domingo, 28 de outubro de 2012

A justificativa psicológica para votar em Edvaldo

Um segmento da esquerda no Maranhão tem como único referencial o Sarney. Para ela, ser contra o Sarney é suficiente para ser de esquerda. O sujeito pode ser ladrão, comprar voto, ser de direita - mas ser disser que é contra o Sarney, está ungido, com o santo óleo da legitimidade para ser votado.

Como naturalmente o Sarney não tem os poderes que esta esquerda paralítica diz que tem, nem sempre esta justificativa está plenamente visível aos olhos de simples mortais. Nesse caso, é necessário resgatar os vaticínios ou as leituras misteriosas dos cenários políticos. Dentro desse campo, as avaliações são profundas para justificar o invisível e muito míopes para constatar o óbvio.

Por exemplo, para votar em Edvaldo Holanda, a esquerda sem rumo se recusa a enxergar que o partido dele é o PTC, uma legenda tradicional de aluguel, da direita e do grupo Sarney no Estado.

 Ninguém viu que Edvaldo, que é filho de um ex-aliado de Sarney, esteve junto com João Castelo até véspera das eleições, rompendo com ele no último ano das eleições, no que foi seguido pelo partido do seu vice, Roberto Rocha.

Roberto Rocha é recém filiado ao PSB, mas até pouco tempo era um expoente tucano no Estado, com todos os defeitos que parecem fundamentar a recusa do voto em João Castelo. O PSB no Maranhão, que, diga-se de passagem, há algum tempo se transformou no principal abrigo da direita trânsfuga maranhense, renegando, de modo geral, uma bem cultuada tradição de lutas camponesas. A sigla participa da disputa em São Luís, com seus dois grandes líderes em posições opostas: Zé Reinaldo e Roberto Rocha.

Os analistas da justificação psicológica da esquerda Edvaldista não se cansa de afirmar que Sarney apoia na surdina João Castelo (por conta da presença de Fábio Câmara, afilhado de Ricardo Murad), mas finge que não enxerga Roberto Costa, afilhado de João Alberto, do outro lado, e figura exponenciais do grupo Sarney, como Pedro Fernandes.

Esta esquerda de lentes de grau reguláveis, que antes considerava o PSDB oposição no Estado e compôs com ele dentro do governo Jackson, agora esquece de todo o cenário nacional para jogar Castelo no colo dos Sarney. Em suma, o que dizem é que Sarney teria se aliado aos tucanos no Maranhão, sabendo-se que os tucanos são os principais adversários do PT no plano nacional.

É um nó, pode crer. Para justificar o voto em Edvaldo, esse setor da esquerda não desgruda dos cartazes de Lula e Dilma. Mas o PT, por exemplo, declarou abster-se da disputa do segundo turno, em São Luís, por intermédio do principal representante da corrente de Lula no Estado, que é o vice-governador, Washington Luiz.

Como alguém que, a partir do cenário nacional, é aliado do PMDB de Sarney pode ser anti-Sarney? Sim, porque o principal defensor do Sarney no Brasil não é o João Castelo, é o próprio Lula, é a própria Dilma.

Imagino que Sarney deve rir muito das incoerências da oposição do Maranhão. Mas eu duvido que ele revele qual o seu candidato no segundo turno. Por enquanto, os dois principais herdeiros da sucessão de Roseana estão em campos opostos, só para sacanear: Ricardo Murad e João Alberto.


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