Enquanto no Maranhão as autoridades cochilam, uma nova dinâmica na relação entre as facções criminosas vai se construindo a nível nacional.
Há cerca de 3 anos explodiu uma guerra silenciosa entre Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), pelo domínio das fronteiras do tráfico em países como Paraguai, Bolívia e Colômbia. Havia antes disso um acordo de convivência entre as facções carioca e paulista.
Especialistas apontam a morte do empresário e
narcotraficante, Jorge Rafaat Toumani, de 56 anos, em junho, deste ano, numa emboscada na fronteira do Paraguai, como o marco fundamental da ruptura. Com a morte dele, o PCC passou ocupar a espaço vazio do tráfico na região.
A morte desse narcotraficante é apontada como motivo para uma grande mudança do padrão da criminalidade no país. Ele era um dos mais antigos fornecedores de drogas e armas para o Brasil. Tudo indica que o PCC pretende encurtar o caminho para a entrada de armas no país, eliminando os atravessadores. Neste momento, a facção já se estabelece na região da fronteira do Paraguai.
Rafaat simplesmente havia herdado o posto de rei do tráfico na fronteira
Brasil-Paraguai, que pertencia a Fernandinho Beira-Mar, preso desde
2002. Era conhecido também como próspero empresário do ramo de pneus, mas já havia sido condenado no Brasil por tráfico, em 2014, pela apreensão
de um carregamento de 492 quilos de cocaína, em São José do Rio Preto
(SP), em 2004.
Tudo indica que o CV, tradicional aliado do PCC, deu-se conta do avanço exagerado da facção paulista e resolveu se aliar com os rivais do grupo paulista. O PCC enfrenta forte resistência nas regiões Norte e Nordeste, lideradas pelas facções Sindicato RN e Família do Norte (FDN), além de Estados do Sul, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde se destaca o Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
No último fim de semana, 18 presos foram mortos durante rebeliões em
presídios de Boa Vista (Roraima) e Porto Velho (Rondônia) por causa da
guerra. Por medida de segurança, integrantes do PCC presos no Rio foram
transferidos para presídios ocupados por inimigos do Comando Vermelho.
No Maranhão, por enquanto não há sinais visíveis dessa ruptura, mas é inegável que existe a possibilidade de a guerra nacional de facções repercutir em Pedrinhas, especialmente. O antigo CDP ainda abriga CV e PCC em alas diferentes e ontem mesmo ocorreu uma morte de detento nesta unidade prisional.
Lembramos que o avanço rápido do PCC nos presídios estaduais pode estar inserido na nova dinâmica da disputa entre as facções. Como já dito, o PCM foi praticamente incorporado ao PCC, de maneira rápida e silenciosa.
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