terça-feira, 2 de julho de 2013

Pastor Marcos começa a ser julgado por estupro

 

Revista Veja

Vítima de abuso sexual cometido em 2006 disse ter cedido a estupro por imaginar que o pastor era um “enviado de Deus”os

 O pastor Marcos Pereira, preso por estupro, chega para audiência no Fórum do Rio de Janeiro - Daniel Ferrentini-Ag. O Dia-01-07-2013
O julgamento do pastor Marcos Pereira começou nesta segunda-feira, na 2ª Vara Criminal de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, com os depoimentos de quatro testemunhas de acusação, duas de defesa e do próprio pastor. Uma das vítimas, em um depoimento de duas horas e meia, confirmou ter sido estuprada e disse que na época, em 2006, achava que o pastor Marcos era um “enviado de Deus”. Ela é ex-fiel da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias e, desde o crime, afirmou sentir receio de deixar a igreja e ir para o inferno. A vítima também informou à Justiça ter medo de ser morta a mando do pastor.

Outras três testemunhas disseram que foram abusadas pelo pastor Marcos quando eram fieis da igreja. Duas delas eram menores de idade e relataram ter sido obrigadas a participar de orgias.
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A defesa ouviu uma frequentadora e a secretária da igreja, que disse ter visto a vítima ‘feliz’ e com aparência de que vivia bem. As duas afirmaram não conhecer qualquer conduta suspeita do pastor.

Marcos Pereira se defendeu, negou todas as acusações e colocou a culpa no Grupo Cultural AfroReggae - entidade chefiada por José Júnior, desafeto do pastor. De acordo com o réu, integrantes do grupo convenceram as testemunhas a depor contra ele. O processo entra na fase de alegações finais e, depois, será dada a sentença.
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Histórico - O pastor foi preso na noite do dia 7 de maio deste ano no Rio de Janeiro. Agentes da Delegacia Especial de Combate às Drogas (DCOD) detiveram o pastor na Rodovia Presidente Dutra. Contra Pereira havia dois mandados de prisão preventiva com base em acusações de estupro - como VEJA revelou em 2012.

Influente na política e frequentemente visto na companhia de autoridades, Marcos Pereira ganhou notoriedade com seu poder de convencimento sobre criminosos presos, o que rendeu a ele uma imagem de “pacificador”. Marcos Pereira chegou a trabalhar em parceria com o Grupo Cultural AfroReggae, que se dedica a recuperar jovens que tiveram envolvimento com o tráfico.

A parceria acabou a partir de uma troca de acusações entre Pereira e o líder do grupo, José Júnior. Em fevereiro de 2012, Júnior deu uma entrevista ao jornal carioca Extra na qual acusava Pereira de ter ordenado ataques do tráfico em vários pontos do estado em 2006 – no episódio que deixou vinte pessoas mortas e ficou conhecido com “Rio de sangue”.

O pastor sempre negou as acusações e moveu ação contra José Júnior por calúnia. Júnior chamou, à época, o pastor e ex-aliado de “psicopata” e disse ter sido ameaçado por ele.

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