No Maranhão, o resultado eleitoral indica que a sucessão de Flávio Dino se travará num ambiente de intensas disputas.
Na capital, São Luís, depois de mais de trinta anos de governo de esquerda, teremos um governo de direita e bolsonarista (um bolsonarismo, sem dúvida, mais alinhado do que o de Duarte Jr).
E não foi só isso. No segundo turno, assistiu-se a um racha na base de sustentação do governador. Eduarde Braide ganha não apenas com Roberto Rocha e Roseana Sarney. Ele puxa o DEM, o PDT e uma banda do PT.
Agora, a partir de São Luís, teremos uma trincheira da oposição para 2022, com a base do governador (que elegeu mais de 180 prefeitos) permanentemente tensionada. E o centro da tensão é a definição de quem será o próximo governador, tendo por base a maior força política e eleitoral.
O PDT, de Weverton Rocha, de 30 prefeituras em 2016 avançou para 41 em 2020). O PL, de Josimar do Maranhãozinho, de 07 prefeituras em 2016 avançou para 39 em 2020. Os Republicanos, do vice-governador, Carlos Brandão, saltou de 14 prefeituras em 2016 para 24 em 2020.
O PT caiu de 7 prefeituras para apenas 1. O PCdoB, que tinha 46, ficou com apenas 22 prefeituras, sob ameaça da cláusula de barreira.
São essas as principais forças políticas para a disputa que se avizinha. O PL governará para 16,04% da população; o Podemos governará para 15,59%; o PDT para 11,85% e Republicanos para 10,68%.
A expectativa do governador é que, partir de abril de 2022 (quando Flávio Dino se afastar para concorrer a algum cargo), a tática do grupo deva estar definida, com as tensões internas pacificadas.
Antes disso, Flávio Dino provavelmente será protagonista de decisões importantes para o Estado, para o PCdoB e para todo o campo das esquerdas do país:
a) pavimentará a fusão do PCdoB com o PSB, evitando os efeitos da cláusula de barreira;
b) matará o desejo de Ciro Gomes em torno de uma candidatura de Centro esquerda para presidência;
c) Apoiará Weverton Rocha para governador do Estado, a troco de negociações importantes no cenário nacional, enfraquecendo mais ainda Ciro Gomes.
d) Seguirá como candidato a vice-presidente numa chapa com o PT, ou se manterá como candidato ao Senado, com o apoio de sua ampla base de sustentação, com eleição garantida.
Tudo isso numa visão otimista da coisa.