À exceção de Agostinho Bispo, 55, anos, que ganhou a alcunha de "monstro de Pinheiro", os presos executados na rebelião de Pinheiro.
Quando soube, às 3 horas da madrugada, que a rebelião havia estourado, e que os rebelados haviam invadido a cela dos estupradores, a informação era que as vítimas eram eles.
Na rebelião do presídio São Luís, também quiseram passar essa informação.
Os meios de comunicação de alguma forma, reforçaram a lenda. É uma notícia até certo ponto, "boa", para uma opinião pública adestrada a acreditar que preso não é gente.
Se alguns programas rádio e de televisão passam o ano todo ensinando as pessoas a raciocinarem no sentido de que é melhor que os presos se matem entre si, saber que os mortos são estupradores ameniza a sensação de culpa.
Depois vem a constatação de que a verdade não foi bem dita, a princípio. Aliás, nunca é. A maioria que morre não tem nada com crime sexual, mas com os conflitos que surgem com a superlotação.
Lamento desapontar os defensores do sistema penal crudelíssimo. A maioria dos que morrem, são vitimados por pequenas brigas no interior das celas e dos pavilhões.
Na rebelião do Presídio, um jovem teve sua cabeça arrancada ainda vivo, por um bate-boca, durante um jogo de futebol, durante o banho de sol. Por exemplo. Muitos outros seguiram o mesmo destino, por provocarem os líderes do pavilhão.
Na rebelião de Pinheiro, uma da vítimas foi um acusado de violar a lei Maria da Penha. Tinha acabado de ser preso, por esse motivo.
Não adianta tentar encontrar alguma justiça nesse sistema, porque dentro dele, ela não existe.
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