No calor do processo criminal que apura a morte do líder quilombola, Flaviano Pinto Neto, convém relembrar dos casos semelhantes.
O advogado Robério Brígido e a fazendeira Iolanda Borges foram acusados de envolvimento na morte de Antonio G. da Conceição e Raimundo A. Filho, no dia 8 de julho de 2003, dois trabalhadores rurais, às margens da estrada que dá acesso a Bom Lugar.
O crime teve ínico com um litigio fundiário envolvendo a fazenda Comboio, de propriedade de Iolanda Borges. Uma comunidade inteira de trabalhadores se envolveu, quando Iolanda tentou expulsar do imóvel um posseiro antigo e líder comunitário, Pedro Mota, sem nenhum direito. Pedro Mota alegava ter um a cordo de moradia com o proprietário anterior, que foi marido de Iolanda Borges, mas veio a falecer. Iolanda não cumpriu o acordo e tinha a intenção de vender as terras, com a orientação do namorado, Robério Brígido.
Pedro Mota ajuizou um ação de usucapião contra Iolanda Borges, que, por sua vez, propôs ações possessórias, todas distribuídas para o então Juiz Raimundo Sampaio. O juiz expediu mandados de manutenção de posse e a fazendeira solicitou o apoio de jagunços, prontamente cedidos pelo então prefeito de Bacabal, José Vieira - porque trabalhavam com seguranças de festas promovidas pelo Município. Vieira também emprestou uma lancha. A secretaria de segurança pública mandou um helicóptero.
Logo depois do despejo, Robério entrou em cena, juntamente com os capangas. Atacaram o povoado na madrugada, mas não encontraram Pedro Mota. Seqüestraram, espancaram e assassinaram Antônio Gregório da Conceição e o menor Raimundo Filho de Aquino, de 17 anos. Os dois foram executados de joelhos, na estrada que leva a Bom Lugar.
O crime foi denunciado amplamante. A polícia conseguiu desvendar o crime e Iolanda, Robério, juntamente com os jagunços Alberto C. dos Santos, Reginaldo Mendes, Raimundo P. dos Santos, Antonio da Conceição e Moacir Figueiredo tiveram suas prisões decretadas. Robério esteve foragido, mas também foi preso. Mais tarde, o TJ mandou soltar Robério e Iolanda, que, até hoje, respondem o processo em liberdade.
Sabemos que Iolanda já não convive maritalmente com Robério e que foi impronunciada pela Justiça de Bacabal. Mais recentemente, a Promotoria de Justiça de Bacabal pediu o desaforamento do Júri para São Luís, o que foi deferido pelo Tribunal de Justiça.
Na época, várias mobilizações populares ocorreram na porta do fórum de Bacabal, exigindo a punição dos assassinos.
Antônio Gregório da Conceição e o menor Raimundo Filho de Aquino, de ossos brancos, onde quer que estejam enterrados, ainda aguardam a justiça dos homens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário