quinta-feira, 21 de março de 2013

No território dos Gavião

Depois que os Gavião apreenderam quatro caminhões madeireiros no dia 13 de janeiro, a situação é delicada. Os veículos eram usados para a retirada ilegal de madeira de dentro da terra indígena, no município de Amarante. Depois disso, o clima em Amarante do Maranhão é tenso e se agravou com a chegada de agentes da Polícia Federal, Ibama e Funai para apreender os caminhões madeireiros retidos pelos indígenas.
Segundo as lideranças do povo Pukobjê-Gavião, os madeireiros atearam fogo em pneus para impedir a saída dos agentes da Polícia Federal (PF). Sem poderem sair da aldeia Governador e levar os caminhões apreendidos, os agentes da PF solicitaram reforços.
Durante o protesto dos madeireiros, uma viatura da Polícia Federal foi apedrejada e os pneus furados. Dezenas de madeireiros estavam reunidos no pátio de um posto de combustível na entrada da estrada que leva à aldeia Governador, onde os caminhões e o trator estão apreendidos.
Os Gavião denunciam que depois da apreensão dos caminhões passaram a receber ameaças de morte e não conseguem mais ter acesso a serviços básicos na cidade, como exames e tratamento de saúde, comércio, delegacia de polícia etc.
Um grupo de caciques denunciou os fatos à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, à Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA e ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos. A Secretaria da Igualdade Racial e a Secretaria de Direitos Humanos e Assistência Social do Governo do Estado foram acionadas. A Conab passou a fornecer cestas básicas para os índios, que não puderam mais fazer roças de subsistência.
Uma audiência na vice-governadoria, reunindo vários órgãos de governo preparou reuniões e audiências em Imperatriz, com o Ministério Público Federal, no dia 19. No dia 20, uma comitiva, composta por representantes de órgãos, instituições e entidades da sociedade civil, fortemente escoltada por forças de segurança, fizeram uma reunião na Aldeia Governador.
As reivindicações do povo Gavião denunciam a omissão do Estado em quase todos os aspectos da vida dos índios. Eles querem médico, remédios e um posto funcionando. Os colégios não começaram as aulas e os professores e zeladores não recebem salários. Um Termo de Ajustamento de Conduta, celebrado entre a Secretaria Estadual de Educação - TAC e o Ministério Público Federal não está sendo cumprido. Cerca de 300 serrarias funcionam ativamente na região dos municípios Arame, Grajaú e Barra do Corda, algumas delas com licença de funcionamento concedidas pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado. Carregamento de madeira em forma de dormentes para trilhos estão sendo apreendidos, colocando sob suspeição a própria Companhia Vale do Rio Doce. Os processos e inquéritos criminais arrastam-se morosamente sem nenhuma definição, no sentido de punir os crimes praticados pelos madeireiros e fazendeiros da região, que incluem até homicídios contra índios. Missionários evangélicos completam a obra do genocídio cultural, instalando-se nas aldeias e ensinando os índios a negar suas próprias práticas religiosas. A desorientação divide os caciques e lideranças, entre a defesa da floresta ameaçada e a venda de madeira, como forma de complementação da renda. Os políticos da região, que pedem votos aos índios durante as eleições, nesses momentos de agruras desaparecem. A revisão da demarcação do território indígena mobiliza ainda mais o ódio é o preconceito. No meio de tanta tristeza e angústia, muitos índios demonstraram força e muita vontade resistir. Várias lideranças demonstraram que o povo Pukobjê não se entregará facilmente. E pensar que o Governo do Estado e várias Instituições do Estado concedem, em momentos de ritual e pompa, medalhas, intituladas "do Mérito Timbira", sem sequer atentar para o sofrimento desse povo.
 
Álbum fotográfico:
 
 









 
 
 
 
 
 
 
 

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