O despejo do Cajueiro produziu desdobramentos.
Uma onda de crítica na internet contra o governo, protestos, e uma ocupação da Sedhipop, na sexta-feira (dia 23).
Ontem e hoje, reuniões ocorrem na Casa Civil e talvez acertem o caminho da Secretaria de Desenvolvimento Industrial.
Tudo isso era para ter ocorrido há mais tempo e esperamos que não estejam apenas ganhando tempo.
Quantas audiências e reuniões ocorreram no momento em que a Secretariam de Meio Ambiente se preparava para conceder o licenciamento do Empreendimento?
Quantos apelos foram feitos no sentido de que era necessário, da parte do governo, mais iniciativa e menos posturam contemplativa?
É estranho constatar nesse governo a mesma postura do então governador João Castelo, por ocasião da implantação da Alcoa, quando várias comunidades foram compulsoriamente deslocadas em nome da geração de um punhado de empregos.
Quem não se lembra da chegada da Estrada de Ferro Carajás, do processo de implantação do Porto do Itaqui e seus impactos sobre as comunidades de pescadores, que até hoje esperam por justiça, onde foram jogados numa vila nas proximidades do Tamancão?
Como o governador Flávio Dino se deixou levar pela mesma cantilena do desenvolvimento industrial sem limites, igualando-se às experiências fracassadas de ditadores provincianos?
O que está em jogo é muito mais do que um porto privado e seus bilhões, mas o destino do povo brasileiro para os próximos vinte anos, caso o programa do facismo se estabeleça.
Nesse sentido, é bom que a alternativa se apresente como algo melhor do que o status quo.
Parcerias com a China agradam mais aos olhos de bolsonaristas, vejam o exemplo do debate envolvendo queimadas na Amazônia, onde o embaixador chinês vislumbra no caso apenas um complô de países capitalistas ciosos por intervir no Brasil - um discurso alinhado com o que existe de mais atrasado em matéria ambiental.
Será que é só isso mesmo ou a Amazônia significa um pouco mais para a humanidade do que o plantio de capim para engordar o gado?
Cajueiro é mais do que um porto privado, governador. Cajueiro é a possibilidade de criação de uma Reserva Extrativista que poderia contribuir para a sustentabilidade da ilha, resguardando direitos e serviços ambientais para futuras gerações.
Isso não seria estratégico, num futuro e certo cenário de esgotamento das nossas riquezas minerais?
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