quarta-feira, 31 de março de 2021

AMEAÇA DE GOLPE?

 Nós vivenciamos o golpe desde o início da colonização. A história do Brasil é construída sob instabilidade e rupturas permanentes. 

Tivemos apenas um breve hiato entre 2003 a 2015, cujo desfecho culminou em nova modalidade de golpe, fora do parâmetro clássico de mobilização de tropas e fechamento das instituições.

O governo Bolsonaro é fruto desse golpe e faz questão de demonstrar isso, como herdeiro da ditadura militar, abrigando extensa camarilha militar defensora da ditadura de 64.

O neoliberalismo brasileiro sempre conviveu com o Estado policial, desde o escravismo até as ditaduras. Não há incongruência moral entre ditadura e liberalismo no Terceiro Mundo. 

Nos últimos dias muita gente apressada vislumbrou o fechamento do regime, como autogolpe, a partir das sinalizações recentes - um projeto de lei que propõe o regime de "mobilização nacional" e a demissão da cúpula das três forças armadas, logo em seguida à demissão do Ministro da Defesa.

Está evidente, desde o primeiro dia de mandato, que Bolsonaro gostaria de reviver a experiência de 64, mas não há condições políticas para isso. O presidente da república não agregou uma hegemonia capaz de respaldar esse projeto, dentro da instituições do Poder Judiciário e do Congresso Nacional, assim como tem sérias dificuldades para conquistar a opinião da mídia convencional nesse sentido, sobrevivendo agora nas franjas do bolsonarismo radical e estúpido.

O golpe do Bolsonaro não é no modelo da ditadura militar. Ele já está em curso e consiste em implantar um retrocesso político capaz de reduzir o país ao período do extrativismo exportador. Não esperem tanques, fiquem de olho na dinâmica das transformações da economia e da relação capital/trabalho. Isso é o golpe.

domingo, 21 de março de 2021

O LIMITE DA FUNCIONALIDADE

 O país está no limite do colapso do seu sistema de saúde, vários Estados e municípios decretando restrições ou lockdown, diante de uma postura insistente do governo federal em boicotar a ciência e desestimular as orientações sanitárias.

Hoje, mais de 200 economistas, empresários e banqueiros de diferentes grupos políticos, incluindo-se ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central, divulgaram neste domingo uma carta pública direcionada ao governo federal.

Eles pedem urgência na vacinação e a adoção de políticas públicas com base na ciência, e dizem que a recessão não será superada 'enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente.

Talvez esse seja o começo de uma ruptura dos neoliberais com Bolsonaro, que até recentemente, parecia funcional ao modelo econômico desejado, em que pese a crise da pandemia.

Se a ficha cair, para esse segmento, não haverá como o governo Bolsonaro escapar de um impeachment, porque fundamentos jurídicos existem de sobra para isso.