sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O desmonte da Escola de Ensino Integral no antigo Colégio Marista

O Centro de Ensino Médio (CEM), Marcelino Champagnat, antigo Colégio Marista,  única escola de Tempo Integral do Governo Flávio Dino, está em crise.

Os alunos e professores estão denunciando a falta de recursos humanos, de condições básicas de higiene e agora, e até falta de alimentos.

A empresa contratada pela escola para fornecer o lanche não está sendo paga e parou na terça-feira (22). Os alunos tiveram que ser liberados às 09h. Antes, a comida já vinha sendo racionada. Fala-se que até alguns itens, com prazo de validade vencido, foram servidos ao alunos nesse período.

Relembro que a escola de tempo integral fez sucesso na boca de candidatos na época das eleições. O próprio Flávio Dino fez uso desse modelo de escola como referência para seu programa de governo. Logo no início do mandato, fez uma visita à escola Marcelino Champagnat, fazendo inúmeras promessas, novamente.

Nessa mesma escola, um mês antes de deixar o cargo, Roseana dedilhou as cordas de um Violão.



Poucos meses depois, Flávio Dino concedeu uma entrevista a Fernando Gabeira, utilizando-se do Colégio apresentado como modelo para seu governo (ver em 15;15min do vídeo abaixo).



A presença dos dois na mesma Escola em tão pouco espaço de tempo foi realmente curiosa.

A escola Marcelino Champagnat foi inaugurada na gestão de Roseana Sarney e tem atualmente 230 alunos. Agora ali foi implantado Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema), com feições nada democráticas e projeto pedagógico completamente distinto, vez que direcionado ao ensino profissionalizante.

Por simples comparação, basta lembrar que Sarney marcou sua presença na educação criando a TVE / CEMA, que aparece no filme de despedida de governo (1972) como um dos elementos do “Milagre do Maranhão” (uma verdadeira febre esse slogan no período da ditadura). 


O IEMA parece muito mais afinado com uma conjuntura passadista do que realmente uma proposta de ensino adequada ao nosso Estado, cujas desafios educacionais exigem outras propostas pedagógicas. Não estamos mais nos períodos dos milagres de desenvolvimento. Nem Dilma acredita mais nisso.

Os cursos do IEMA funcionam no Marcelino Champagnat e não se viu falar de concurso ou seletivo para professores, tampouco seletivo para o ingresso de alunos. É uma estrutura que concorre com a escola de tempo integral e não tem qualquer sintonia com ela. 

Somente recentemente saiu um Edital SECTI/IEMA nº 01, de 21 de setembro de 2015, para supervisores e monitores.  Ver: http://www.secti.ma.gov.br/wp-content/blogs.dir/61/files/2015/09/Edital-SECTIIema-0012015-Processo-seletivo-para-contrata%C3%A7%C3%A3o-de-Supervisores-e-Monitores-pelo-Iema.pdf

 O IEMA está gradualmente tomando o espaço tanto físico quanto pedagógico da Escola de Tempo Integral. Os alunos e pais de alunos receberam palestras para se convencerem sobre a migração para as turmas do IEMA, o que representa o esvaziamento do projeto original dessa Escola de Ensino Médio. 

Na verdade, trata-se de um desmonte da escola em tempo integral, se pensarmos que os alunos entraram lá buscando um projeto pedagógico distinto. Vale lembrar que o PNE – Plano Nacional de Educação 2014/2024 apresentar na sua META 6, até o fim da vigência do PNE, oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da educação básica. 


Se  temos apenas escolas estaduais precárias e apenas uma experiência em ensino integral, qual o sentido de orientar esforços para o ensino profissionalizante, justamente num espaço que poderia estar sendo utilizado integralmente para a construção de um modelo que o próprio PNE orienta?

Parece megalomania, visto que o IFMA já vem se ocupando do ensino profissionalizante, aliás, com grande estruturas e maior orçamento. Resta evidente que esse governo não cumprirá a meta do PNE, em matéria de escolas de tempo integral, utilizadas apenas como ornamento para um discurso eleitoreiro.

O CEM, na verdade, cedeu espaço para uma estratégia política de dar maior visibilidade ao Secretário de Ciência e Tecnologia, é o que parece.

A construção do prédio de administração do IEMA está previsto  para o desativado campo de futebol, um espaço importante para a lógica da escola de integral, que deve obrigatoriamente articular o ensino com as práticas esportivas e lúdicas.

 E o pior é que nada disso está sendo discutido com a sociedade, com a comunidade dos educadores e, especialmente, com a sociedade de maneira mais ampla. 



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