terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Juízes criticam associação por nota contra Corregedoria do CNJ


http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2011/12/24/noticiapoliticajornal,2362774/juizes-criticam-associacao-por-nota-contra-corregedoria-do-cnj.shtml


Juízes federais usaram o próprio grupo de discussão online da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), para discordar do posicionamento da entidade em relação a atuação da Corregedoria do CNJ.
Corregedora Eliana Calmon tem sofrido ataques dos magistrados (ANTONIO CRUZ/ABr) 
Corregedora Eliana Calmon tem sofrido ataques dos magistrados (ANTONIO CRUZ/ABr)

Juízes federais incomodados com a atuação da associação que os representa, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), estão usando o grupo de discussão online da própria entidade, para criticá-la. A Ajufe é uma das signatárias da ação que suspendeu, última segunda-feira, a investigação sobre a evolução patrimonial de magistrados e servidores do Judiciário. Um dos juízes que enviaram mensagem aos colegas é o titular da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Odilon de Oliveira, que apura crimes financeiros e de lavagem de dinheiro.

Ele reclama do fato de a Ajufe não ter consultado seus filiados antes de adotar a posição contra a corregedoria. “O presidente da Ajufe tem a prerrogativa de publicar notas, mas como esse tema envolve interesse de todos os juízes, teria a necessidade de ter consultado os associados. Acho que a posição da Ajufe conjunta com a AMB [Associação dos Magistrados Brasileiros], foi agressiva, desproporcional, e não baseada em prova de que houve quebra de sigilo, disse.

Ele também acredita que Eliana Calmon passou a ser atacada porque começou a investigar a elite da Justiça. Investigar a elite dói. Há reação da própria elite, que começa a acusar o investigador e procurar formas de derrubá-lo, argumenta. Para Oliveira, o acesso a dados sigilosos de juízes deve ser irrestrito ao órgão de controle porque os magistrados recebem do Estado e têm a enorme responsabilidade de lidar com o patrimônio alheio.

O juiz titular da 1ª Vara Federal de Bauru (SP), Roberto Lemos, também disse que usou o grupo de discussão da Ajufe para mostrar que não concorda com a entidade. Indaguei porque o presidente da associação está questionando um ato legítimo da corregedoria nacional de investigar e apurar problemas, em uma briga que não é dos juízes federais. Ele também diz que não foi consultado pela entidade sobre o caso.

Lemos, que foi auxiliar do CNJ na gestão passada, diz que a corregedoria vem atuando em casos difíceis de serem investigados pelos tribunais locais, como nepotismo e situações de assédio sexual em banca de concurso. Ele acredita que sem o trabalho do CNJ, os maus hábitos se perpetuariam. “Não consigo entender a quem interessa isso [impedir a fiscalização de juízes]. Quem não deve não teme”.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Três associações representativas de juízes pediram ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que abra investigação para apurar o suposto vazamento de dados sigilosos de juízes durante inspeção da Corregedoria Nacional de Justiça.

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