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Preso fazendeiro acusado de mandar matar líder quilombola
22 de fevereiro de 2011 às 09:32
POR OSWALDO VIVIANI
Foi preso na manhã desta terça-feira (22), em São João Batista (Baixada Maranhense), o fazendeiro Manoel Gentil Gomes, acusado de ser o mandante da morte do líder quilombola Flaviano Pinto Neto, de 45 anos, ocorrida em 30 de outubro do ano passado, no povoado Charco, em São Vicente Ferrer.
Flaviano Pinto Neto, assassinado em outubro
Gentil Gomes – que também se envolveu em conflitos fundiários em Palmeirândia e Turilândia, igualmente municípios da Baixada Maranhense – chegará a São Luís, transferido de São João Batista, ainda hoje, quando será apresentado à imprensa.
Flaviano Pinto Neto era presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado Charco. Segundo a polícia, ele foi assassinado com 7 tiros, depois de ser atraído para uma cilada pelo ex-policial militar Josuel Sodré Sabóia, preso no último dia 2 no Anjo da Guarda (São Luís).
O suspeito de ser o executor do crime é Irismar Pereira, 31 anos – que também já está preso desde 5 de janeiro passado, mas sob a acusação de mandar matar o motorista Ronielson Lima Pinheiro, o “Roni”, 28 anos. O crime aconteceu em 14 de setembro de 2010, e teria motivação passional.
A polícia passou a investigar a morte de Flaviano Neto a partir da quebra de sigilos telefônicos dos suspeitos, principalmente do ex-PM Josuel Sabóia, que responde a vários processos na Justiça, sob suspeita de participação em homicídios, sequestros, receptação de carro roubado, entre outras acusações.
A disputa entre os quilombolas e “grileiro” Manoel Gentil Gomes por uma área de 1,4 hectares de terra – conhecida como “Fazenda Juçaral” – foi a motivação da morte do trabalhador rural Flaviano Neto, que liderava a comunidade de cerca de 70 famílias quilombolas da comunidade do Charco que desde 2005 lutavam pela titulação da área.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi acionado várias vezes pelos lavradores, mas nunca resolveu a questão a contento.
Em 2009, o Ministério Público Federal (MPF) entrou no caso, a pedido dos líderes camponeses Flaviano Neto e Manoel Santana da Costa. Após isso, ambos se tornaram homens marcados para morrer, recebendo ameaças frequentes de gente ligada a Manoel Gentil Gomes. No final de outubro do ano passado, Flaviano foi morto. Manoel Santana segue sendo ameaçado.
Diversas entidades da sociedade civil acompanham o “caso Flaviano” – entre elas, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República e Comissão Pastoral da Terra.
(Atualizada às 11h46)
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