No processo de negociação construído na segunda-feira, por uma comissão de negociação que incluía os representantes do Poder Judiciário, do Ministério Público, e do Sistema Peniteciário do Estado, esgotamos toda a pauta de reivindicação, por volta das 18 horas. Portanto, ao contrário do que afirma a mídia governista, o movimento deflagrado pelos presos tinha sim uma pauta de reivindicação.
Por volta das 18 horas, um dos líderes da rebelião, denominado "Cerec", decidiu encerrar as negociações, afirmando que o movimento não encerraria naquele dia, mas se prolongaria por toda a manhã do dia seguinte. Após ligeiro tumulto, provocando pela fuga do pavilhão, de três presos marcados para morrer, retomamos o diálogo com os outros dois líderes, chamados "Roney Boy" e "Diferente", que apesar de concordarem em liberar nove corpos, em troca de alimentação para os monitores reféns, afirmaram que o movimento somente se encerraria no dia seguinte.
Diante desse quadro, a comissão suspendeu as negociações, entendendo que somente não ocorrera a liberação dos reféns. Tudo o que foi reivindicado fora negociado, na presença das autoridades com poder de decisão, inclusive na presença da imprensa (por solicitação dos presos).
Eu estive na comissão, representando a OAB-MA (Comissão de Direitos Humanos) e entendi que a minha missão havia também se esgotado ali, retomando atividades em outros municípios, com São Bento (onde participei de audiência envolvendo os quilombolas da comunidade de Cruzeiro), São Vicente (onde fora morto o quilombola Flaviano Pinto Neto, da comunidade do Charco), e posteriormente em Barra do Corda, onde estou agora.
Acompanhei via rádios AM o desfecho da rebelião no dia seguinte. Achei estranho que novas negociações se desenvolveram, com a presença de um Pastor. Os presos teriam encerrado a rebelião por obra e graça da intervenção de uma seita religiosa, segundo alguns jornais. Eu tenho certeza de que não foi bem assim. A rebelião tinha data e hora para terminar, desde o dia anterior. E aqueles presos, que cortam cabeças e esfolam colegas de cela, não são propriamente pessoas que se dobrem por um discurso religioso. Se duvidar, fazem tudo de novo, quem sabe, até com mais crueldade.
Quem se apresentou para negociar novas demandas, sem o comprometimento público das autoridades com poder de decisão, agora ficará em situação delicada. Na terça-feira, do alto do seu discurso religioso, um Pastor mediou um compromisso que não seria cumprido: a não-transferênca dos líderes da rebelião para presídios de segurança máxima fora do Estado do Maranhão. E agora?
Por estas e outras que tenho muito cuidado antes de me expor em comissões de negociações. Negociador não promete, media. Quem deve assumir a pauta é a autoridade pública. Ela é que tem que olhar no olho do preso e dizer se aceita ou não a reivindicação. Presídio não é lugar para proselitismo religioso. Até porque se sabe que as conversões não ocorrem ao lado de cadáveres. Com cabeças rolando na grama, negocia-se com homens capazes de fazer qualquer coisa.
5 comentários:
JESUS converteu 1 dos dois ladrões que tb estavam na cruz na hora da morte lembra?
Vamos vêr o que a bíblia diz sobre os presos:
Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo. Hebreus 13:3
O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; Isaías 61:1
6 Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios.
Para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.
Is 42
Mateus 25 : 36 (Veja o capítulo inteiro)
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Senhor Pedrosa depois que tudo se resolve todos querem os ônus,desta feita assim como você muitos têm outras obrigações para cumprir e deu para pecerber que não tinha nada resolvido porque, se tivesse não se extenderia até o dia seguinte, agredito que o referido pastor Marcos Pereira o qual não o conheço e não tenho procuração para defendê-lo, não veio de longe se oferecer para tal missão que ficou abandonada no meio do caminho por pessoa igual a você que tem uma posição digna de ser defensor dos direitos humanos, porque tal função não é só ouvir reclamações de parente de preso é também lutar para que a situação não chegue a esta calamidade.Então seria interessante respeitar a contribuição de cada um que deu o pouco de se, assim como você, contribui, mesmo depois acompanhando pelo rádio por ter algo mais importante a fazer. Assim é o dia a dia das pessoa que estão lá, ou seja, todos têm algo mais importante para fazer de que dar atenção ao detentos. Obrigado.
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