Pesquisadores no mundo não se surpreendem com a chegada do novo coronavírus. Tal como o fenômeno da mudança climática, o rápido desmatamento das florestas também tem seus efeitos colaterais.
Desde a colonização européia desenvolveu-se uma ideologia de desenvolvimento predatória e hostil à natureza e aos povos originários.
Até duas décadas atrás ainda se acreditava que florestas tropicais e ambientes naturais intactos, repletos de fauna exótica, eram uma ameaça ao ser humano,pois abrigavam vírus e patógenos que causam novas doenças, como Ebola, HIV e dengue.
O medo do desconhecido e o preconceito alimentaram uma visão de mundo de que os ecossistemas abrigam ameaças temíveis. Em menor escala, a conclusão de que a vegetação seria um ambiente sujo, que precisa ser higienizado pela supressão.
Hoje se sabe, pelo contrário, que é a destruição da biodiversidade que cria as condições para o surgimento de novos vírus e doenças. Atividades humanas como a construção de estradas, a mineração, a caça, a extração de madeira e a supressão de florestas para pastagens, sem dúvida, contribuem para emergência de epidemias, como a que estamos vivendo.
O tráfico de animais e a invasão das florestas liberam vírus nunca antes conhecidos, que habitavam seus hospedeiros naturais.Estima-se hoje que três quartos das doenças emergentes que nos infectam se originam em animais.
A rápida urbanização e o crescimento populacional aproximam os seres humanos de novas espécies de animais.
Hoje estudam como as mudanças no uso da terra aumentam esse risco. Venenos, insumos químicos habitats degradados criam as condições ideais para a ultrapassagem de hospedeiros.
Nas espécies remanescentes os vírus buscam novas formas de sobrevivência, inclusive operando mutações. Esses patógenos não cessam de evoluir, a cada vacina descoberta.
Os ambientes preservados também são barreiras naturais contra essa interação nociva para os seres humanos, que altera o complexo ciclo de vida dos patógenos.
Pensar em saúde planetária e biossegurança global agora exige repensar o desenvolvimento, que sempre tratou a natureza como bem infinito.
As pessoas agora temem o colapso da economia fundamentada em atividades predatórias de um determinado modelo de desenvolvimento (a palavra, por si só, quer dizer crescimento exponencial infinito). Nós deveríamos temer o êxito do desenvolvimento e definir a natureza finita como parte integral da humanidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário