Existe um lado ingênuo no processo de formação da consciência crítica. Muita gente se aproveita disso para fazer manipulações, do mesmo jeito que ocorre com pessoas despolitizadas.
A ingenuidade é uma forma de despolitização. Muitas dessas pessoas seguem líderes desonestos a vida inteira, idealizando suas posturas, desculpando suas atitudes. A fidelidade do ingênuo é canina. Afinal, ele está no lado extremo do traidor.
A semelhança entre um e outro é que ambos são covardes. O traidor é covarde com os outros e o ingênuo é covarde consigo mesmo.
O ingênuo até desconfia de suas crenças, mas não tem coragem de negá-las ou contestá-las. Por vezes, quando faz isso, já é tarde demais.
Um exemplo grande de ingenuidade ocorre com certos militantes do PT, em relação ao mensalão. Alguns acreditam firmemente de que não há provas para condenar os réus petistas. Adestrados a desconfiar sempre da mídia, eles acreditam na tese de um complô da burguesia para fragilizar o governo.
Depois de tudo o que o PT fez em favor da burguesia, eles ainda acreditam que existe um setor da burguesia contra o governo. Não enxergam que a burguesia está no governo. Se o PT for desapeado do poder agora, quem mais perderá será a própria elite.
Pelo próprio teor do votos dos Ministros do STF, qualquer leigo já pode desconfiar que essa turma realmente meteu a mão na cumbuca. A medida que o julgamento avança, as ditas provas que não existiam são lançadas na cara dos ingênuos - aos borbotões.
Depois do escândalo do mensalão, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, idealizou uma solução menos traumática para o PT: refundar o partido. Uma teoria para refazer a estrutura partidária e repactuar a disputa interna. Foi derrotado por Zé Dirceu e sua turma, no PED (processo de eleição interna) subsequente.
Pois bem, se a militância do PT não foi capaz de refundar o partido, parece que o STF poderá fazer isso. Será um favor às esquerdas brasileiras. O primeiro passo será condenando exemplarmente um punhado de líderes que já se acostumou a debater o socialismo na beira das piscinas dos hotéis de luxo.
O segundo passo é obra do povo e de outras consciências críticas.
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