11/06/2013 - 16h51
Folha de São Paulo
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FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
Pela quinta vez consecutiva num prazo de dois meses, a comissão
de Direitos Humanos da Câmara adiou a votação de projeto que permite aos
psicólogos promover tratamento com o objetivo de curar a homossexualidade.
A proposta, conhecida como "cura gay", era a única na pauta do
grupo nesta terça-feira (11), mas a conclusão do debate foi adiada com o início
da votação no plenário da Casa.
O projeto de decreto legislativo, de autoria do deputado João
Campos (PSDB-GO), suspende dois trechos de resolução instituída em 1999 pelo
Conselho Federal de Psicologia. O primeiro trecho afirma que "os psicólogos não
colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das
homossexualidades".
A proposta anula ainda artigo da resolução que determina que "os
psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos,
nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais
existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem
psíquica".
Na justificativa do documento, Campos afirma que o conselho
"extrapolou seu poder regulamentar" ao "restringir o trabalho dos profissionais
e o direito da pessoa de receber orientação profissional".
BATE-BOCA
Durante a sessão, houve discussão entre o presidente da
comissão, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), e o deputado Simplício Araújo
(PPS-MA), autor de requerimento apresentado hoje pedindo a retirada do projeto
da pauta.
O requerimento foi rejeitado pela maioria dos presentes e Araújo
voltou a pedir a palavra. Feliciano, no entanto, desligou o microfone do
congressista após alguns minutos. "O senhor está tolhendo a minha palavra. (...)
Eu quero registrar que isso aqui é uma ditadura", reclamou Araújo.
Feliciano argumentou que o deputado teria tempo para argumentar
sobre o projeto num próximo momento, durante a votação da proposta. "Assim que
chegar o seu momento vou deixá-lo", disse o presidente da comissão.
Sergio Lima - 27.mar.2013/Folhapress | ||
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O deputado Marco Feliciano (esq.) com o colega de Câmara Jean Wyllys, durante sessão da Comissão de Direitos Humanos |
Mais tarde, Araújo teve direito a 15 minutos de fala. O deputado
argumentou ser necessário maior número de audiências públicas sobre o assunto e
de debate na comissão.
"Eu acho que o projeto é serio, foi pejorativamente apelidado de
"cura gay", e acho que precisamos de um carinho especial sobre o que estamos
fazendo aqui. Vamos dar vazão a uma matéria que não vai passar pela Comissão de
Constituição e Justiça, com toda certeza", disse Araújo.
Feliciano rebateu a afirmação do colega. "Ele tem bola de
cristal para saber o futuro? As outras comissões
têm pessoas contrárias e pessoas favoráveis", disse. O pastor afirmou que, se
for permitido pelo regimento interno da Casa, pode convocar sessão
extraordinária amanhã para concluir a votação.
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