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J. B. Libanio
Padre jesuíta, escritor e teólogo. Ensina na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), em Belo Horizonte, e é vice-pároco em Vespasiano
Adital
A população mundial anda pela faixa dos 7 bilhões. Gigantesco problema de alimentação. A fome não suporta adiar soluções. Se essas não chegam, as respostas chamam morte e revolta até a beira do caos. Caminhamos, sem dúvida, para momentos de explosão, quando as cifras da FAO nos falam de 1 bilhão de famintos. Com mínimo de fantasia, imaginamos hordas de famélicos a invadirem e destruírem tudo o que encontram.
A propaganda capitalista aponta a solução pela via do agronegócio e da pecuária em escala industrial. Mas, até então, assistimos ao terrível paradoxo do desperdício sem limite, de um lado, e, de outro, a fome a crescer. Junto com esse desafio sem medida, deparamos com o modelo devastador da pecuária industrial e da economia "verde", que deixa intacta a estrutura do sistema. Este responde pela hecatombe perversa a ameaçar-nos.
Fixemo-nos na pecuária. Primeiro fato: o crescimento do consumo de carne tem aumentando enormemente. Se ele fosse bem-disseminado pelos continentes e países, soaria alvissareiro. Mas a desigualdade geográfica e de classe revela-lhe a ilusão. Os países do Norte aumentam o consumo e os do Sul permanecem estancados no espaço da fome.
Segundo fato: aposta-se no novo modelo industrial e intensivo a provocar verdadeira "revolução pecuária", com incremento exponencial da produção e do consumo de carne e derivados. Isso tem implicado uso intensivo do solo, insumos químicos, modificações genéticas. Por trás estão transnacionais poderosas que escapam dos controles do governo e da sociedade civil.
A "industrialização" da carne está a gerar horríveis impactos ambientais, sociais e na saúde humana. Em certas regiões, a pecuária tem-se tornado a principal ocupadora da terra agrícola, seja pela via direta da pastagem, seja indireta para produzir ração. Seguem-se a ambas o desmatamento e a degradação dos solos.
Expulsam-se pequenos proprietários para transformar-lhes as plantações em pastos ou plantação de alimento para o gado. Seres humanos sofrem fome ao lado de gigantescas terras plantadas para alimentar os animais. Mais importa nutrir o gado que as pessoas. Por maldade? Não diretamente. Porque as pessoas não produzem tanto lucro quanto o gado.
Os efeitos colaterais de tal cultivo intensivo ameaçam a vida na Terra. Além da degradação do solo, os excrementos e o uso de agrotóxicos na produção da forragem envenenam as águas. A criação de porcos contaminou toda a rede de lençóis freáticos de enorme região na França. A água potável precisa vir de outro lugar. Mais: calcula-se que a pecuária industrial produz mais gases de efeito estufa que o setor de transporte. Além do CO2, o gado expele o óxido nitroso, o metano e o amoníaco, que contaminam o ar, acidificam águas e solo.
Assusta-nos ainda mais o dado de que a pecuária industrial na Europa consome a metade dos antibióticos comercializados, quer na preparação da ração, quer para evitar doenças. Imaginem que carne contaminada estamos a comer. Tudo sob o nome da produtividade e do lucro.
A propaganda capitalista aponta a solução pela via do agronegócio e da pecuária em escala industrial. Mas, até então, assistimos ao terrível paradoxo do desperdício sem limite, de um lado, e, de outro, a fome a crescer. Junto com esse desafio sem medida, deparamos com o modelo devastador da pecuária industrial e da economia "verde", que deixa intacta a estrutura do sistema. Este responde pela hecatombe perversa a ameaçar-nos.
Fixemo-nos na pecuária. Primeiro fato: o crescimento do consumo de carne tem aumentando enormemente. Se ele fosse bem-disseminado pelos continentes e países, soaria alvissareiro. Mas a desigualdade geográfica e de classe revela-lhe a ilusão. Os países do Norte aumentam o consumo e os do Sul permanecem estancados no espaço da fome.
Segundo fato: aposta-se no novo modelo industrial e intensivo a provocar verdadeira "revolução pecuária", com incremento exponencial da produção e do consumo de carne e derivados. Isso tem implicado uso intensivo do solo, insumos químicos, modificações genéticas. Por trás estão transnacionais poderosas que escapam dos controles do governo e da sociedade civil.
A "industrialização" da carne está a gerar horríveis impactos ambientais, sociais e na saúde humana. Em certas regiões, a pecuária tem-se tornado a principal ocupadora da terra agrícola, seja pela via direta da pastagem, seja indireta para produzir ração. Seguem-se a ambas o desmatamento e a degradação dos solos.
Expulsam-se pequenos proprietários para transformar-lhes as plantações em pastos ou plantação de alimento para o gado. Seres humanos sofrem fome ao lado de gigantescas terras plantadas para alimentar os animais. Mais importa nutrir o gado que as pessoas. Por maldade? Não diretamente. Porque as pessoas não produzem tanto lucro quanto o gado.
Os efeitos colaterais de tal cultivo intensivo ameaçam a vida na Terra. Além da degradação do solo, os excrementos e o uso de agrotóxicos na produção da forragem envenenam as águas. A criação de porcos contaminou toda a rede de lençóis freáticos de enorme região na França. A água potável precisa vir de outro lugar. Mais: calcula-se que a pecuária industrial produz mais gases de efeito estufa que o setor de transporte. Além do CO2, o gado expele o óxido nitroso, o metano e o amoníaco, que contaminam o ar, acidificam águas e solo.
Assusta-nos ainda mais o dado de que a pecuária industrial na Europa consome a metade dos antibióticos comercializados, quer na preparação da ração, quer para evitar doenças. Imaginem que carne contaminada estamos a comer. Tudo sob o nome da produtividade e do lucro.
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