quarta-feira, 5 de junho de 2013

Índio baleado em confronto no MS ainda está em estado grave

Segundo médico, projétil que atingiu Josiel Gabriel Alves, de 34 anos, continua alojado perto da sétima vértebra da coluna cervical

Agência Brasil (Email · Twitter)
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Índio Josiel Gabriel Alves baleado em confronto no Mato Grosso do Sul. Imagem foi publicada nesta quarta-feira no Facebook Resistência do Povo Terena
Foto: Reprodução
Índio Josiel Gabriel Alves baleado em confronto no Mato Grosso do Sul. Imagem foi publicada nesta quarta-feira no Facebook Resistência do Povo Terena Reprodução
BRASÍLIA – Embora não corra risco de morrer e esteja consciente, é grave o estado de saúde do índio terena baleado nesta terça-feira durante um novo confronto ainda não esclarecido ocorrido na região de Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, onde fica a Fazenda Buriti. Um índio da mesma etnia foi morto na quinta-feira passada, durante uma ação coordenada pela Polícia Federal (PF) para desocupar a fazenda.
Segundo o diretor técnico da Santa Casa de Campo Grande, Luis Alberto Hiroki Kanamura, o projétil que atingiu Josiel Gabriel Alves, de 34 anos, continua alojado perto da sétima vértebra da coluna cervical. Médicos neurologistas especialistas em coluna aguardam os resultados da ressonância magnética e da tomografia para decidir se há possibilidade de intervenção cirúrgica e verificar se há riscos de sequelas.

Alves é primo de Osiel Gabriel, 35 anos, morto na última quinta-feira durante a desocupação da Fazenda Buriti. Nesta quarta-feira, ele recebeu a visita do assessor do ministro da Justiça Marcelo Veiga. Técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) acompanham o atendimento a Josiel Gabriel Alves.
Segundo Otoniel Terena, irmão de Gabriel e primo de Alves, os índios se sentem injustiçados e abandonados pelo Estado brasileiro.
— Um índio teve que ser morto para o governo fazer algo — disse Otoniel à Agência Brasil, referindo-se à ida do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Mato Grosso do Sul nesta quarta-feira.
— Ficamos com uma terrível sensação de que estamos sendo injustiçados e que o governo não faz nada. O governo diz que é difícil resolver o problema, mas os fazendeiros (sul-mato-grossenses) já aceitaram vender suas terras se o governo pagar por tudo — completou Otoniel, defendendo a indenização integral, ou seja, pela terra e benfeitorias, como solução para a disputa entre índios e produtores rurais que tenham títulos de propriedades devidamente regularizados.
De acordo com o terena, Alves foi baleado enquanto acompanhava um grupo de cerca de cem índios que tentavam ocupar uma propriedade vizinha à Fazenda Buriti.
— Os parentes não chegaram a entrar na fazenda porque foram recebidos à bala. Um dos tiros atingiu o Josiel (Alves), que continua internado. Nós agora recuamos, mas continuamos na Buriti — acrescentou.
Ao desembarcar em Campo Grande nesta quarta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou que haja falta de vontade política ao governo federal para resolver a “complexa” questão indígena.
— O governo federal cumpre a Constituição Federal, que estabelece os parâmetros do que tem que ser feito. Por isso entendemos que esta é uma questão que não depende apenas da vontade política de A, B ou C — disse Cardozo.

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