sábado, 25 de agosto de 2012

Policial indiciado no 'Caso Décio Sá' também está envolvido em grilagem


http://www.jornalpequeno.com.br/2012/8/21/policial-indiciado-no-caso-decio-sa-tambem-esta-envolvido-em-grilagem-211975.htm


21 de agosto de 2012 às 10:12
POR OSWALDO VIVIANI

O agente da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) Alcides Nunes da Silva – uma das 13 pessoas indiciadas, na semana passada, por envolvimento no assassinado do jornalista Décio Sá, ocorrido em abril – também é investigado no inquérito da própria Seic sobre grilagem de terras em municípios da Grande Ilha de São Luís.
Tanto Alcides como seu irmão, o delegado aposentado Sebastião Justino da Silva Neto, teriam comprado em 2004, no povoado Pindoba (Paço do Lumiar), terras registradas por meio de documentos fraudados.
Os nomes de Alcides e Justino aparecem no inquérito presidido pelo delegado Carlos Alberto Damasceno, assim como o do então secretário de Segurança Pública do Maranhão, Raimundo Soares Cutrim, hoje deputado estadual pelo PSD.
Delegado Damasceno investiga máfia da grilagem de terras
Segundo o delegado Damasceno, o corretor de imóveis Sebastião Cardoso Filho, com documentos inválidos, vendeu, em 2004, 6,93 hectares de terras (quase 10 mil metros quadrados) para Alcides Nunes, 16,80 hectares para Sebastião Justino e 81,78 hectares para Raimundo Cutrim.
A fraude documental – já confirmada pela polícia e que teve a participação do Cartório do 1º Ofício Extrajudicial de São José de Ribamar, de propriedade de Alberto Franco (deputado estadual do PMDB, licenciado, e secretário estadual de Assuntos Estratégicos) – lesou os reais proprietários das terras, roceiros humildes, atualmente representados por Sinésia Isidora de Melo, de 74 anos. O secretário Alberto Franco foi indiciado pela polícia.
A comissão de delegados para investigar a grilagem de terras na Grande Ilha de São Luís foi criada após o assassinato do empresário Marggion Lanyere Ferreira Andrade, ocorrido em outubro do ano passado. O então vereador por Paço do Lumiar Edson Arouche Júnior, o “Júnior do Mojó”, e o corretor de imóveis Elias Orlando Nunes Filho foram apontados pela polícia como mandantes do crime.
Marggion decretou sua morte quando descobriu que um terreno seu no Araçagi foi grilado por Mojó e Elias. Os executores do crime estão presos. “Júnior do Mojó” e Elias, com prisões preventivas decretadas, permanecem foragidos.
Policiais no ‘caso Décio’ – Alcides Nunes da Silva e outro policial da Seic, Joel Durans Medeiros, foram citados, em depoimento à polícia, pelo suspeito de agiotagem Gláucio Alencar Pontes Carvalho, apontado como um dos mandantes do assassinato do jornalista Décio Sá.
Os policiais teriam agido em favor de Gláucio quando este supostamente foi ameaçado de morte pelo também suspeito de agiotagem Fábio Brasil, executado em Teresina (PI), no final de março passado, pelo mesmo assassino confesso de Décio Sá, o paraense Jhonathan de Sousa Silva.
Tanto Alcides como Durans foram afastados, em junho, das investigações do “caso Décio Sá”, centralizadas na Seic.
Os dois policiais – que estariam trabalhando normalmente – estão entre os 13 indiciados no inquérito que apurou o assassinato de Décio. O inquérito foi entregue pela Polícia Civil à Justiça na sexta-feira (17).
A informação sobre o indiciamento dos dois policiais foi confirmada pelo Jornal Pequeno ontem (20), por meio de duas fontes da SSP, mas a polícia não divulgou oficialmente seus nomes, assim como os de outras duas pessoas. “Temos motivos para isso [a não divulgação de 4 nomes]”, disse ao JP, por telefone, o subdelegado geral Marcos Affonso Júnior.
Outros três indiciados estão foragidos e uma pessoa – Airton Martins Monroe –, que a polícia, desde a deflagração da operação “Detonando”, em junho passado, sempre incluiu entre os presos por envolvimento no “caso Décio Sá”, não aparece entre os indiciados e nenhuma informação foi dada pela SSP sobre sua atual situação.
CASO DÉCIO SÁ: OS INDICIADOS JÁ CONFIRMADOS

1. Jhonathan de Sousa Silva, de 24 anos, foi o autor confesso dos seis disparos – cinco deles, fatais – que mataram o jornalista Décio Sá, no fim da noite de 23 de abril passado. Ele é natural da cidade de Xinguara, no Pará. O criminoso foi preso no dia 5 de junho, numa chácara localizada no Miritiua (São José de Ribamar), por tráfico de drogas. Com ele, os agentes da Seic encontraram 10 kg de crack e armas de uso restrito da polícia. Jhonathan aguarda transferência para um presídio federal.
2. Gláucio Alencar Pontes Carvalho, 34, é filho de José de Alencar Miranda Carvalho. Ele e o pai – suspeitos de agiotagem – são empresários do ramo de merenda escolar e forneciam para prefeituras do Maranhão, do Pará e do Piauí. Preso em 13 de junho, na operação “Detonando” da Polícia Civil, foi indiciado como um dos mandantes do assassinato de Décio Sá, que em seu blog publicava informações que estariam prejudicando seus negócios.
3. José de Alencar Miranda Carvalho, o ‘Miranda’, 72, também preso na operação “Detonando”. Miranda e o filho Gláucio teriam encomendado a morte do jornalista por R$ 100 mil.
4. José Raimundo Sales Chaves Júnior, o ‘Júnior Bolinha’, 38, é empresário do ramo de automóveis e representante comercial de bebidas no município de Santa Inês. Segundo a polícia, Júnior Bolinha fez o papel de intermediador entre o assassino, Jhonathan de Sousa, e os supostos mandantes do crime, Gláucio e Miranda.
5. Fábio Aurélio Saraiva Silva, o ‘Fábio Capita’, era, há aproximadamente 18 anos, subcomandante do Batalhão de Choque da PM-MA. Para a polícia, foi ele quem deu a Júnior olinha – de quem é amigo de infância – a pistola ponto 40 usada para executar Décio Sá. Preso na operação “Detonando”’.
6. Fábio Aurélio do Lago e Silva, o ‘Buchecha’, 32. Trabalhava para Júnior Bolinha. Teria ajudado na operacionalização do assassinato de Décio Sá. Preso na “Detonando”.
7. Alcides Nunes da Silva – Investigador da Seic. Daria suporte informal aos suspeitos de agiotagem Gláucio Alencar Pontes Carvalho e José de Alencar Miranda Carvalho, acusados de mandar matar o jornalista. Não foi preso.
8. Joel Durans Medeiros – Investigador da Seic. Daria suporte informal aos suspeitos de agiotagem Gláucio Alencar Pontes Carvalho e José de Alencar Miranda Carvalho, acusados de mandar matar o jornalista. Não foi preso.
9. Homem conhecido como ‘Neguinho’ – Paraense, teria apresentado o executor do crime, Jhonathan Silva, ao suposto intermediador, Júnior Bolinha, e os acusados de serem os mandantes – Glaucio e Miranda. Está foragido.
10. Elker Farias Veloso, o ‘Diego, 26. Teria sido o piloto de fuga do assassino de Décio Sá. Foragido.
11. Shirliano Graciano de Oliveira, o ‘Balão’, 27. Teria ajudado na operacionalização do assassinato de Décio Sá. Foragido.
(*) Obs.: Os nomes de dois indiciados não foram revelados pela polícia e ainda não foram apurados pela imprensa 

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