terça-feira, 10 de maio de 2016

A PRESEPADA DE WALDIR




Durou menos de 24 h a decisão de Waldir Maranhão. Ele pretendia anular a sessão da Câmara que decidiu pela admissibilidade do impeachment da Presidenta da República. Nem teve tempo de atualizar suas redes sociais, que continuam a divulgar a decisão anterior.

Waldir Maranhão não resistiu à fuzilaria da direita, mesmo sendo direita. Era aliado de Cunha e foi eleito pelo PP para vice-presidência da Câmara por uma articulação conservadora. Nem assim foi digno de piedade, tal a sede pela deposição da Presidenta Dilma.

Eduardo Cunha, que se deu ao luxo de criticar a decisão de Waldir, seu ex-aliado, passou nada menos do que quinze meses como presidente da Câmara, com um currículo criminal digno de dar inveja aos mafiosos, sem receber o mesmo tratamento.

A vida pessoal de Waldir Maranhão foi devassada, sua família foi retaliada, numa crescente violência moral, jamais vista. E nem voltando atrás poderá conter um movimento para o seu afastamento da vice-presidência na Câmara ou até a mesmo para a perda do seu mandato. 

Waldir Maranhão, presidente interino da Câmara, não foi certamente o único a transformar  o país numa república de bananas. Mas os golpistas se anistiam mutuamente.

A ampla coalizão pelo impeachment demonstrou sua força no tecido social, combinando hegemonia institucional, controle da mídia e pressão nas mídias sociais. Waldir está sendo imolado, não esperava ficar sozinho no campo de bombardeio.

A decisão de Waldir só teria sentido se o presidente do Senado devolvesse o processo para a Câmara. Mas algo deu errado e Renan Calheiros pulou fora. Os governistas ficaram com o grito de gol entalado na garganta.

Acuado, ele recuou na madrugada, incompatibilizando-se com os dois campos políticos. Deixou o governador Flávio Dino em situação delicada, no momento em que já colhia os louros pelo aborto do impeachment. 

Por solidariedade ao projeto petista ou por instinto de preservação da própria pele, o Governador do Maranhão teve a coragem de enfrentar o golpismo. Se Waldir Maranhão perder o mandato, Dino terá a obrigação moral de acomodá-lo em algum lugar do governo estadual, embora a trajetória desse provável exilado político não recomende esse tipo de solidariedade. 

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