segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mortos que ainda gemem no sepulcro

Até hoje tramita (ou tartaruga), na Comarca de Santa Inês, o processo que apura a chacina do Bando Bel (José Humberto Gomes de Oliveira), ocorrido na localidade Barro Vermelho, povoado localizado na BR-222, mais ou menos a 25 km de Santa Inês.

Os quatro integrantes do “Bando Bel” José Vera Cruz Soares, o “Cabo Cruz”; Israel Cunha, o “Fala Fina”; e Marcondes de Oliveira Pereira, o “Marcone”, primo de Bel) foram levados de São Luís para Santa Luzia do Tide para participar de uma estranha acareação, com o objetivo de esclarecer o assassinato de um vereador da cidade – Antonio Pereira Filho, o “Rolamento” –, acontecido dias antes da morte do delegado Stênio Mendonça.

O bando foi preso no Pará, em 21 de junho de 1997, acusado de também executar o delegado Stênio, fato ocorrido no dia 25 de maio do mesmo ano. A escolta policial, para a diligência judicial, era composta por quatro policiais da Delegacia Regional, por quatro policiais da Delegacia de Roubos e Furtos e por dez policiais militares do COPE, acompanhados por três Delegados. O ato judicial ocorreria doze dias após a prisão do grupo.

Segundo o Ministério Público, não teria havido a abordagem da escolta por outro grupo de pessoas, na altura do Barro Vermelho. Testemunhas que moravam nos arredores confirmaram o fato. Policiais que integravam a escolta também afirmaram isso. O que mais falou sobre o assunto, por nome Mendonça, cometeu um suicídio, não menos estranho, posteriormente. Bala no ouvido esquerdo, quando era destro. Para o Ministério Público, a chacina teria sido planejada previamente, pelos policiais que integravam a escolta, por ordens que "vinham de cima".

Foram denunciados pelo Ministério Público os policiais e os três delegados, que faziam a escolta.  Por que esse processo criminal nunca chegou ao fim?

O bando Bel prestou serviços a muita gente grande, contribuindo para o desfecho de difíceis lutas políticas e disputas de poder em vários municípios maranhenses. Decerto, sabiam de coisas que poderiam atingir interesses grandiosos, por isso foram silenciados rapidamente.

A pistolagem no Estado sempre funcionou assim. Sempre teve um pé dentro dos poderes constituídos. Sempre foi últil a determinados segmentos da classe política e de setores econômicos.

Espero que, no caso do jornalista Décio Sá, o processo de apuração do crime não demore tanto quanto o processo envolvendo a chacina do Bando Bel. Mas que se assemelham, não tenhamos dúvidas...




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