sexta-feira, 4 de setembro de 2020

CADÊ A LÓGICA?

 Em São Luís as eleições desafiam a inteligência do eleitor.

Neto Evangelista (DEM) é o terceiro colocado nas pesquisas. É da base de apoio ao governador, mas seu partido apoia Bolsonaro.
Agora, Neto tem apoio do MDB, da governadora Roseana Sarney, que faz oposição ao governo Dino. Ele também tem o apoio do Senador Weverton Rocha(PDT), aliado de primeira hora de Flávio Dino e oposição ao governo Bolsonaro.
Weverton Rocha é um forte concorrente a sucessor de Flávio Dino, em 2022.
Duarte Júnior (Republicanos) é o segundo colocado nas pesquisas. Ele já foi do PCdoB e continua na base de apoio ao governador. Seu partido é um dos mais alinhados ao governo Bolsonaro, e compõe o chamado Centrão. Duarte tem o apoio do deputado federal, Josimar do Maranhãozinho, do PL, que apoia Jair Bolsonaro, mas está na base de apoio do Governador do PCdoB.
Josimar já se anunciou candidato a governador em 2022.
Para justificar suas posições, imagino que os dois candidatos devam ter muitos argumentos, nenhum deles com o mínimo de lógica, claro.
Mas será que o eleitor está interessado em lógica?

Chamou a atenção o fato de o MDB de Roseana não apoiar o sobrinho dela, Adriano Sarney (PV), o último remanescente da família com mandato. O MDB estava oscilando entre o candidato do Solidariedade, Carlos Madeira, e Neto Evangelista. Adriano sequer foi cogitado.
Também chamou a atenção o fato de que o deputado Wellington tenha sido preterido pelo Senador Roberto Rocha (PSDB). Afinal, o natural seria que seu partido, o PSDB, o apoiasse na empreitada. Não foi o caso. Rocha vai apoiar Eduardo Braide, do Podemos. Descartado da disputa, imaginamos que Wellington já esteja arrumando as malas em busca de outro partido.
Os motivos de Roberto Rocha são mais fáceis de compreender abstraindo-se a questão partidária. O Senador quer definir as eleições logo no primeiro turno, visto que Braide já lidera as pesquisas de intenção de voto com folga. Wellington foi sacrificado numa decisão vertical que caracteriza os partidos de matiz conservadora. A candidatura de Braide é a que mais expressa a polarização entre esquerda e direita no Maranhão. Braide projeta Roberto Rocha ao mesmo tempo em que se projeta para 2022.
A preterição de Adriano Sarney me parece um caso em que a família busca viabilidade política depois da grande derrota eleitoral, seguida de diáspora dos aliados. Mas será que acreditam que, vitorioso, Neto Evangelista desgrudará de Flávio Dino? É estranho o caráter híbrido de uma candidatura que reúne apoiamentos tão contraditórios.
O que seria mais factível nessa estratégia divisionista seria provocar o segundo turno. Mas Braide está mais próximo do projeto de Bolsonaro no Estado do que os outros candidatos. E os Sarneys estão com Bolsonaro. É como se a família Sarney estivesse compartilhando da mesma estratégia do condomínio do governador.

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