Nós do PSOL ficamos esperando mudanças na esquerda que deu sustentação ao governo Dilma. Afinal, eles reclamam tanto do golpe e acusam tanto a direita (boa parte dela composta de ex-aliados) de golpistas que até pareciam sinceros.
É a hora de reconfigurar a esquerda, repensar o presidencialismo de coalizão e as velhas práticas de cooptação parlamentar fisiológica. É hora de repensar a representação política, aprofundar a democracia direta, ampliar os espaços de controle social da gestão e dos orçamentos. Sobretudo, é preciso religar a utopia do socialismo com a ética política. Isso será possível apenas quando houver um projeto de poder de esquerda, efetivamente.
Eles sabem que em 2016 teremos um ensaio do que será o Congresso Nacional em 2.018. Também será uma prévia das eleições presidenciais futuras. A onda conservadora não é apenas uma marola, como diria Lula. Ela tem força suficiente para cassar o mandato de Dilma Roussef. E se ela escapar (o que é muito difícil), não terá condições de governar.
Toda a preparação ideológica do golpe e seus sinais evidentes não foram capazes de produzir uma guinada tática nessa esquerda domesticada. É incrível como eles estão sem rumo, completamente adormecidos pelo pragmatismo imbecil.
Toda a movimentação em torno das coligações continua a reproduzir o mesmo ciclo perverso da capitulação ideológica. Não há projeto de poder para essa esquerda. Eles sucumbiram à direita e não pretendem lutar por nada além do pacto das elites brasileiras. É só olhar o que estão fazendo na capital e nos municípios mais populosos do Estado.
Eles não fazem a autocrítica, querem liderar toda a esquerda, apresentando os mesmos nomes problemáticos para a retomada de uma trajetória ideológica que se perdeu no tempo. Isso não é socialismo. É puro narcisismo.
Já é possível dizer, salvo algumas exceções em alguns Estados, que essa esquerda não terá condições de liderar um processo de rebelião contra a onda conservadora. Eles são parte dela, e a operação Lava Jato se encarregará de colocar a pá de cal nesse projeto.
Aqui no Maranhão, está cada vez mais claro que a defesa do governo Dilma, levada a cabo pelo governador Flávio Dino, nada tinha de ideológico. Era apenas um jogo para viabilizar um nome para a sucessão do legado petista.
O governador continua atolado nos seus compromissos de direita, fazendo o jogo dos partidos conservadores, inclusive com aqueles que estiveram à frente do golpe parlamentar. A principais lideranças eleitas pelo governador são golpistas e já tramam a sucessão pela direita, constatando que a barca do petismo afundou irremediavelmente.
A continuar nesse diapasão, teremos em 2018 um congresso pior do que o atual. Nichos de resistência surgirão pela força moral do PSOL, juntamente com quem se aproximar desse protagonismo insurgente de alguns poucos, apoiados pela base social da esquerda progressista, pela juventude e pelos movimentos sociais.
Nós não fizemos coro com a direita nos ataques ao PT e seus aliados, mas nunca abrimos mão da crítica aos seus governos. Construímos uma plataforma crítica pela esquerda mas sabemos que nesse lado não há espaço para a autocrítica. Eles caminham fatalmente em direção ao iceberg. E da morte no gelo será preciso surgir outra esquerda.
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