domingo, 29 de setembro de 2019

JANOT DEU UM TIRO NA LAVA JATO

A declaração do ex-procurador geral da república, Rodrigo Janot, ainda vai render muito.

O STF já suspendeu o porte de arma de Janot e o impediu de se aproximar de ministros da Corte, após ele admitir que teve a intenção de matar Gilmar Mendes. Uma decisão autorizou uma busca e apreensão na casa do ex-chefe do MP e foram acautelados uma pistola e aparelhos eletrônico.

A decisão é do Ministro Alexandre de Moraes e é duvidosa, do ponto de vista técnico, decorrendo de um pedido do Ministro Gilmar Mendes. Moraes justificou que tem por objetivo “evitar a prática de novas infrações penais e preservar a integridade física e psicológica dos ministros, advogados, serventuários da Justiça e do público em geral que diariamente frequentam essa Corte”.

Além de ter suspenso o seu porte de arma, Janot está impedido de entrar em qualquer área do tribunal e tem de ficar a pelo menos 200 metros de distância dos magistrados.

Ele era esperado pelo STF para prestar esclarecimentos sobre o assunto, mas se recusou a prestar depoimento.

Provavelmente para fazer um marketing e promover um livro, as revelações comprometem a própria credibilidade de Rodrigo como um dos principais personagens da Lava-Jato. Com certeza não calculou as consequências do que disse.

 Além de ter chegado muito perto de dar um tiro no ministro Gilmar Mendes - fato gravíssimo e inédito no país - Janot confidenciou conversas com Aécio Neves e Michel Temer que deveriam ter sido denunciadas na época. Ou seja, Janot terminou por se incriminar também.

Integrantes da operação sabiam que na época o então procurador geral andava realmente armado, dizendo que iria atirar no ministro Gilmar Mendes. As autoridades da Esplanada relatam que também souberam da ameaça e aumentaram a segurança do ministro.

O jornalista Reinaldo Azevedo contestou a versão dada por Rodrigo Janot como o motivo para ele ter entrado armado em uma sessão do Supremo Tribunal Federal e quase ter assassinado o ministro Gilmar Mendes. 

Para Azevedo, Janot mentiu na entrevista a O Estado de São Paulo quando afirmou que Gilmar Mendes teria dito que a filha dele, Rodrigo, advogava na área penal  para uma empresa denunciada na Lava Jato.

Letícia Ladeira Monteiro de Barros,  filha de Janot, era advogada da OAS e da Odebrecht sim, mas não na área criminal.

Janot alegou o impedimento de Gilmar Mendes para atuar no caso Eike Batista porque o empresário era cliente, na área cível do escritório de Sérgio Bermudes, onde Guiomar Mendes, esposa de Gilmar, figura como associada. A diferença é que Guiomar jamais atuou em algum processo, cível ou criminal relacionado a Eike Batista.

E Reinaldo publicizou uma petição de Letícia endereçada ao CADE, como advogada da OAS, uma das empresas denunciadas na operação Lava Jato. 

Portanto, Gilmar Mendes apenas se defendeu da alegação de suspeição atacando o ponto fraco de Janot, numa escandalosa contradição.

Partindo de um dos mais efetivos apoiadores da Lava Jato, cujas denúncias portavam o timbre da república de Curitiba, as declarações de Janot soam como a pá de cal, porque recursos subirão, sob a alegação de instabilidade mental do ex-procurador geral, para anular dezenas de processos criminais.

Moral da história 1: não apenas o STF precisa fazer uma dura reflexão sobre relações espúrias.

Moral da história 2: Ou Janot é burro ou realmente padece de problemas mentais.

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