Blog do Alto
Após mais uma interdição da Estrada de Ferro Carajás, a quarta somente este mês, realizada ontem (27), na altura do Km 186, em Monção, por aproximadamente 500 pessoas de comunidades do Município e comunidades de São Benedito e Vila Diamante, do Município de Igarapé do Meio, a Vale, em nota divulgada no Portal G1, tenta responsabilizar o Prefeito de Alto Alegre do Pindaré, Atemir Botelho, pelas interdições na Ferrovia.
O Blog conversou com o Prefeito e o mesmo afirma que é um dos responsáveis pela criação do COMEFC – Consórcio dos Municípios da Estrada de Ferro Carajás, assim como outros prefeitos. Sobre as interdições, o Prefeito Atemir Botelho afirma que o Consórcio vem realizando audiências públicas em todos os 23 municípios cortados pela Estrada de Ferro Carajás, com o objetivo de esclarecer à população sobre o descaso da Vale e suas obrigações socioambientais. “As comunidades que margeiam a ferrovia sempre reivindicaram seus direitos, reclamam do barulho ensurdecedor, das trepidações, da ausência de viadutos e passarelas, dentre outros males causados pela passagem dos trens. Mas, as comunidades nunca foram ouvidas. O Consórcio é um reflexo desse descaso da Vale e dessas reivindicações da população. Agora, todos juntos, vamos FAZER VALER A PENA”, disse o Prefeito.
Das quatro paralisações realizadas somente este mês, duas delas aconteceram após a realização de audiências públicas do COMEFC e as outras duas foram realizadas por Comunidades Indígenas, também no Município de Alto Alegre do Pindaré. As comunidades atingidas pela ferrovia reivindicam, através do Consórcio, pagamento de compensações socioambientais por parte da Vale.
Conforme informações divulgadas nas audiências, a Vale, quando veio se instalar no Maranhão, prometeu compensar os transtornos e impactos socioambientais com investimentos que elevassem o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) das comunidades cortadas pela ferrovia, que totaliza, aproximadamente, 76% de toda a malha ferroviária. Em 2012, o lucro da Empresa foi superior a 22 bilhões de reais; no Estado do Pará, ela pagou cerca de 500 milhões de reais em impostos, enquanto no Estado do Maranhão, principalmente nos 23 municípios cortados por ela, o saldo investido foi ZERO. Os dados levantados pelo COMEFC são: 220 mil famílias na miséria, mortes nos trilhos (159 pessoas e 285 animais), além de prostituição infantil, doenças pulmonares, casas rachadas e meio ambiente devastado, dentre outras coisas.