quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Carnaval


Acordar planando nas partículas suspensas

Da chuva deixada pela noite cortada

Por trovões e coriscos espectrais.

Enrolado no pano de sol estendido no chão batido,

Madrugando  na temperatura mais caída da manhã,

Ouvindo o ressonar dos corpos,

A tristonha acauã e o agudo ladrido de cães,

E o revoar de papagaios sobre os cocais.


O borbulhar dos peixes no remanso

e a explosão das águas nas cabeceiras,

Os cardumes enlouquecidos

pelas chuvas torrenciais de fevereiro.


E assim revirar o tempo dos insetos famintos,

As lacerações das ervas daninhas,

O lamaçal das veredas tortas e sujas,

Esquecendo as frutas coloridas no chão de capim

Que serão mais tarde devoradas por um tapete vermelho de quatis.


E não cronometrar as horas é como andar descalço

No fundo de areia alva dos rios.








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