quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Para que um novo código mineral?

Esclarecimento do blog: O artigo foi publicado em setembro, mas o tema continua atual. Como nos mantemos firmes no sentido de veicular o debate, e não simplesmente a notícia, achamos que esta postagem se encaixa como uma luva para o momento pelo qual atravessa o projeto de desenvolvimento no país e no Maranhão, especialmente.

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/513776-para-que-um-novo-codigo-mineral



“É assim que a ampliação da produção de alumínio – e de vários outros projetos de beneficiamento mineral que acompanham a expansão acelerada da mineração na Amazônia – guarda forte relação com a construção prevista para a região de 20 novas usinas hidrelétricas de grande e médio porte até 2020. A entrada da Vale, em abril de 2011, no consórcio responsável pela construção de Belo Monte aponta qual deve ser um dos destinos prioritários da energia a ser gerada pela usina. E mostra que, não por acaso, as novas fronteiras de produção de energia e de exploração mineral avançam de mãos dadas sobre os mesmos espaços”.


A análise é de Juliana Malerba em artigo que apresenta o livro por ela organizado Novo marco da mineração no Brasil: para quê, para quem? Rio de Janeiro: FASE, 2012.
O livro – que além do texto que segue contém artigos de Bruno Milanez, da Universidade Federal de Juiz de Fora, e Luiz Jardim Wanderley, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – está disponível em formato eletrônico no sítio da FASE.

Eis o artigo.

O Estado do Pará iniciou os anos 2000 produzindo quase 4 bilhões de reais em minérios. Em dezembro de 2011, o valor dessa produção atingiu praticamente a marca dos 25 bilhões de reais, destinados majoritariamente ao mercado externo. Esse salto, alcançado com apoio de um maciço investimento público e privado, aponta que há algo de novo no front.

Na última década na Amazônia surgiram inúmeras frentes de extrativismo mineral. Em Carajás, a ampliação da produção de minério de ferro e manganês se deu ao lado da abertura de novas minas de cobre e níquel. Isso permitiu à Vale, que em 2000 não produzia um grama de cobre, triplicar a produção brasileira passando de um patamar médio de 30 mil toneladas/ano para mais de 100 mil toneladas/ano. Também possibilitou à empresa investir R$ 760 milhões em uma usina de beneficiamento de níquel em Ourilândia do Norte, onde explora depósitos desse minério que se estendem até os municípios de São Felix do Xingu e Parauapebas.

No oeste do Pará, Juruti acaba de entrar para o rol dos municípios mineradores onde a Alcoa começou a explorar bauxita, matéria prima para a produção de alumínio, ampliando também a exploração desse minério no estado, que já conta com minas em Oriximiná e Paragominas. Em Barcarena, a 80km de Belém, as fábricas de alumina e alumínio passaram por um processo de ampliação da produção. Os processos de beneficiamento mineral são intensivos no consumo de energia. Para produzir 432 mil toneladas de alumínio a Albrás, instalada em Barcarena, consumiu a mesma quantidade de energia elétrica das duas maiores cidades da Amazônia, Belém e Manaus. A empresa responde por 1,5% do consumo de eletricidade do Brasil com seus quase 200 milhões de habitantes. A energia de Tucuruí, que entrou em operação na década de 1980, ainda hoje é consumida prioritariamente pela Albrás e pela Alumar, em São Luiz, no Maranhão. E ambas pagam tarifas subsidiadas, diga-se de passagem.

É assim que a ampliação da produção de alumínio – e de vários outros projetos de beneficiamento mineral que acompanham a expansão acelerada da mineração na Amazônia – guarda forte relação com a construção prevista para a região de 20 novas usinas hidrelétricas de grande e médio porte até 2020. A entrada da Vale, em abril de 2011, no consórcio responsável pela construção de Belo Monte aponta qual deve ser um dos destinos prioritários da energia a ser gerada pela usina. E mostra que, não por acaso, as novas fronteiras de produção de energia e de exploração mineral avançam de mãos dadas sobre os mesmos espaços.

Como boa parte dos bens minerais explorados no país tem como destino o mercado externo, a duplicação da estrada de ferro Carajás e a expansão dos portos em São Luiz entram na conta do boom mineral[1]. Um fenômeno que também impulsiona a ampliação em alguns milhares de hectares de áreas de plantio de eucaliptos e também o desmatamento ilegal destinados à produção de carvão utilizado como insumo no processo de produção de ferro gusa pelas 14 siderúrgicas já instaladas ao longo da estrada de ferro Carajás[2].

Se há 10 anos a indústria extrativa tinha uma participação muita menos expressiva no PIB brasileiro, representando apenas 1,6%, em 2000, contra 4,1%, em 2011, outra mudança importante na história econômica e política do país refere-se à reformulação do papel do Estado brasileiro.

É fato que após a onda de políticas neoliberais que assolaram o continente no final do último século, governos progressistas reformularam as estratégias de desenvolvimento em seus países comprometidos com a redução dos índices de pobreza, com a ampliação do acesso a direitos sociais e com a tentativa de reposicionar os países e a região no cenário global buscando maior autonomia política em relação às potências hegemônicas.

Também no Brasil, o Estado passa a reforçar seu papel como indutor do desenvolvimento capitalista através de um forte investimento em alguns setores econômicos para os quais destina as prioridades de financiamento, subsídios e infraestrutura logística (transporte, energia). O resultado tem sido um processo de concentração de capitais nacionais (mas também transnacionais) que possibilitou a algumas grandes empresas brasileiras se fortalecerem no cenário global e se reproduzirem aceleradamente no território nacional. Ao mesmo tempo, constroem-se novas regulações que buscam garantir maior controle do Estado sobre o excedente produzido por esses setores econômicos com vistas a viabilizar investimentos tanto em políticas de inclusão social e de diminuição das desigualdades quanto na reprodução dessa estratégia de indução do desenvolvimento econômico.

Tudo indica que a proposta de um novo marco regulatório para as atividades minerais no país em discussão no Executivo – e com previsão de ser apresentado ao Congresso nos próximos meses – tem no seu bojo a marca dessa nova conjuntura. De um lado, visa ampliar e intensificar a exploração mineral do país, respondendo ao atual momento de aumento de preços dos minérios associado, sobretudo, ao crescimento da demanda a nível global, à redução das melhores reservas e à possibilidade de escassez de alguns minérios a médio prazo. De outro, pretende aumentar a participação do Estado nos resultados econômicos gerados pela mineração. E como instrumento estratégico para a política de desenvolvimento do governo, apresenta as mesmas contradições.

A mais central delas talvez esteja no fato de que um maior controle sobre os recursos naturais pelo Estado não tem sido capaz de alterar o peso das heranças patrimonialistas e excludentes sobre o controle dos recursos naturais e a distribuição desigual dos impactos negativos da exploração desses recursos sobre populações historicamente vulnerabilizadas. Tampouco tem conseguido neutralizar as pressões internas e externas no campo econômico resultantes da inserção do país na economia global.

Em se tratando do novo marco regulatório, isso significa que ao criar mecanismos[3] que assegurem o aumento no ritmo de exploração, o Estado, ainda que em nome da necessidade de gerar divisas que viabilizem políticas de redução da pobreza e desigualdade social, impulsiona um processo de despossessão, muitas vezes autoritária e violenta, dos grupos sociais nos territórios.

A história da mineração no Brasil e a experiência em curso de expansão dessa atividade na América do Sul demonstram que a prioridade, em nome de um suposto interesse público, que é dada pelos governos às atividades minerais em relação a outros usos econômicos e culturais dos territórios longe de ser construída através de processos democráticos é antes implementada, muitas vezes, por meio da violência e da criminalização[4]. E tende a provocar a perda das bases de reprodução socioeconômica dos grupos locais dado o caráter de controle e reorganização do espaço que a dinâmica mineral impõe aos territórios[5].

O resultado é a expressão do que alguns autores têm chamado de “o paradoxo latino-americano”: em nome da superação da desigualdade e da pobreza governos progressistas impulsionam a expansão de atividades extrativas – notadamente o petróleo e os minérios – cujos custos sociais e ambientais têm gerado exclusão e desigualdade.

Por outro lado, estão ausentes na proposta em debate no Executivo a criação de mecanismos de regulação: i) que garantam a internalização dos custos socioambientais nos projetos, ii) que possibilitem definir mais claramente áreas e situações onde os prejuízos econômicos e ambientais gerados pela mineração inviabilizariam sua implementação, iii) que evitem uma completa dependência da economia local `a atividade mineradora cuja vida é relativamente curta ou iv) que definam a escala e ritmo em que as atividades mineradoras devem ser instaladas e operadas com vistas a garantir o uso racional dos bens minerais e a precaução frente aos potenciais impactos socioambientais da atividade.

Outro elemento desse paradoxo estabelecido a partir do fomento a essa lógica extrativa é que ela não é capaz de desmontar a posição primário-exportadora que o país ocupa no mercado global, com todos os problemas associado à opção por um modelo de desenvolvimento ancorado na especialização na exportação de recursos naturais (desenvolvimento de estruturas econômicas pouco diversificadas, tendência a deteriorização dos termos das trocas com redução progressiva dos preços das commodities, a perda de biodiversidade e impactos socioambientais expressivos que incluem inviabilização de estratégias produtivas existentes, etc.) [6].

A despeito da antiga demanda dos críticos da inserção subordinada das economias latino americanas e do compromisso que os governos frequentemente anunciam (e que a proposta de novo código reafirma, ao menos do ponto de vista discursivo) com o estímulo à verticalização e agregação de valor ao setor, as perspectivas de sua consolidação a curto e médio prazo não são claras.

Isso porque a estrutura atual do setor mineral global está organizada de forma que a “fase quente” dos processos metalúrgicos (responsável pela transformação dos minerais em produtos semiacabados tais como placas, lingotes e blocos), mais intensiva em energia e recursos[7], esteja concentrada nos países periféricos, enquanto a “fase fria”, menos poluente, menos intensiva em energia e com produtos de maior valor agregado, se mantém nos países centrais. Provavelmente, o mercado internacional tenderá a orientar a verticalização e a agregação de valor, estimulando a produção dos semiacabados em detrimento da produção dos acabados[8]. A isso se somam medidas nacionais de estímulo à exportação de produtos primários que visam gerar superávit primário a exemplo da Lei Complementar nº 87, de 10/09/1996 (“Lei Kandir”) que isenta produtos primários e industrializados semi-elaborados do recolhimento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço) nas exportações[9].

Os textos de autoria dos pesquisadores Bruno Milanez, da Universidade Federal de Juiz de Fora, e Luiz Jardim Wanderley, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, presentes nesta publicação apresentam elementos que corroboram com essas análises e aprofundam questões relacionadas aos riscos de que o novo marco regulatório pouco avance no sentido de romper com as contradições apontadas.

Um dos alertas feito por eles refere-se ao fato do projeto de reformulação do código mineral não estar sendo discutido com a sociedade, embora em vários momentos o ministro Edison Lobão tenha publicizado que a proposta estava sendo construída em diálogo com o setor produtivo. Conceber um novo marco regulatório unicamente a partir das contribuições e demandas do setor mineral aponta a fragilidade democrática sobre a qual se pretende reordenar as regras e o funcionamento de um setor tão estratégico para a economia e a política de um país.

Por outro lado, os questionamentos presentes nos textos nos inspiram a disputar o debate com os instrumentos que adquirimos ao longo das últimas décadas por meio de processos de lutas sociais e de articulação de novas forças políticas.

Na América andina, intelectuais e movimentos sociais vem construindo um debate em torno da transição rumo a um modelo pós-extrativista e defendem uma estratégia gradual de transição. Essa estratégia estabelece a internalização progressiva dos custos socioambientais das atividades extrativas, a redução da dependência exportadora de recursos vinculando mais diretamente às atividades a cadeias econômicas nacionais e regionais, a definição de áreas livres de exploração mineral em função da biodiversidade e da manutenção de dinâmicas socioprodutivas locais e, sobretudo, a construção de um debate público sobre os fins que orientam a produção mineral.

No Brasil, diante da conjuntura atual de desregulamentação e flexibilização da normativa ambiental e de questionamentos por setores conservadores sobre direitos adquiridos[10], o processo de construção de um novo marco regulatório para a mineração deve possibilitar à sociedade discutir as desigualdades que perpassam também as disputas pela apropriação do meio ambiente e a desigual proteção aos riscos ambientais a que estão submetidos determinados grupos sociais, historicamente vulnerabilizados.

Isso significa, por exemplo, que frente à expansão da fronteira mineral rumo a Amazônia, o novo marco regulatório deveria ser um instrumento de reafirmação e fortalecimento dos direitos coletivos e territoriais reconhecidos – mas ainda não totalmente implementados – pelas legislações de proteção dos povos indígenas e populações tradicionais.

O processo de elaboração de um novo marco regulatório também pode ser uma oportunidade valiosa para construir instrumentos que resignifiquem o sentido da renda das atividades extrativas. Os recursos advindos da atividade mineral capturados pelo Estado têm de deixar de serem vistos como uma compensação pelos impactos negativos causados pelas atividades (que, a rigor, devem ser internalizados nos custos da própria atividade e compensados de maneira justa por ações desenvolvidas pelas próprias empresas). Dado o caráter exaurível das atividades minerais, os recursos advindos da renda extrativa devem estar vinculados à construção de uma economia pós-extrativa, sem, no entanto, representar a única estratégia para construção dessa transição, sob o risco de que em nome da superação do atual modelo extrativo se justifique e se aprofunde a intensificação da exploração mineral atualmente em curso no país.

Antes, a discussão sobre o novo marco regulatório para a mineração no Brasil deve ser uma oportunidade para a construção de um debate público e democrático sobre os rumos do desenvolvimento do país. Infelizmente o início dessa construção não tem sido marcado por essa possibilidade. Mas, acreditando que ainda há chances de reverter esse processo, nos colocamos na disputa de ideias e propostas, abertos para o debate.
Notas:

[1] Essa ampliação permitirá, por exemplo, o aumento da produção de minério de ferro dos atuais 109 milhões de toneladas/ano para 239 milhões de toneladas em 2016.
[2] Conf. Instituto Observatório Social. O Aço da devastação. Junho de 2011. Edição especial.

[3] Uma das principais mudanças propostas no novo código mineral diz respeito à criação de garantias para a realização de atividades mineradoras ou penalidades àqueles que retiverem direitos de lavra sem explorar suas áreas. Além de procedimentos para fiscalização das atividades de mineração para garantir que as empresas cumpram as atividades previstas nos contratos. Da mesma forma, está sendo discutida a criação de Áreas de Relevante Interesse Mineral (ARIM) onde, a depender dos tipos e características dos minérios encontrados, vigorariam procedimentos especiais capazes de garantir a exploração de minerais considerados pelo Estado como estratégicos. Conf. Milanez, 2012, nesta publicação.

[4] No Peru, os conflitos envolvendo atividades minerais e petrolíferas representam mais de 80% de todos os conflitos sociais registrados. Na Colômbia, cerca de 70% dos deslocamentos forçados ocorridos entre 1995 e 2002 ocorreram em áreas de exploração mineral. Conf. Acosta, A. Extractivismo y neoextractivismo; dos caras da misma maldición. Mas allá del desarollo. Fundacion Rosa Luxemburg, 2011.

[5] A instalação das minas de bauxita da Mineração Rio do Norte e de ferro da Vale ocasionaram a perdas de áreas destinadas ao uso agrícola e à coleta de produtos da floresta, em Oriximiná, onde vivem os quilombolas do Trombetas e os moradores do lago Sapucuá. Também os moradores do lago Juruti Velho, em Juruti e os índios Xikrin de Carajás sofreram perdas semelhantes decorrentes da instalação dessas minas. Conf. Jardim, 2012, nesta publicação.

[6] Vale citar ainda a vulnerabilidade da estratégia primário exportadora em um mundo onde a crise financeira tem sido cíclica. Em 2008, o próprio setor mineral brasileiro apresentou perdas decorrentes da crise global.

[7] Segundo dados do IPEA (2010), para cada tonelada de aço bruto produzido no Brasil, consomem-se 1.514 kg de minério de ferro; 358 kg de coque de carvão mineral e 13,4 mil litros de água. Além disso, essa produção gera 367 kg de agregados siderúrgicos e 10 mil litros de efluentes líquidos. Conf. Milanez, 2012, nesta publicação.

[8] Nos anos 1980, o Programa Grande Carajás prometia dinamização da economia local a partir da instalação de indústrias responsáveis pelo primeiro estágio do processo siderúrgico (a produção de ferro gusa) que atrairia o surgimento do restante da cadeia. Trinta anos depois, somente as guseiras estão instaladas na região, cuja produção é exportada em quase toda sua totalidade.

[9] Informe do DNPM sobre a economia mineral do estado do Pará revela que alguns minérios, apesar do crescimento na produção, apresentaram um decréscimo acentuado nas vendas internas. É o caso do ouro, cobre e mais notadamente do minério de ferro que teve um decréscimo da ordem de 65% entre 2010 e 2011 nas vendas internas, tendo a sua comercialização predominantemente voltada para a exportação. Conf. DNPM. Informe mineral. Economia mineral do Estado do Pará 2011. www.dnpm.gov.br acessado em 01/09/2012.

[10] O novo Código Florestal é o exemplo que ganhou maior notoriedade na opinião pública nacional, entretanto, ele não é único. No que tange ao licenciamento ambiental, desde o lançamento do PAC, em 2007, decretos, leis e portarias têm diminuído os prazos de concessão de licenças, alterado a capacidade fiscalização do IBAMA e reduzido os limites de unidades de conservação para permitir a construção de hidrelétricas. Mais recentemente a Advocacia Geral da União baixou o Decreto 303 que impõe restrições aos direitos constitucionais dos povos indígenas vedando a ampliação das terras indígenas já demarcadas. Uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) proposta pelo partido Democratas (DEM), a ser votada pelo STF, questiona a constitucionalidade do Decreto 4887, que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.

CNA e Incra acertam “libertação de assentamentos”


http://candidoneto.blogspot.com.br/2012/12/cna-e-incra-acertam-libertacao-de_5534.html
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012





Depois de festejar a publicação de um novo normativo do Incra para certificação de imóveis rurais que afrouxa a necessidade de análise técnica de peças de georreferenciamento, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) comemora uma série de medidas e promessas feitas pelo Incra, órgão que regimentalmente é responsável pela reforma agrária, e fiscalização da função social da propriedade e ordenamento da estrutura fundiária.

Segundo a entidade ruralista por meio de sua assessoria de imprena, o Incra “vai trabalhar com uma nova mentalidade, titulando os assentados da reforma agrária, ratificando os títulos das propriedades localizadas nas faixas de fronteiras e regularizando os imóveis localizados às margens das rodovias federais, além de simplificar os procedimentos de certificação do georreferenciamento dos imóveis. Este pacote de soluções para o setor foi negociado pela presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, com o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Pepe Vargas, e o presidente do Incra, Carlos Guedes, durante reunião histórica, na sede da entidade.”

Apesar de todas essas medidas já estarem previstas na alçada de atribuições do Incra, medidas administrativas estariam sendo preparadas para acelerar a titulação e emancipação de assentamentos, colocando estas terras públicas no mercado de terras. Segundo matéria no sítio da entidade, a presidente da CNA solicitou ao MDA e ao Incra a “libertação” dos assentados da reforma agrária, com a titulação dos lotes aos proprietários rurais e a consequente emancipação dos assentamentos. A titulação de lotes e emancipação dos assentamentos faz com que as terras possam ser negociadas sem impedimentos legais.

A nova postura do Incra em acelerar os procedimentos foi além do que a CNA esperava. “Para surpresa da CNA, o Incra mostrou disposição de estabelecer maior celeridade ao processo de titulação dos lotes dos assentados, aguardando apenas a solução judicial das áreas em litígio.”

Entre outras medidas anunciadas estão uma parceria Incra/CNA para estabelecer uma nova proposta legal para “ratificar de ofício”títulos expedidos ilegalmente por Estados em áreas de faixa de fronteira, áreas de segurança nacional, onde a alienação de imóveis deveria ser feita pela União.

No mesmo sentido, estaria a legalização de títulos expedidos por Estados em terras devolutas na Amazônia Legal em áreas que foram federalizadas por força do Decreto-Lei n° 1.164/71 (cem quilômetros de cada lado de rodovias).

A CNA comemorou ainda a suspensão de vistorias de imóveis para verificação do cumprimento ou não da função social (Artigo 184 da Constituição) no semiárido nordestino até “a normalização das condições climáticas”, a promessa de “aceleração” da titulação de terras públicas da União na Amazônia por meio do programa Terra Legal, especialmente das áreas acima de quatro módulos rurais e ainda a possibilidade de usar o banco de dados da Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), desenvolvida pela CNA e MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), para automatizar o processo de preenchimento da CCIR (Certificado de Cadastro de Imóvel Rural).

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Fracasso da Reforma Agrária

Quando se diz que o PT abandonou as bandeiras históricas do movimentos sociais não se exagera. No caso da reforma agrária, é só dar uma olhada no gráfico. No Maranhão, ainda não há sinal de decretos para 2012 e já estamos no final do ano. Ano passado, Dilma assinou 14 decretos no apagar das luzes de 2011. Titulação de quilombos, desde o ano passado que não existe no Estado. Somos o campeão nacional em matéria de conflitos agrários. Alguns petistas dizem que agora a prioridade são os assentamentos, porque a reforma agrária não teria mais grande demanda (o que é uma mentira). Mas os assentamentos do Maranhão não tiveram assistência técnica em 2012 e, pelo andar da carruagem, não terão a tempo para o ano que vem.

Sobre as desapropriações, confira a tabela abaixo, com o desempenho dos governos, desde a chamada abertura democrática:


Evolução da Desapropriação de terras no Brasil -
Decretos Emitidos pelo governo federal-1985-2012
Unidade
A N O/ GOVERNOS
NÚmero de familias que poderiam ser assentadas
Área total dos imoveis desapropriados-hectares
Número de Imóveis Rurais desapropriados pelos decretos
1985/Sarney
8.058
257.233
61
1986
29.262
1.684.993
205
1987
20.661
4.224.479
165
1988
17.997
1.607.113
159
1989
12.250
645.672
158
1990/Collor
1.939
96.964
18
1991
512
12.597
6
1992
415
19.922
4
1993/ Itamar
13.831
552.154
86
1994/itamar
19.745
796.937
152
1995/ FHC
26.403
1.181.927
200
1996
56.076
2.012.589
562
1997
58.141
1.850.976
610
1998
64.718
2.248.488
845
1999
38.592
1.190.978
499
2000
18.746
556.702
281
2001
22.815
753.361
309
2002
14.138
480.639
226
2003/LULA
13.587
407.342
191
2004
24.936
863.810
387
2005
24.934
980.163
400
2006
16.965
554.770
327
2007
5.369
207.481
101
2008
13.893
529.610
243
2009
8.925
413.670
183
2010
8.540
321.525
158
2011/DILMA
2.790
101.960
58
2012
702
27.614
18
TOTAL GERAL
544.940
24.581.670 ha
6.612 imoveis
Fonte: DT/Gab/Monitoria - 14/dez/2012 Diretoria tecnica da Camara dos deputados.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Um direito universal

http://www.cartacapital.com.br/politica/um-direito-universal/#.UM8e1yOuah8.facebook

Política

Leandro Fortes

Frank La Rue

15.12.2012 08:31
A passagem de Frank La Rue pelo Brasil foi solenemente ignorada pela maioria dos meios de comunicação. Entende-se: o jornalista nascido na Guatemala, relator especial para a promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão das Nações Unidas, é um crítico duro e contumaz dos oligopólios de mídia no mundo e, em especial, na América Latina. Em uma viagem de três dias, La Rue reuniu-se com congressistas e militantes dos movimentos sociais organizados pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão, coordenada pelo deputado Domingos Dutra (PT-MA), também presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Participou de debates organizados pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, esteve em ministérios, foi à Secretaria Geral da Presidência da República e à Universidade de Brasília.

La Rue. Defensor de leis que ampliem a diversidade nos meios de comunicação
Antes, contudo, entrou na cova dos leões. Na quarta-feira 12, logo cedo, o relator da ONU visitou a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, a principal representante do oligopólio combatido por La Rue. Diante do presidente da entidade, Daniel Slaviero, e de meia dúzia de diretores, não se fez de rogado: criticou o monopólio de comunicação, pregou a democratização da informação e, para desconforto dos interlocutores, defendeu a aplicação da Lei de Meios na Argentina, o fantasma normativo que assombra os donos da mídia da região.
Na Câmara, declarou-se “perplexo” com a postura do Supremo Tribunal Federal, prestes a tornar ineficaz a classificação indicativa da programação de tevê graças a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pelo PTB, sob encomenda da Abert. “Não me lembro de outro país cuja Suprema Corte mostrasse alguma disposição em sacrificar o direito de crianças.” Por conta de um pedido de vistas do ministro Joaquim Barbosa, o julgamento no STF foi suspenso, no mês passado, quando quatro ministros (Dias Toffoli, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Ayres Britto, que adiantou o voto antes de se aposentar) tinham votado a favor dos interesses da Abert. Em meio a tantos compromissos, La Rue concedeu a seguinte entrevista a CartaCapital.
CartaCapital: O que é liberdade de expressão?
Frank La Rue: É um direito universal, um direito de todos, e não apenas das grandes corporações de mídia. Liberdade de expressão não é só o direito de liberdade de imprensa. É um direito de a sociedade estar bem informada, é uma questão de Justiça e cidadania vinculada diretamente ao princípio da diversidade de meios. Por isso, o monopólio de comunicação é contra, justamente, a liberdade de expressão e o exercício pleno da cidadania.
CC: O monopólio é uma regra na -América Latina?
FLR: Na América Latina há um fenômeno histórico comum porque toda a estrutura de comunicação social foi pensada somente pela ótica comercial. E a comunicação é muito mais do que isso, é um serviço público. Nenhum problema em também ser um negócio, ninguém está contra isso, mas deve prevalecer o espírito do serviço à coletividade, feito com qualidade e independência, de forma honesta e objetiva. Isso só pode funcionar fora da estrutura de monopólio, dentro do princípio da diversidade e do pluralismo de meios.
CC: O que o senhor acha da transformação desses monopólios, a exemplo do Brasil, em estruturas partidárias de oposição?
FLR: Não importa se os meios de comunicação se colocam ou não na oposição a governos, como ocorre em parte da América Latina, isso é parte do conceito de liberdade de expressão. O problema é quando todos os meios, quando todas as corporações de mídia têm uma única posição. Esse tipo de monopólio, da opinião e do pensamento, é uma violação, inclusive, à -liberdade de empresa. É concorrência desleal.
CC: Por isso o senhor tem declarado publicamente seu apoio à Lei de Meios baixada pelo governo Cristina Kirchner na Argentina?
FLR: Na Argentina apoiei a Lei de Meios, a norma, não o governo, porque esse não é meu papel. Lá foi feita uma divisão correta do espectro de telecomunicações de modo a quebrar o monopólio local (nas mãos do Grupo Clarín), em três partes: comercial, comunitária e pública. No Uruguai está em discussão uma lei semelhante, mas ainda mais avançada, pois fruto de um processo de amplo diálogo com a população. Isso é fascinante, o caminho do consenso nacional.
CC: Qual é o papel da internet no processo de quebra dos monopólios e democratização da informação?
FLR: É muito importante garantir o direito de acesso à informação, via inclusão digital, justamente para as populações mais pobres que vivem nos locais mais distantes. As novas tecnologias não podem ficar restritas a poucos, devem ser compartilhadas com todos. Todos devem ter acesso à informação e, ao mesmo tempo, difundir amplamente opiniões distintas sobre diversos temas.
CC: Mas como viabilizar?
FLR: É preciso, primeiro, romper o silêncio social derivado do monopólio, só assim será possível romper também os ciclos de impunidade e injustiça que derivam desse modelo.
CC: Como no caso do Brasil?
FLR: Não posso me pronunciar sobre o caso específico do Brasil, não estou em visita oficial ao País. Mas a posição dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) é muito importante no processo de inclusão digital e de neutralidade da internet. É fundamental mantermos esse diálogo de modo a proteger a neutralidade da rede, de garanti-la para todos. Porque há muita gente interessada em regular a internet, quase sempre em nome da segurança nacional, mas a verdadeira intenção é a de violar a privacidade do cidadão. Não sou contra, obviamente, combater o terrorismo. Não se pode usar, no entanto, o argumento como desculpa para controlar a internet. No caso da rede mundial de computadores, o marco legal é o dos direitos humanos.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Turma analisa recurso contra deputado condenado por trabalho degradante


http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/turma-analisa-recurso-contra-deputado-condenado-por-trabalho-degradante?redirect=http%3A%2F%2Fwww.tst.jus.br%2Fnoticias%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_89Dk%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-2%26p_p_col_count%3D2

(Qui, 13 Dez 2012, 08h00)
A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) não conheceu do recurso do Ministério Público do Trabalho que pretendia condenar o deputado federal Inocêncio Gomes de Oliveira, por ter submetido empregados de sua fazenda no Maranhão a trabalharem em condições análogas às de escravo.
Em decisão anterior, o Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (MA) condenou o deputado a pagar indenização por dano moral coletivo a um grupo de 53 trabalhadores que eram submetidos a trabalho em condições degradantes em sua fazenda no Maranhão. O valor da indenização foi arbitrado em R$ 130 por dia trabalhado para cada trabalhador, observado o limite de R$ 10 mil por trabalhador.
O acórdão regional noticiou que os empregados da fazenda do deputado encontravam-se em condições sub-humanas, degradantes, humilhantes, em total desrespeito às garantias mínimas de trabalho, como residir em moradias coletivas, sem sanitários e tendo de pagar por seus próprios equipamentos de proteção individual, como as botas. Mas no entendimento Regional, isso "por si só, não é suficiente para caracterizar a condição análoga à de escravo".
O Ministério Público defendia também a condenação do deputado por trabalho em condições análogas às de escravo, mas a Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu do seu recurso contra a decisão regional, em sessão realizada nesta quarta-feira de hoje (12), com o entendimento que qualquer decisão contrária à adotada pelo Regional exigiria o reexame dos fatos e provas do processo, o que não é permitido nesta instância recursal.
Na decisão, o relator, ministro Lelio Bentes Corrêa, ficou vencido quanto ao acolhimento da preliminar da negativa de prestação jurisdicional.
(Mário Correia/MB)
TURMA
O TST possui oito Turmas julgadoras, cada uma composta por três ministros, com a atribuição de analisar recursos de revista, agravos, agravos de instrumento, agravos regimentais e recursos ordinários em ação cautelar. Das decisões das Turmas, a parte ainda pode, em alguns casos, recorrer à Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SBDI-1).

Justiça livra Lula de devolver R$ 9,5 milhões


http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/justica-livra-lula-de-devolver-r-9-5-milhoes

Processo em Brasília envolve o ex-presidente, indiretamente, no escândalo do mensalão. Lula é acusado de promoção pessoal e de beneficiar o banco BMG

Lula na Casa Rosada, na Argentina
Lula fica livre de ação de improbidade administrativa (Marcos Brindicci/Reuters)
A Justiça Federal em Brasília livrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de responder a uma ação de improbidade administrativa que o acusava de promoção pessoal e de beneficiar o banco BMG, envolvido no escândalo do mensalão. O Ministério Público Federal cobrava de Lula e do ex-ministro da Previdência Amir Lando a devolução de 9,5 milhões de reais aos cofres públicos, pelo envio de cartas a assegurados do INSS informando sobre a possibilidade de obter empréstimos consignados a juros reduzidos.

Leia também:
Barbosa põe STF em rota de colisão com Congresso
STF condena Dirceu, senhor do PT e do mensalão

Essa é a única ação contra Lula na Justiça que, indiretamente, o envolve no escândalo do mensalão. Em setembro de 2004, quando as 10,6 milhões de correspondências foram enviadas, o BMG havia se tornado o único banco privado a entrar nesse bilionário mercado de crédito no país. No mês passado, dirigentes da instituição foram condenados pela Justiça Federal de Minas Gerais por, assim como integrantes da cúpula do Banco Rural no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, terem concedido empréstimos fraudulentos ao PT e ao empresário Marcos Valério, que teriam abastecido o esquema de pagamento de propina a parlamentares no primeiro mandato do governo Lula.
Na sentença de quarenta páginas, o juiz Paulo Cesar Lopes, da 13ª Vara Federal, extinguiu o processo sem julgar o mérito, valendo-se do argumento de que, de acordo com a Constituição, o presidente da República quando comete atos que atentem contra a probidade da administração só pode ser processado por crime de responsabilidade, não por improbidade administrativa. O juiz porém deixa aberta a possibilidade de devolução do dinheiro, no caso de apresentação de uma ação civil de ressarcimento ao erário.
"O esvaziamento das sanções político-administrativas, gerado pelo não exercício da ação por crime de responsabilidade, afasta a possibilidade de utilização da ação de improbidade administrativa para veicular pretensão exclusiva de ressarcimento ao erário, havendo outras no ordenamento jurídico pátrio que podem ser utilizadas com aquele objetivo", afirmou o juiz, na decisão.
Ele disse ainda que, mesmo que se reconhecesse a possibilidade de se mover uma ação de improbidade, o caso já estaria prescrito porque o Ministério Público demorou mais de cinco anos para processá-lo. Tal fato, destacou o magistrado, já havia sido reconhecido pelo próprio MP quanto a Amir Lando, o outro acusado.
Em fevereiro, o jornal O Estado de S.Paulo revelou a defesa prévia que o ex-presidente havia apresentado na ação de improbidade. Na manifestação feita pela Advocacia Geral da União, Lula argumentou que decisões do Tribunal de Contas da União o isentaram de envolvimento irregular no envio das correspondências, uma vez que apenas os agentes públicos responsáveis pela confecção e pelo envio das cartas foram multados.
O Ministério Público ainda não se pronunciou se vai recorrer da decisão e insistir em transformar Lula em réu no processo. O MP pedia a concessão de liminar para bloquear os bens do ex-presidente a fim de assegurar, em caso de condenação final, o ressarcimento do gasto milionário por conta das cartas.

(Com Estadão Conteúdo)

Cardozo pede aprovação rápida de projeto que endurece Lei Seca


http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/12/cardozo-pede-ao-senado-que-aprove-sem-alteracoes-projeto-da-lei-seca.html

13/12/2012 14h37- Atualizado em 13/12/2012 14h44

Ministro quer aprovação sem mudança para presidente sancionar este ano.

Se isso ocorrer, regra será aplicada em operação de fiscalização nas férias.

Priscilla MendesDo G1, em Brasília



O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fez nesta quinta-feira (13) um apelo aos senadores para que o projeto que torna a Lei Seca mais rígida seja aprovado sem modificações, de modo que a presidente Dilma Rousseff possa sancioná-lo ainda neste ano.
Cardozo lançou nesta a Operação Integrada Parada-Rodovida, que pretende aumentar a fiscalização em rodovias brasileiras durante o período de férias, de 15 de dezembro a 13 de fevereiro. Se sancionada neste ano, a nova lei, segundo disse, já poderia ser aplicada durante essa operação, que tem como uma das prioridades o controle da ingestão de álcool por motoristas.
“Temos dialogado muito com o Poder Legislativo na perspectiva de que nós possamos ter já agora para o período das festas uma lei que nos dê mais instrumentos para podermos aplicar duras sanções àqueles que dirigem embriagados”, afirmou o ministro durante entrevista coletiva.
O projeto – que há havia passado pela Câmara – foi aprovado nesta quarta-feira (12) pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado sem alteração e será encaminhado em regime de urgência para apreciação do plenário. O ministro pede que os senadores não façam modificações porque, se isso ocorrer, o projeto terá de retornar à Câmara.
Caso o texto passe sem alterações pelo plenário do Senado, seguirá diretamente para sanção da presidente Dilma Rousseff.
Segundo o ministro, outras modificações na lei – que ele considera “polêmica” – poderão ser feitas em um novo projeto, como a tolerância zero ao álcool. “É verdade que há muitas teses, muitas polêmicas, mas que podem ser deixadas para depois, para um novo projeto”, afirmou.
“Mas se nós tivéssemos a possibilidade de termos uma lei agora aprovada pelo Senado e sancionada pela presidenta Dilma Roussef, nós poderíamos agir com mais rigor e eu tenho certeza que os resultados seriam melhores”, disse Cardozo.
Os senadores, segundo afirmou o ministro, têm demonstrado “boa aceitação” ao projeto, que tem como ponto principal a ampliação das possibilidades de provas consideradas válidas, no processo criminal, para demonstrar que o condutor estava alcoolizado.
A lei atual ficou enfraquecida pela decisão tomada no fim de março pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que a embriaguez só poderia ser comprovada pelo teste do bafômetro ou por exame de sangue. Na prática, muitos motoristas se recusam a realizar os exames. O projeto também dobra o valor da multa.

MA: Empresa sucroalcooleira aplica golpe com o propósito de despejar Comunidade Quilombola em Codó


http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/

As duas ações na justiça nasceram com alguns meses de diferença, mas com o mesmo propósito. Dificultar ao máximo o processo de desapropriação da fazenda Buriti Corrente, município de Codó, de propriedade da TG Agroindustria. Uma ação que deu entrada na justiça estadual se refere a uma reintegração de posse. Nessa ação a TG requer a posse de 385 hectares de uma área conhecida como Manguinhos que se sobreporia a área em processo de desapropriação pelo Incra. Em outra ação, a TG Agroindustria requer a suspensão por parte da justiça federal da imissão de posse que tornaria o Incra proprietário da fazenda Buriti Corrente. Nas duas ações, a TG agroindústria aplicou dois golpes e as justiças estadual e federal caíram como dois patinhos. Pode se dizer que as justiças caíram porque quiseram. No primeiro caso, o Juiz Sindarcta concede uma reintegração de posse baseada apenas no que a empresa disponibiliza sobre o caso. A desembargadora confirma a decisão do juiz assegurando que a área em questão não faz parte do que o incra desapropriara. A área conhecida como Manguinhos, segundo os autos, localiza-se em Caxias. A fazenda Buriti Corrente fica em Codó. Só que inexiste histórico de conflitos envolvendo Manguinhos. A comunidade que conflitava com a TG mora em Buriti Corrente e foi alvo de várias ações de despejo por parte da empresa. A ação nominava Manguinhos, mas mirava Buriti Corrente. Com essas informações, pode se afirmar que a empresa mentiu deslavadamente perante a justiça para obter a liminar de reintegração de posse.
Na segunda ação, a empresa obteve da justiça federal uma liminar que impede a imissão de posse para Buriti Corrente. A empresa alegou que a desapropriação impediria o seu projeto de plantar cana de açúcar em larga escala. Depois de dois anos de processo quase concluso, a empresa enfeitaria toda a sua vida passada para que o leitor de sua petição acreditasse piamente que a empresa tinha algum projeto para a área. Cadê os documentos da época que comprovariam plenamente a existência de qualquer projeto da empresa para Buriti Corrente. Pelo que sabe, a única coisa que a empresa sabia fazer bem era perseguir os posseiros de Buriti Corrente. Não passava um dia sequer sem que a empresa exercesse seu mandonismo sobre eles. Caso coubesse a versão da TG Agroindustria que aponta Buriti Corrente como parte do seu projeto, então, concluir-se-ia que esse projeto abrange a violência e a mentira como parte da sua rotina de trabalho. O Juiz federal concedeu liminar sem conhecer a fundo o caráter da empresa. Talvez nem o BNDES, o Banco do Brasil e o BNB que financiam a expansão da TG Agroindustrial saibam que essa expansão se dará as custas do despejo de várias famílias.
Por: Mayron Régis

Produção legislativa no Congresso caiu em 2012


http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/producao-legislativa-no-congresso-caiu-em-2012/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+congresso+%28Congresso+em+Foco%29

Levantamento do Diap mostra queda tanto no número quanto na relevância das leis aprovadas pelo Parlamento este ano. De cada dez leis, três tratam de datas comemorativas ou homenagens
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Depois de muita polêmica, novo Código Florestal foi aprovado pelo Congresso em 2012
Após um ano de intensa produção legislativa, o Congresso Nacional diminuiu o ritmo em 2012. A queda se revelou tanto no número quanto na relevância das leis aprovadas pelos parlamentares este ano. As ameaças da crise econômica internacional, os desgastes políticos provocados pelo caso Cachoeira e o tempo dispensado por deputados e senadores às disputas municipais ajudam a explicar essa queda. As conclusões são de levantamento produzido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que faz balanços anuais sobre a produção legislativa.
De cada dez leis, três são de homenagem ou data comemorativa
A duas semanas do final de 2012, já é possível dizer que este será o ano com menor número de leis, pelo menos desde o início da série histórica do Diap, em 2007. “A produção caiu em número e em qualidade”, avalia o diretor de Documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz. De 1º de janeiro a 10 de dezembro, o país registrou o acréscimo de 155 novas leis ordinárias, uma lei complementar e três emendas constitucionais. Dessas novas leis ordinárias, 43 não mudam em nada a vida do cidadão, pois tratam apenas de datas comemorativas (31) ou homenagens (12).
Antônio Augusto de Queiroz: Congresso foi autor da maioria das leis
Em todo o ano passado, foram 208 novas normas legislativas. A média também ficou abaixo de anos eleitorais, como 2010 (191) e 2008 (258). Num país conhecido pelo excesso de leis, a redução quantitativa pode até ser saudada por alguns. O problema, porém, está na perda de relevância das novas normas, afirma Antônio Augusto.

Gráfico mostra número de leis produzidas ano a ano desde 2007, segundo levantamento feito pelo Diap


Deixaram a desejar
“Há um ambiente de forte questionamento das instituições e dos agentes públicos em função da sucessão de denúncias. Essa retração é natural, tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo. Além disso, a Presidência da República direcionou todos os seus esforços para adotar medidas anticíclicas para combater a crise internacional e fazer com que o Brasil fosse menos atingido neste momento de menor crescimento na China e nos Estados Unidos e recessão na Europa”, pondera o analista político.
Qualitativamente, as leis de 2012 deixaram a desejar, considera o diretor do Diap. Entre as leis ordinárias relevantes, ele destaca a nova legislação para o combate à lavagem de dinheiro, a mudança na forma de remuneração da poupança, a previdência complementar do servidor, a lei da Copa, o Código Florestal, o combate aos crimes de informática e internet, as cotas nas universidades públicas, a lei que proíbe a exigência de qualquer garantia ou procedimento no atendimento hospitalar de emergência, e as leis do Plano Brasil Maior, com concessão de incentivos fiscais e monetários ao setor produtivo.
Matérias relevantes, como as reformas política e tributária, o Plano Nacional de Educação, a lei de conflito de interesse, a lei antissuborno ou de responsabilização da pessoa jurídica, a PEC de Combate ao Trabalho Escravo, acabaram não tendo sua votação concluída pelo Congresso este ano.
Antônio Augusto destaca que o Congresso foi o autor da maioria das leis de 2012, seja por ter modificado a quase totalidade das leis de iniciativa dos outros poderes, seja por ter aprovado iniciativa de parlamentares. “São de autoria de parlamentares 80 leis ordinárias contra 56 do Poder Legislativo, 17 do Judiciário e duas do Ministério Público”, observa o diretor do Diap em artigo publicado no Congresso em Foco.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Voto eletrônico: Hacker de 19 anos revela no Rio como fraudou eleição

http://www.viomundo.com.br/denuncias/voto-eletronico-hacker-de-19-anos-revela-no-rio-como-fraudou-eleicao.html

Denúncias
Voto eletrônico: Hacker de 19 anos revela no Rio como fraudou eleição

publicado em 11 de dezembro de 2012 às 19:57




por Apio Gomes, no portal do PDT, via Amilcar Brunazzo Filho
Um novo caminho para fraudar as eleições informatizadas brasileiras foi apresentado ontem (10/12) para as mais de 100 pessoas que lotaram durante três horas e meia o auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro (SEAERJ), na Rua do Russel n° 1, no decorrer do seminário “A urna eletrônica é confiável?”, promovido pelos institutos de estudos políticos das seções fluminense do Partido da República (PR), o Instituto Republicano; e do Partido Democrático Trabalhista (PDT), a Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.


Acompanhado por um especialista em transmissão de dados, Reinaldo Mendonça, e de um delegado de polícia, Alexandre Neto, um jovem hacker de 19 anos, identificado apenas como Rangel por questões de segurança, mostrou como — através de acesso ilegal e privilegiado à intranet da Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro, sob a responsabilidade técnica da empresa Oi – interceptou os dados alimentadores do sistema de totalização e, após o retardo do envio desses dados aos computadores da Justiça Eleitoral, modificou resultados beneficiando candidatos em detrimento de outros – sem nada ser oficialmente detectado.

“A gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a totalização e depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos. Modificamos resultados mesmo quando a totalização está prestes a ser fechada”, explicou Rangel, ao detalhar em linhas gerais como atuava para fraudar resultados.

O depoimento do hacker – disposto a colaborar com as autoridades – foi chocante até para os palestrantes convidados para o seminário, como a Dra. Maria Aparecida Cortiz, advogada que há dez anos representa o PDT no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para assuntos relacionados à urna eletrônica; o professor da Ciência da Computação da Universidade de Brasília, Pedro Antônio Dourado de Rezende, que estuda as fragilidades do voto eletrônico no Brasil, também há mais de dez anos; e o jornalista Osvaldo Maneschy, coordenador e organizador do livro Burla Eletrônica, escrito em 2002 ao término do primeiro seminário independente sobre o sistema eletrônico de votação em uso no país desde 1996.

Rangel, que está vivendo sob proteção policial e já prestou depoimento na Polícia Federal, declarou aos presentes que não atuava sozinho: fazia parte de pequeno grupo que – através de acessos privilegiados à rede de dados da Oi – alterava votações antes que elas fossem oficialmente computadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

A fraude, acrescentou, era feita em benefício de políticos com base eleitoral na Região dos Lagos – sendo um dos beneficiários diretos dela, ele o citou explicitamente, o atual presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Paulo Melo (PMDB). A deputada Clarissa Garotinho, que também fazia parte da mesa, depois de dirigir algumas perguntas a Rangel - afirmou que se informará mais sobre o assunto e não pretende deixar a denúncia de Rangel cair no vazio.

Fernando Peregrino, coordenador do seminário, por sua vez, cobrou providências:

“Um crime grave foi cometido nas eleições municipais deste ano, Rangel o está denunciando com todas as letras – mas infelizmente até agora a Polícia Federal não tem dado a este caso a importância que ele merece porque ele atinge a essência da própria democracia no Brasil, o voto dos brasileiros” – argumentou Peregrino.

Por ordem de apresentação, falaram no seminário o presidente da FLB-AP, que fez um histórico do voto no Brasil desde a República Velha até os dias de hoje, passando pela tentativa de fraudar a eleição de Brizola no Rio de Janeiro em 1982 e a informatização total do processo, a partir do recadastramento eleitoral de 1986.

A Dra. Maria Aparecida Cortiz, por sua vez, relatou as dificuldades para fiscalizar o processo eleitoral por conta das barreiras criadas pela própria Justiça Eleitoral; citando, em seguida, casos concretos de fraudes ocorridas em diversas partes do país – todos abafados pela Justiça Eleitoral. Detalhou fatos ocorridos em Londrina (PR), em Guadalupe (PI), na Bahia e no Maranhão, entre outros.

Já o professor Pedro Rezende, especialista em Ciência da Computação, professor de criptografia da Universidade de Brasília (UnB), mostrou o trabalho permanente do TSE em “blindar” as urnas em uso no país, que na opinião deles são 100% seguras. Para Rezende, porém, elas são “ultrapassadas e inseguras”. Ele as comparou com sistemas de outros países, mais confiáveis, especialmente as urnas eletrônicas de terceira geração usadas em algumas províncias argentinas, que além de imprimirem o voto, ainda registram digitalmente o mesmo voto em um chip embutido na cédula, criando uma dupla segurança.

Encerrando a parte acadêmica do seminário, falou o professor Luiz Felipe, da Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que em 1992, no segundo Governo Brizola, implantou a Internet no Rio de Janeiro junto com o próprio Fernando Peregrino, que, na época, presidia a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). Luis Felipe reforçou a idéia de que é necessário aperfeiçoar o sistema eleitoral brasileiro – hoje inseguro, na sua opinião.

O relato de Rangel – precedido pela exposição do especialista em redes de dados, Reinaldo, que mostrou como ocorre a fraude dentro da intranet, que a Justiça Eleitoral garante ser segura e inexpugnável – foi o ponto alto do seminário.

Peregrino informou que o seminário será transformado em livro e tema de um documentário que com certeza dará origem a outros encontros sobre o mesmo assunto – ano que vem. Disse ainda estar disposto a levar a denuncia de Rangel as últimas conseqüências e já se considerava um militante pela transparência das eleições brasileiras: “Estamos aqui comprometidos com a trasnparência do sistema eletrônico de votação e com a democracia no Brasil”, concluiu. (OM)