração do adversário.

Edvaldo, pequeno dentro de um terno, parecia escorregar na camisa e nos argumentos. Aproveitou-se do autismo. As perguntas nunca são respondidas porque são apenas ponte para novos ataques argumentativos.

Nos blogues, festejam dos dois lados, como torcida de futebol. A cada mentira, a cada argumento simplório um clamor de assombro comprado.

Mas, analisando friamente, foi morno.

Edvaldo pareceria comemorar ter escapado do cadafalso. Respirou ofegante no final. Alívio puro entre seus correligionários. Nem eles esperavam tanta superação. Ele conseguiu ser firme em alguns momentos, respondendo certamente a um duro treinamento nos últimos dias.

Eduardo, na verdade, repetiu o desempenho, mas a expectativa era maior do que ele podia operar. Continuou fluente e  preciso até nos comentários finais. Edvaldo foi ruim na última hora, como sempre, gesticulando feio e falando além do tempo.

Braide provou que é melhor no debate, mas isso não será suficiente, embora esperado. Faltou a polarização ideológica, coisa que ele não poderia fazer.

Edvaldo ensaiou falar firme, mesmo com seu olhar acovardado. Foi cutucado com o ISEC mas não teve coragem de mencionar Anajatuba com a força necessária.

Os dois candidatos não puderam esticar muito a corda para não resvalarem juntos para o abismo de onde emergiram.

No mais, assistimos propostas superficiais sobre as políticas públicas. Soluções para uma futura gestão medíocre que se avizinha.

Talvez as entrevistas individuais com uma banca de especialistas acene para o fim de debates como esse. A população teria uma ideia melhor do quanto a política no Maranhão está aquém dos seus maiores desafios.

E teríamos o fim dos coliseus romanos cuja finalidade básica tem sido apenas arrancar urros da torcida comprada.






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