segunda-feira, 28 de julho de 2014

REFLEXÃO TEMÁTICA: QUEBRADEIRAS DE CÔCO

CAMPANHA-MOVIMENTO/ PEDROSA GOVERNADOR/PSOL 50/ HAROLDO SABOIA SENADOR/PSOL 500


Para quem ainda não viu, eis a reportagem sobre as quebradeiras de côco babaçu, veiculada no dia 1º de julho. Nossa plataforma é a única que pode fazer a tradução política dessa realidade. Contando os Estados do Tocantins, Pará, Piauí e Maranhão, elas somam 300 mil. É um contingente tradicionalmente abandonado pelas políticas públicas voltadas para o campo. O beneficiamento do babaçu hoje, com o esforço exclusivo das organizações das quebradeiras, alcançou o mercado internacional e consegue gerar renda. Isso prova que os governos podem e devem garantir o desenvolvimento rural por meio de mecanismos criativos de incentivo ao cooperativismo e ao associativismo rural, dentro de uma estratégia de promoção do extrativismo associada à preservação de nossos ecossistemas. É impossível fazer isso dentro da lógica de desenvolvimento das elites agrárias, com a monocultura, o latifúndio e a destruição das florestas nativas. O nosso programa é o único que faz essa reflexão, a partir de um compromisso ideológico com a bandeira da reforma agrária e com o conhecimento profundo dessa realidade.


http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/t/edicoes/v/quebradeiras-de-coco-babacu-do-leste-do-maranhao-conseguem-melhorar-a-renda/3466860/

REFLEXÃO TEMÁTICA: VIOLÊNCIA FUNDIÁRIA

CAMPANHA-MOVIMENTO/ PEDROSA GOVERNADOR/PSOL 50/ HAROLDO SABOIA SENADOR/PSOL 500


O Maranhão é o grande campeão de conflitos agrários pela quarta vez consecutiva. Essa realidade tem causas, como a grande concentração fundiária, o modelo de ocupação do solo e o modelo de desenvolvimento excludente adotado, desde o início da colonização. Os grande projetos termoelétricos, minerais, hídricos e agroflorestais, numa nova e mais recente conjuntura, somam-se à violência do latifúndio tradicional, contribuindo para a expulsão dos maranhenses da terra. Falando de política, temos um Estado governado por projeto de elites, francamente comprometidas com esse modelo de desenvolvimento, insustentável, que compromete a soberania alimentar e formas de reprodução das comunidades tradicionais que habitam o campo. Nosso programa prevê a criação de mecanismos de gerenciamento de crise, para mediar a violência do conflito fundiário, criando unidades de polícia capacitadas para lidar com violações de direitos humanos e promover o diálogo com movimentos sociais. De outro modo, vamos estruturar as ouvidorias agrárias e faremos parcerias com o Tribunal de Justiça para a criação das Varas Agrárias, disponibilizando estrutura e equipes interdisciplinares para resolução de conflitos. De outra forma, vamos refundar o ITERMA, dotando-o de orçamento e aparelhamentos para promover a regularização fundiária e as eventuais aquisições onde os demais órgãos e programas de governo não tiverem condições de fazer. A secretaria de agricultura familiar vai figurar como um espaço de articulação de políticas públicas voltadas para o campo, a partir do planejamento de ações estruturantes para assentamentos e territórios, no sentido de promover a produção, a comercialização e o associativismo fundando na diversidade social, étnica e ambiental presente no campo maranhense. Podemos falar desse tipo de compromisso porque sempre estivemos do lado de cá das cercas da opressão, independentemente da questão eleitoral.

REFLEXÃO TEMÁTICA: DESENVOLVIMENTO

CAMPANHA-MOVIMENTO/PSOL/ PEDROSA GOVERNADOR 50/HAROLDO SABOIA 500/ LUCIANA GENRO PRESIDENTE 50


O desenvolvimento no Maranhão tem seu paradigma no elitismo. No centro da estratégia estão os investimentos em infraestrutura de transportes e logística (malha viária, Estrada de Ferro Carajás e ampliação do porto de Itaqui). Ocorre que a contração do mercado mundial de commodities minerais já causou a desativação de parcela da produção da Alumar e do fechamento da Usina de Pelotização da Vale. O mercado chinês continua derrubando as cotações do minério de ferro.
Fala-se em redução real nas transferências constitucionais federais, especialmente do FUNDEB, penalizando especialmente os municípios mais pobres. O emprego e a renda continuam sendo pensados a partir da entrada das grandes empresas, sem regulação de passivos ambientais e sociais. Não há criatividade para romper com o modelo, porque as saídas estão controladas pelos interesses hegemônicos e privatizantes. Esse paradigma precisa se superado urgentemente. Não é um problema apenas de oligarquia. É um problema da direita e das elites maranhenses que contaminaram o cenário político atual. Nós entendemos que para fazer avançar o IDH e romper com ciclo da pobreza precisamos definir uma estratégia de desenvolvimento fundamentada na distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito à alimentação, com base na pequena e média produção, respeitando as culturas e a diversidade local, no tocante a produção e a comercialização, articulando arranjos produtivos sustentáveis, tendo como eixos orientadores a agricultura familiar e a agroecologia.


REFLEXÃO TEMÁTICA: REFORMA POLÍTICA

CAMPANHA-MOVIMENTO/PSOL/ PEDROSA GOVERNADOR 50/HAROLDO SABOIA 500/ LUCIANA GENRO PRESIDENTE 50


A crise de representação que vivemos exige grande reformulações dos partidos políticos. O sistema jurídico ainda legitima e induz práticas políticas fisiológicas e corruptas que desestimulam a cidadã e o cidadão a participar e a fiscalizar a política. O tempo de TV incentiva as alianças sem nexo programático, a compra de apoios, a migração entre partidos e a diluição ideológica. Para sustentar a demanda por coligações os políticos convencionais fazem o caixa 2, assumem compromissos casuísticos e praticam a captação ilícita de recursos. O clima agora é de desencanto com a velha política e seus mecanismos que desconfiguram a vontade do eleitor. É urgente a reforma política que responda aos legítimos anseios da cidadania horizontal.

http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/migracao-de-deputados-pode-mudar-tempo-de-propaganda-eleitoral-na-tv/?

REFLEXÃO TEMÁTICA: SISTEMA PRISIONAL

CAMPANHA-MOVIMENTO/PSOL/ PEDROSA GOVERNADOR 50/HAROLDO SABOIA 500/ LUCIANA GENRO PRESIDENTE 50


A dor de uma família que ainda hoje busca um detento desaparecido no sistema penitenciário maranhense. O detento Ronalton Silva Rabelo, 32,desapareceu no dia 1º de abril de 2013, antes de ter o alvará de soltura expedido pela Justiça, o que ocorreu no dia 11 daquelemês. Ele estava em prisão provisória desde setembro de 2012 e não chegou a ser condenado. O sistema penitenciário exige compromissos evidentes com uma nova política prisional: concurso e valorização do cargo de agente penitenciário; reformulação do sistema que permita a socialização pelo trabalho e estudo; aparelhamento do sistema de segurança e de justiça; investimento em inteligência e gerenciamento de crises; abertura de novas vagas, com projetos arquitetônicos apropriados para uma nova metodologia de inserção comunitária; investimento no sistema de atenção psico-social para tratamento das dependências químicas; aparelhamento do sistema de segurança para a execução das medidas cautelares da Lei 12.403/2011; parcerias com a sociedade civil organizada no monitoramento das violações de direitos humanos; aumento do efetivo de Defensores Públicos; estruturação do mecanismo estadual de prevenção à tortura; implementação do método Apac e parceria com entidades da sociedade civil organizada; resgate dos fundamentos do sistema penitenciário público, com investimento em formação, qualificação e treinamento dos agentes penitenciários.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/01/15/familia-busca-preso-que-desapareceu-em-pedrinhas-ha-nove-meses.htm

REFLEXÃO TEMÁTICA: ACESSO À AGUA E ESGOTO

CAMPANHA-MOVIMENTO/PSOL/ PEDROSA GOVERNADOR 50/HAROLDO SABOIA 500/ LUCIANA GENRO PRESIDENTE 50


No Maranhão é impossível pensar o desenvolvimento sem resolver o problema do acesso à água potável e às redes de esgoto. A crise de abastecimento que vivemos diz respeito à ausência de planejamento, omissão no dever de preservar nossos recursos hídricos e manaciais e falta de ordenamento fundiário adequado. O baixo índice de acesso à rede de esgoto contribui para contaminar as águas superficiais e subterrâneas. Segundo dados do IBGE, o Maranhão possui apenas 6,5% da sua população com acesso a infra-estrutura de esgoto. Ganhamos apenas do Pará e do Piauí, nesse aspecto. O reservatório do Batatã, por exemplo, deveria atender dez bairros e cerca de 120 mil pessoas. Suas crises periódicas ocorrem não apenas pelas estiagens, mas principalmente pela agressão aos pequenos rios e nascentes que vertiam para dentro da barragem. Não existe uma política ambiental para recuperação dos nossos antigos rios e córregos que alimentam esse sistema fluvial. A especulação imobiliária e a ocupação desordenada do solo foi acrescentada pela implantação sem critério da indústria pesada na Ilha, comprometendo esse frágil ecossistema. Para resolver o problema não será suficiente trocar tubulações envelhecidas do sistema Italuís, mas fazer investimentos na área ambiental, preservando e recuperando manaciais, criando mais unidades de conservação, fiscalizando as áreas de preservação permanente, promovendo o desenvolvimento a partir de uma visão de sustentabilidade, regulando a expansão urbana, com a garantia de acesso à terra e moradias dignas, a partir de projetos habitacionais coexistentes com os ecossistemas.

REFLEXÃO TEMÁTICA: SISTEMA PENITENCIÁRIO

CAMPANHA-MOVIMENTO PEDROSA GOVERNADOR 50/HAROLDO SABOIA SENADOR 500/LUCIANA GENRO PRESIDENTE 50


Antes de mais nada, preciso dizer em alto e bom som. Nunca vi nenhum outro candidato empenhado na construção de um novo modelo de sistema penitenciário para o Maranhão. Os espaços onde esses debates acontecem são vários e arregimentam organizações da sociedade civil e instituições do Poder Público. Jamais houve sequer a aprovação de emendas parlamentares destinadas ao sistema penitenciário, embora as crises sejam exploradas oportunisticamente.
O sistema Apac no Maranhão faz parte de um construção de mais de dez anos, envolvendo debates e audiências públicas. É um modelo que exige um novo pacto societário em torno da questão prisional. Ele sempre teve seus opositores dentro do sistema e nunca contou com o apoio necessário para se expandir no Estado, mesmo no governo Jackson. Nosso programa somente fala do sistema penitenciário quando detalha a diretriz de direitos humanos e segurança pública. Esse debate não está no documento depositado no TRE, portanto. Já fiz postagem aqui, mencionando aspectos desse detalhamento. Nossa visão é de que o sistema está em crise porque existe uma crise de segurança pública, reforçada pela nova territorialização do crime organizado para o Norte e Nordeste. Para democratizar o sistema é preciso articular mecanismos de transparência e participação, fortalecendo o controle social dessa política pública. Ao lado disso, é necessário consolidar o sistema penitenciário a partir da noção de serviço público, desmontando os esquemas de privatização e terceirização em curso. Mais concursos e abertura de novas vagas, com unidades prisionais modernas, estruturadas em projetos arquitetônicos que preservem a dignidade dos presos e a garantam a ressocialização. Afirmamos o trabalho e estudo como princípios fundamentais da tarefa de ressocialização; a formação dos agentes penitenciários na perspectiva do fortalecimento de uma nova relação Estado/detento, abrindo espaço para a inserção de experiências de parceria com a sociedade civil, sobretudo no modelo Apac, com gestão independente e autônoma em relação ao Estado. Fortaleceremos as corregedorias e as ouvidorias conforme o modelo do Conselho Estadual de Direitos Humanos e implementaremos o mecanismo estadual de prevenção à tortura. Dotaremos os presídios de maior estrutura para o monitoramento eletrônico e aumentaremos os investimento em inteligência, na aparelhamento do sistema para o cumprimento das medidas previstas na Lei 12.403/11, na inserção no mercado de trabalho para egressos e no atendimento psicossocial de dependentes químicos e enfermidades mentais. A intersetorialidade com o sistema de segurança pública e com a diretriz de direitos humanos merece outra postagem.

Em Alcântara

Em Baixa Grande, com lideranças do movimento quilombola de Alcântara.

Quilombos de Santa Rita e Itapecuru-Mirim

Com comunidades de quilombos de Itapecuru e Santa Rita, no sindicato de trabalhadores rurais de Santa Rita, agora.

Quilombolas de Itapecuru


Lideranças quilombolas da pesada.

domingo, 27 de julho de 2014

Sempre haverá luta, enquanto houver injustiça

Com lideranças quilombolas dos município de Santa Rita, Miranda e Itapecuru-Mirim. Diogo Cabral junto.

Foto: Hoje, com lideranças quilombolas dos município de Santa Rita, Miranda e Itapecuru-Mirim. Diogo Cabral junto.

Um povo que luta

Seu Timóteo e seu Filomeno, lideranças históricas da resistência camponesa em Santa Rita


REFLEXÃO TEMÁTICA: REFORMA AGRÁRIA

CAMPANHA MOVIMENTO/PEDROSA50 - GOVERNADOR/HAROLDO SABOIA 500 - SENADOR/ LUCIANA GENRO 50 PRESIDENTE


MAIS UM TRABALHADOR RURAL ASSASSINADO. Zé Enedina foi morto a pauladas e facadas, dentro da área, há mais de vinte anos em litígio sem solução pelo INCRA e SPU. A reforma agrária no Maranhão é um desafio emblemático para o Governo do Estado também,porque pode atuar complementarmente, utilizando-se de outros instrumentos para resolução dos conflitos fundiários. As aquisições, as regularizações fundiárias, as desapropriações por interesse social e a criação de unidades de conservação de competência estadual. Por outro lado, o governo do Estado pode estruturar mecanismos para gerenciamento de crise, criando unidades policiais capacitadas em mediação de conflitos e a ouvidoria agrária, com profissionais de áreas diversificadas para o enfrentamento e a prevenção da violência fundiária. Um sistema estadual de proteção deve ser articulado com outras políticas públicas, visando proteger a vida e a integridade física das pessoas ameaçadas. Um governo somente fará isso se romper com o latifúndio e adotar um novo paradigma de desenvolvimento.

sábado, 26 de julho de 2014

Em Timbiras na caminhada por justiça

CAMPANHA-MOVIMENTO PEDROSA GOVERNADOR 50/ HAROLDO SABOIA SENADOR 500/ LUCIANA GENRO PRESIDENTE 50

Na mobilização camponesa em Timbiras, por reforma agrária e pelo aniversário do martírio de Raimundo Brechó.



Mais gente apoiando Pedrosa50




Pedro, liderança da comunidade de Santa Maria, quilombo de Codó


Toinha, Coordenadora da CPT do Maranhão

Familiares de Brechó exigem justiça




Em defesa de Campo do Bandeira

Na audiência com trabalhadores rurais de Campo do Bandeira.
Foto: Na audiência com trabalhadores rurais de Campo do Bandeira.

"Campo do Bandeira", no Iterma. O litígio arbrange 1,4 mil hectares de terras públicas, pretendidos inicialmente pelo empresário Biné Figueirêdo, ex-prefeito de Codó, Ele era proprietário do Grupo Caxuxa Agropastoril, tendo vendido a propriedade a empresários do Rio Grande do Norte. Com o trabalho fundiário, a comunidade agora é detentora do título de propriedade da terra, mas nem assim resolve: o conflito está se agudizando. Fotos da nossa visita ao local, depois do último despejo.

Um prefeito sem jeito




No lançamento do livro de Marlon Reis

O prazer das boas companhias. E o melhor: comparecer ao evento, sem olhar para os lados, com medo de ser preso.
Com Lamartine Ribeiro Serra e Henrique Perlmutter








Foto

Com a comunidade de Santa Rosa, em Araioses

Foto: Com a família de Zé Enedina, orientando as pessoas para prestarem depoimentos na delegacia de polícia.

Com a morte de Zé Enedina, eu e Roseane, fizemos diligências para contribuir para a apuração do crime. Nessa foto, estamos reunidos com a comunidade, na casa dos familiares da liderança assassinada.

Zé Maria apoia Pedrosa50




Quem nos apoia




terça-feira, 22 de julho de 2014

Zé Enedina assassinado em Araioses

Foto: Seu Zé Enedina, que seu exemplo de luta continue alimentando nossa caminhada

Foi encontrado morto, na noite de ontem, o trabalhador rural, José Enedina. Ele já estava em processo de decomposição e apresentava lesões de pancada e facadas. Zé Enedina era uma liderança importante das áreas de conflito em Araioses. Residia em Santa Rosa, um imóvel palco de conflitos há mais de vinte anos. Desde a antiga Fazendeira Ester Furtado até os dias de hoje, INCRA e Secretaria do Patrimônio da União não se entendem para titular a área, quase toda pertencente à União Federal, em favor dos trabalhadores ruais. Hoje, estivemos lá, juntamente com a técnica da SMDH, Roseane Dias, fazendo diligências, no sentido de contribuir para que os responsáveis por esse crime sejam punidos.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Moradores de Demanda denunciam empresa por descumprimento de acordo, poluição e violações de direitos

SMDH

BY ZEMA ⋅ 17 DE JULHO DE 2014 ⋅

Reassentamento de famílias por conta de instalação de termelétrica, previsto para janeiro passado, ainda não aconteceu


Moradores de Demanda em visita à SMDH. Foto: divulgação.

Moradores do povoado Demanda, em Santo Antonio dos Lopes/MA, visitaram a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) na manhã desta quinta-feira (17). A visita integra uma série de diálogos que a comunidade vem travando junto à entidade, órgãos públicos e meios de comunicação, no sentido de denunciar os desmandos da Eneva (ex-MPX Energia S.A.) no local.

Segundo relatam, a empresa se instalou em Santo Antonio dos Lopes em 2010 com vistas a implantar uma usina termelétrica. O remanejamento da comunidade Demanda, inicialmente dito desnecessário pela empresa, hoje mostra-se uma realidade diante do quadro de poluição. “Uma senhora, outro dia, perdeu o olho”, relata o lavrador Dario Mota Sampaio (27). “A poluição é terrível. As chaminés soltam vapor o tempo inteiro, de noite quando o vento para, ninguém aguenta [o cheiro forte]”, continua.

Desde outubro de 2013 não são permitidas benfeitorias, plantio ou criação de pequenos animais. A previsão de remanejamento, com indenização, era janeiro de 2014. “A empresa prometeu que assistiríamos a Copa do Mundo já na nova área, mas até agora nada saiu do papel”, continua o morador. “Nada foi feito e terraplanagem e drenagem estão previstas para agosto, mas ninguém sabe se vão acontecer, é apenas uma previsão”, conta o lavrador Ronilson Almeida (21).

Os lavradores e quebradeiras de coco que visitaram a SMDH são unânimes em afirmar que nenhuma das promessas da empresa, em acordo mediado pela Defensoria Pública do Estado do Maranhão, foi cumprida. “Os defensores estiveram lá, leram tudo o que a empresa nos oferecia, mas nada foi cumprido. Por último soubemos que as casas prometidas não manterão o padrão atual”, afirma, referindo-se ao que previa o acordo: a manutenção do padrão das construções e áreas cultiváveis na área prevista para o reassentamento.

Quanto ao reassentamento, outro problema é o número de famílias: de acordo com o censo realizado por uma empresa contratada pela Eneva, finalizado em julho de 2012, 61 famílias irão ocupar um novo terreno. “Mas este número cresceu. Várias pessoas da comunidade casaram, constituíram família. Hoje são 71 famílias e a empresa só quer incluir mais cinco, deixando outras cinco de fora”, continua Ronilson. “Têm que ser incluídos todos, e não com minorias [redução de direitos], mas com direitos iguais”, afirma.

Ainda segundo os moradores, algumas lideranças locais foram cooptadas. “Mas se você perguntar, mais de 90% dos moradores querem o reassentamento com todos os direitos. Só é a favor da empresa quem está lucrando com isso”, afirmaram.

Além do reassentamento são previstos, no acordo, o pagamento de um salário mínimo para cada família cadastrada pelo período de 18 meses (para cobrir o período em que ficaram sem plantar), um trator equipado para a comunidade e a assistência técnica por um engenheiro agrônomo.

Desculpas – Segundo os moradores, a desculpa comum ouvida em relação ao não cumprimento dos acordos é que “a empresa de Eike Batista quebrou. Mas só mudou de nome, os funcionários continuam os mesmos, denunciam.

Agenda – Entre hoje (17) e amanhã (18) os moradores de Demanda farão visitas ao promotor de justiça agrário Haroldo Paiva, ao procurador da República no Maranhão Alexandre Soares e à ouvidora da Defensoria Pública do Estado do Maranhão Mari-Silva Maia, além de meios de comunicação.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Nota Pública do MNDH sobre as “prisões arbitrárias de ativistas de direitos humanos no Rio de Janeiro”


O Movimento Nacional de Direitos Humanos- MNDH vem a público diante da sociedade, das autoridades públicas, dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil, manifestar sua posição contrária às ações perpetradas por representantes da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro do Ministério Público estadual e o Poder Judiciário na prisão de ativistas de direitos humanos no dia do jogo de encerramento da Copa do Mundo de 2014.

Este episódio encontra-se totalmente apartado das normas constitucionais de nossa Carta Política de 1988, assim como dos tratados internacionais de direitos humanos que consagram na moderna democracia, o direito a livre manifestação.

Notoriamente evidenciou-se por parte das autoridades públicas autores destas prisões arbitrárias uma ação preventiva de contenção das manifestações públicas ao sacrifícios dos preceitos de respeito a democracia e a liberdade, fundamento básico dos direitos humanos reconhecido pelo Estado brasileiro.

Este fato deixa uma mácula irreparável não só pela violadora ação de direitos humanos dos 19 militantes que foram presos, mas também por se constituir um “legado” negativo do Estado brasileiro diante dos demais países e sociedades.

O MNDH- Movimento Nacional de Direitos Humanos neste momento, reclama e postula seja restabelecida a ordem do Estado de Direito, colocando os ativistas ilegalmente presos em liberdade, mas também espera que prática desta natureza não se repita ou se reproduza em respeito a democracia e aos preceitos éticos dos direitos humanos



Brasilia, 12 Julho de 2014



Coordenação do MNDH

domingo, 13 de julho de 2014

Dois prefeitos e o mesmo método

Os professores de Imperatriz estão em greve, há exatos 73 dias. O prefeito, Sebastião Madeira (PSDB) já determinou o corte dos salários e não se dispõe a qualquer diálogo. 

O sindicato ajuizou um mandado de segurança para garantir o pagamento dos salários. O processo tramita na Justiça do Trabalho, que notificou o prefeito para que justifique a suspensão dos salários no prazo de 72 horas, prazo que já se esgotou, segundo o sindicato da categoria, Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino em Imperatriz (STEEI);

Segundo o STEEI, a paralisação atinge 55% da categoria. A principal reivindicação é o reajuste salarial. Além dos professores municipais de educação, que atendem principalmente ao ensino fundamental, estão parados vigias, merendeiros, zeladores e outros trabalhadores em educação. Depois de dois meses de greve, a prefeitura cortou os salários dos mais de mil trabalhadores, que estão sem pagamento desde o dia 1º deste mês.

Para ajudar os trabalhadores, o sindicato iniciou uma campanha para arrecadar doações. Até agora, foram arrecadadas 40 cestas básicas e alimentos para compor mais dez, além de R$ 1 mil, que serão revertidos também em alimentos. As doações são encaminhadas aos mais necessitados.

Os trabalhadores pedem reajuste salarial de 13%, tíquete-alimentação de R$ 230 e o plano de carreira, que está há mais de dez anos desatualizado.

O detalhe é que em São Luís, os professores também estão em greve, sem nenhum avanço nas negociações.  O estilo é o mesmo: indiferença e retaliações.

O que chama atenção é que os dois prefeitos, Edvaldo Holanda e Sebastião Madeira, têm em comum a defesa da mudança do sistema político, contra a oligarquia Sarney. As pistas de que esse tipo de oposição não vai mudar nada estão bem claras.



sexta-feira, 11 de julho de 2014

Mudanças no blog

Prezados leitores,

Como é de conhecimento público, sou candidato a governador do Estado, pelo Partido Socialismo e Liberdade, nestas eleições de 2014.

Na medida do possível, e sem comprometer o perfil originário do blogue, divulgaremos notícias da nossa campanha.

Como pretendemos fazer uma campanha-movimento, estaremos apenas fazendo a sintonia do desafio institucional que assumi com o cotidiano das lutas sociais que caracterizam minha trajetória pessoal e profissional.

Espero contar com a compreensão de todos e todas e adianto que a campanha não me afastará dos meus compromissos éticos com o direito de livre expressão e informação.

Espero que o novo formato do blog - que será temporário - contribua com o debate público de temas que afetem os interesses da cidadania, engajada na tarefa de transformar o nosso Estado.


terça-feira, 8 de julho de 2014

Por que os índios lideram o ranking dos suicídios no Brasil? O Mapa da Violência

blogs Estadão


BRUNO PAES MANSO

Segunda-Feira 07/07/14




Entre os mais de 5 mil municípios brasileiros, a cidade de São Gabriel da Cachoeira, no noroeste da Amazônia, ficou na primeira posição do rankingbrasileiro de suicídios. Fiquei surpreso por dois motivos. Primeiro, porque em 1998 estive nesse lugar inesquecível, cortado pelo Rio Negro e no meio da Floresta Amazônica. Mas a razão principal do espanto é que a população de São Gabriel é quase toda indígena.

Os novos dados do Mapa da Violência 2014 revelam que, entre 2008 e 2012, a taxa de suicídios na cidade foi de 50 casos por 100 mil habitantes, dez vezes maior do que a média brasileira. Entre os que se mataram, 93% eram índios. Oito entre dez se enforcaram. O suicídio por ingestão de timbó, raiz venenosa que causa sufocamento, foi o segundo método mais usado.

Além de São Gabriel da Cachoeira, outras cidades com assentamentos indígenas estão nas primeiras posições da lista dos suicídios, como São Paulo de Olivença e Tabatinga, no Amazonas, Amambai, Dourados e Paranhos, no Mato Grosso do Sul.

Nos últimos dez anos, entre 2002 e 2012, o Amazonas foi o estado onde o suicídio de jovens mais cresceu (134%). Lá, onde os índios representam 4,9% da população, 20,9% dos suicídios foram praticados indígenas, número quatro vezes maior que o esperado. A situação é parecida no Mato Grosso do Sul, onde a proporção de índios entre os que se mataram é sete vezes maior do que a fatia deles na população.

Em 2012, a ameaça de morte coletiva dos Guarani Kaiowá sul-mato-grossenses causou comoção nacional. É como se o processo, entre diversas etnias de distintas cidades, fosse ocorrendo agora em conta gotas.

Em época de Copa, o primeiro lugar de São Gabriel da Cachoeira no ranking dos suicídios não repercutiu nada nos jornais, internet e nas redes sociais. Acho necessário nos informarmos a respeito. Creio que esse fenômeno é semelhante, em alguma medida, ao que vivemos como nação nos últimos 500 anos. Ainda buscamos ser algo que não somos, negando nossas origens sem sequer compreendê-las. Essa crise de identidade, a meu ver, nos faz mais violentos.

São Gabriel da Cachoeira é a maior cidade do Brasil em extensão territorial, cem vezes maior que o município do Rio de Janeiro. No centrinho da cidade fica metade dos 30 mil habitantes, que começaram a chegar das zonas rurais e das aldeias principalmente depois dos anos 1990. Situação que vem provocando certo desconforto cultural e urbano típico das migrações intensas. A outra metade da população se divide em 750 povoados e aldeias. Do ponto mais distante de São Gabriel, leva-se até 12 dias de canoa pelo Rio Negro para se chegar ao centro. Tudo nessa cidade é surpreendente, ainda mais para um jornalista urbano que aterrissou por lá aos 20 e poucos anos de idade.

O município é um dos raros no Brasil com mais de uma língua oficial: português, nheengatu, baniwa e tukano. Conheci em São Gabriel um padre indígena, que usava batina, cocar (foto) e fazia paralelos inteligentes entre a cultura indígena e o cristianismo (As fotos foram tiradas por Ricardo Stuckert). “Jesus dizia que devemos doar ao próximo. Essa pregação comunitária tem muito a ver com a cultura indígena. Mais do que com a sua. Comparo os índios aos judeus, que durante anos lutaram pela terra prometida”, ele me disse.

O exército era formado por índios, os mais aptos a se embrenhar pelo mato e vigiar as fronteiras do Brasil com a Venezuela e a Colômbia. As escolas decretavam feriado no Dia da Formiga. Nos hospitais, havia pajés que trabalhavam com médicos para enfrentar a tuberculose. Fui a uma aldeia Yanomami e aspirei paricá, tipo forte de rapé que me foi soprado nas narinas pelo cacique (que está me pintando na foto abaixo). Era uma substância usada para rituais religiosos. O pajé (sozinho na segunda foto), que não falava português, ficou me olhando como se estivesse curioso para saber o efeito que o paricá exercia sobre mim. O índio fazia o papel de antropólogo, observando aquele jornalista deslumbrado no meio de sua aldeia. Tentei usar alguns gestos para lhe explicar o que eu estava sentindo. Acho que o pajé não entendeu, mas imitou meus gestos e acabamos dançando juntos no terrão da aldeia. Depois, todo pintado de vermelho e embaixo do sol quente, eu pulei no rio. Tinha um monte de indiozinhos em volta.











Minha matéria ficou entre ingênua e otimista. Fiquei em São Gabriel uma semana. Na Revista Veja (que em 1998 era muito diferente da de hoje, acredite…), eu descreveria uma cidade que parecia a caminho de encontrar, com sucesso, uma fórmula para misturar as visões de mundo indígena com a ocidental. Prefeitura, bicicleta, carro, televisão, em meio a um cotidiano mais integrado à natureza, onde os seres humanos são apenas mais uma das espécies na terra, assim como os bichos e as plantas. A crença na lenda da serpente criadora de todas as aldeias do Rio Negro. Espíritos, curumins, urucum, o Rio Negro, gentileza. Escrevi com a alegria de quem conheceu os índios mais de perto, em plena Floresta Amazônia.

Só que a realidade não costuma ser tão romântica quanto nossas projeções. Claro que tudo é muito mais complicado e difícil. As taxas elevadas de suicídio entre jovens indígenas são um dos principais sintomas dessa crise. No centro de São Gabriel, a cultura rural dos índios foi muitas vezes menosprezada e ridicularizada, já que desvinculada dos valores universais do crédito e do consumo levado a todos pela televisão e internet. Traçando um paralelo, me parece algo parecido com a crise de identidade nas periferias de São Paulo nos anos 1970 e 1980, quando as novas gerações urbanas negaram e ridicularizaram a cultura rural dos antepassados nordestinos e migrantes.

Na cidade de São Gabriel, as mulheres diziam preferir homens que não eram indígenas, como apontam investigações que tentaram entender essa epidemia. Muitos dos pais, ao casar seus filhos, se negavam a dar o nome indígena aos netos. Para as etnias do Rio Negro, o nome familiar está ligado à alma do indivíduo e existem aspectos sagrados que acabam se perdendo. A morte também é vista de forma diferente pelos índios, o que talvez contribua para essa escolha suicida.

Eu não tenho a pretensão nem a capacidade de apresentar respostas para esse triste fato. Mas acho fundamental levantarmos essa pergunta: por que os índios estão se matando em taxas tão elevadas? O debate é uma oportunidade para pensarmos também sobre o Brasil e nossa identidade errática, ainda em processo de construção.

Ok, posso até ser piegas, mas nada melhor do que um vídeo para encerrar a matéria. Música cantada por Maria Bethânia no documentário Doces Bárbaros, antecedida por uma bela entrevista em que as perguntas e o tom do repórter se parecem com Gregório Duvivier em um vídeo do Porta dos Fundos. A linda letra de Caetano é inspirada nos mergulhos antropofágicos dos modernistas, fonte constante de inspiração do poeta e cantor baiano. Como eles, também acredito que saber quem somos é mais importante do que saber quem devemos ser.

Oswald de Andrade, Darci Ribeiro, Gilberto Freire, Viveiros de Castro, para citar alguns, podem nos orientar na busca por essas respostas. Aqui vai uma pista sobre como os índios veem o mundo: “O chocalho do xamã é um acelerador de partículas”, como nos explica Viveiros de Castro, nessa incrível entrevista.




Tags: Índios, ranking de suicídios, São Gabriel da Cachoeira