Causa estupor saber que os criminosos sitiados na favela do alemão tenham fugido através de galerias construídas por obras do PAC. Trabalhadores da empresa teriam sido obrigados a construir galerias amplas para facilitar a passagem de bandidos.
Durante o cerco, constatamos que o sistema de segurança ainda não tinha informações confiáveis sobre a posição do bandidos, os possíveis quartéis generais e rotas de fuga. No último caso, mais de três mil ligações do disque-denúncia não foram o bastante para o acesso a essas informações, de algum morador.
Diante de tais falhas, os principais líderes do narcotráfico das favelas do Cruzeiro e do Alemão continuam soltos e vão se organizar certamente em outras favelas ou até mesmo em outros Estados. Haveria tido um acordo, para evitar o confronto final, com muitas baixas?
Como é possível constuir galerias, por intermédio de ameaças a trabalhadores de uma empresa, no meio de uma favela, sem que nenhuma informação pudesse ser colhida pelo sistema de segurança do Rio?
Nas favelas os moradores poderiam denunciar anonimamente. Até a própria polícia tem amigos e familiares que moram nos morros e poderiam denunciar tais fatos. Porque não se planejou o cerco, contando com rotas de fuga tão evidentes?
Não é verdade que os criminosos que escaparam do cerco passariam a conviver com dificuldades, fora de seu território de atuação. Essas organizações criminosas estão espalhadas por outras favelas, onde a polícia sequer sonha em ir, o que possibilitará a reestruturação territorial de seus membros, em outras localidades.
Por essas e outras é que se diz que o objetivo do sistema de segurança carioca é a retomada de espaços geográficos estratégicos para a expansão do mercado imobiliário, às vésperas das Copa Mundo e das Olimpíadas.
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