Na quarta-feira que se aproxima o assassinato do Jornalista Décio Sá completará um mês. Nunca apreciei o tipo de jornalismo que Décio fazia. Afirmei e continuo afirmando que ele não é o único a adotar esse modelo. Por expressar minha opinião, fui duramente criticado, por uma trupe de jornalistas, com argumentos do mais baixo nível. Vi de tudo, inclusive uma tentativa desesperada de interpretar o meu texto, no sentido inverso.
Dentre os inúmeros e absurdos ataques, vi jornalistas afirmarem que eu não era a favor da punição aos assassinos de Décio, ou que teria feito uma crítica de cunho racista, ao usar a expressão "gorilas diplomados", como se me tivesse referindo diretamente ao morto, e não a um determinado grupo de jornalistas. O tempo também faz a sua justiça.
As investigações trouxeram à luz, alguns detalhes que antes haviam passado desapercebidos, para esse jornalismo da brutalidade. Rumores na cidade são ouvidos, mas ninguém se atreve a falar publicamente nada.
Ao tempo em que era criticado sistematicamente, andei livremente nas ruas, onde era cumprimentado euforicamente. Por autoridades, por empresários, por outros jornalistas, por políticos... enfim, por gente que certamente pensa como eu, mas por diversas razões, não teria a coragem de se manifestar naquele momento.
Observei atentamente o quão hipócrita é a nossa província. O quão sitiados estão os maranhenses, obrigados a esconder o que pensam, temendo retaliações. Esse domínio quase total das pessoas só ocorre no Maranhão.
Naqueles dias, eu apanhei para dar exemplo. Todos eram obrigados a amar Décio. Mais do isso, eram obrigados a afirmar o jornalismo de Décio como um modelo a ser seguido. Afinal, o patrão sabia e bancava o modelo. Eu era o herege a ser excomungado.
Como um bom crocodilo, tenho o couro grosso. Mas nunca fui falso e nem hipócrita.
No decorrer do tempo, Décio foi sendo abandonado pelos seus amigos e defensores mais vorazes. O primeiro deles foi o próprio Governo. Esse movimento de patrão, fez recuar o clamor dos mais ávidos. Parece até que um sinal foi dado.
A palavra tabu agora é PISTOLAGEM. Não se pode dizer que ela existe. Se pudessem, apagariam ela do dicionário. O crime de mando exige a identificação do mandante. Se o mandante é poderoso, falar em pistolagem incomoda.
Um mês se foi e bem poucos estão agora realmente desejando saber porque Décio foi morto. Sem falar, em pistolagem, restou ao morto as cerimônias religiosas e o SILÊNCIO dos amigos.
Um comentário:
Se nem o retrato falado saiu imagine o mandante, mas torço para desvendar esta barbarie.
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