Confronto ocorreu quando lideranças do ato negociavam mudança no trajeto da manifestação
RIO E SÃO PAULO – Manifestantes voltaram a protestar nesta quinta-feira no Centro do Rio e em São Paulo contra o reajuste da tarifa do transporte coletivo. O quarto e mais violento dia de protestos transformou, novamente, o Centro da capital paulista em um campo de batalha — desta vez marcado pela pesada ação da Tropa de Choque da PM contra o grupo que tomava as principais avenidas da cidade. Segundo os organizadores do Movimento Passe Livre (MPL), a operação policial feriu cerca de cem manifestantes. Sete jornalistas que faziam a cobertura do ato também foram feridos. Não houve acordo com o governo e a prefeitura para a redução das tarifas. Os PMs detiveram, para averiguação, 237 pessoas, das quais oito continuavam presas durante a noite desta quinta-feira. O MPL anunciou que os protestos não vão parar. Nova mobilização foi convocada para a próxima segunda-feira. (SIGA AQUI A REPERCUSSÃO DOS PROTESTOS NAS REDES SOCIAIS)
Pouco mais de uma hora depois de ter iniciada a passeata manifestantes e policiais entraram em conflito violento na região central da capital paulista. O tumulto ocorreu nas esquinas da Avenida Consolação e da Rua Maria Antônia. Por parte dos policiais foram atiradas bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha. Cerca de 20 mil pessoas, segundo os organizadores, caminharam por mais de uma hora. A confusão começou quando a multidão chegou ao final do percurso que havia sido combinado com a Polícia Militar.
A polícia adotou um procedimento diferente do que vinha usando nos atos anteriores. Um cordão de isolamento foi feito no entorno do local da concentração do protesto, no Theatro Municipal, para que houvesse uma revista de quem chegava para o ato. A PM informou ter apreendido nesse pente-fino dois coquetéis Molotov, máscaras, álcool e uma faca.
O confronto em São Paulo deu-se no momento em que lideranças do movimento negociavam com a polícia uma mudança no percurso do protesto. Inicialmente havia sido acordado um encerramento na Praça Roosevelt, mas os manifestantes queriam seguir até o Parque Ibirapuera.
Alguns manifestantes atearam fogo a sacos de lixo, fechando duas ruas para impedir a chegada de policiais. Ônibus também foram pichados.
O jornal “Folha de S. Paulo” informou que teve sete repórteres atingidos por tiros de balas de borracha. Dois deles no rosto. Uma repórter foi atingida no olho quando estava num estacionamento na Augusta: um carro da Rota se aproximou e um PM atirou contra ela.
No Rio, cerca de dois mil manifestantes fecharam totalmente a Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, em mais um protesto contra o aumento da passagem dos ônibus, no fim da tarde desta quinta-feira. O grupo, que ficou concentrado na Candelária, passou pela Avenida Presidente Vargas, que chegou a ser interditada na altura da igreja, nos dois sentidos.
Manifestantes continuam presos
O Movimento Passe Livre (MPL) divulgou nesta quinta-feira ter obtido na Justiça alvarás de soltura para dois dos 13 manifestantes presos na última terça-feira no protesto contra o reajuste da tarifa do transporte público em São Paulo. Para cada um dos dois, foi estipulada fiança de R$ 3 mil, valor pago pelo MPL.
Antes da chegada do alvará de soltura, eles foram transferidos para a penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Inicialmente, eles seria transferidos para o Centro de Detenção Provisória Belém 2, na capital paulista, e, por isso, o alvará de soltura foi encaminhado para essa unidade prisional ontem. Um novo alvará precisou ser expedido hoje pela Justiça para ser entregue em Tremembé. Por causa da confusão, o MPL acredita que os dois manifestantes ainda passarão mais esta noite no presídio.
Há ainda um manifestante, para o qual foi arbitrada fiança de R$ 20 mil, que continua preso. Os demais — 10, ao todo — foram indiciados por formação de quadrilha e não têm direito à liberdade mediante o pagamento de fiança. O MPL informou que já entrou com pedido de habeas corpus para oito deles. Dois estão com advogados constituídos por familiares.
A resposta negativa do governo de São Paulo à proposta de suspensão temporária do aumento da tarifa de ônibus em São Paulo deve levar mais pessoas nesta tarde de quinta-feira ao Theatro Municipal, no centro da cidade, na avaliação de Nina Cappello, líder do Movimento Passe Livre (MPL).
Nas passeatas anteriores, policiais têm mantido distância dos manifestantes e atuado para liberar faixas de trânsito e também na dispersão do grupo, momento em que ocorreram confrontos em dois dos três protestos realizados até agora.
Para Nina Cappello, o reforço da polícia é uma tentativa de tirar as pessoas da rua e evitar uma manifestação, que ela considera legítima.
Protestos em Porto Alegre e Maceió
Em Porto Alegre também houve protesto contra o valor da passagem de ônibus. Os manifestantes entraram em confronto com a polícia. A Brigada Militar usou bombas de efeito moral para dispersar os militantes. Segundo o G1, 23 pessoas foram presas e sete pessoas ficaram feridas, entre elas um policial.
Em Maceió, estudantes fizeram um protesto na tarde de quinta-feira contra o aumento da tarifa de ônibus. A concentração foi em frente à Transpal, na Avenida Buarque de Macedo, e em seguida os manifestantes seguiram em passeata pelas ruas do centro.
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