Enquanto a sede do Ministério Público Estadual continua firme como símbolo da impunidade (o chamado "espeto de pau") no Estado, ficamos sabendo que nada menos do que 87 prefeituras maranhenses estão envolvidas diretamente com o sistema de agiotagem que matou o jornalista Décio Sá.
Enquanto tentávamos digerir por que razão apenas os agiotas e seus capangas estão presos (e não os verdadeiros beneficiários do sistema de agiotagem), sabemos que, a partir da impune atuação de outros agiotas, o crime pode alcançar até 123 prefeituras do Estado.
O horror não para aí. Já se sabe que o próprio sistema bancário tinha conhecimento do crime e financiava os empréstimos que abasteciam as campanhas eleitorais. Tivemos conhecimento de que, além do próprio pistoleiro que vitimou o jornalista, o ex-vice prefeito de Serrano do Maranhão também confirmou a participação do deputado estadual, Raimundo Cutrim, no esquema de agiotagem.
Nem precisa falar de que policiais civis e militares foram citados nos depoimentos do inquérito que apura esse mesmo esquema criminoso. Um capitão da PM foi preso e dois policiais civis foram afastados do caso.
Pior não foi isso, já que contávamos pelo menos com os órgãos federais de controle de contas e com a polícia federal. Mas já sabemos que um Delegado da Polícia Federal, utilizara-se do cargo, para participar do esquema, que também já alcança a própria CGU no Estado.
Há!, Antes que esqueça: Um juiz estadual também foi citado, como integrante desse esquema.
Há! Acabo de lembrar que um grupo de jornalistas (pretensamente defensores da democracia) também mantinha relações com o esquema (ou ainda mantêm?)
Somente no que tange à merenda escolar, conforme denuncia o deputado César Pires da tribuna da Assembléia Legislativa (a mesma que nenhuma providencia toma em relação ao deputado Raimundo Cutrim), de cada R$ 100.000, 000, apenas R$ 20.000,00 chegam aos alunos maranhenses.
Estamos diante de um escândalo político muito superior ao mensalão, pelo visto. Sem querer, a Secretaria de Segurança Pública descobriu um esquema que justifica em parte a nossa humilhante pobreza.
Salvo honrosas e minoritárias exceções, o maranhense não elege gestores, mas agiotas. Eles dirigem os municípios e, muito provavelmente, a atuação parlamentar nas Casas Legislativas. Elegem nossos representantes do Congresso Nacional e influenciam os destinos do nosso povo, certamente.
E nossas instituições foram praticamente assaltadas pelo esquema criminoso, a partir do qual não se sabe mais quem é político e quem é agiota, quem é polícia e quem é bandido.
Será que o cidadão maranhense tem dimensão real do que isso pode significar? Será que as instituições no Estado têm a isenção necessária para atacar o maior grupo organizado da nossa história?
Será que nestas eleições o mesmo esquema não está operando a todo vapor, em que pese o escândalo provocado pelas investigações, diante da certeza da impunidade?
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