http://racismoambiental.net.br/2010/12/comissao-visita-guajajara-na-cadeia-permanecem-presos-e-juiz-ainda-nao-finalizou-o-inquerito/
Por racismoambiental, 20/12/2010 16:57
Cláudio Maranhão
Uma comissão ligada aos direitos humanos visitou dias atrás os indígenas do povo Guajajara envolvidos no bloqueio da BR na terra indígena Canabrava. Eles permanecem presos em Presidente Dutra. Eis, uma breve síntese do relato que nos enviaram.
‘….José é o mais debilitado. O tiro na cabeça afetou os reflexos do lado esquerdo; quase não movimenta a perna, e não mexe nada com o braço esquerdo. A esposa está lá para auxiliá-lo. A memória não foi afetada, lembra tudo. É muito e sente dores de cabeça. Douglas foi atingido na perna, quebrou o osso, usa pinos. Quanto a Eliseu, o mais velho, o tiro atingiu a barriga, mas não perfurou nenhum órgão vital. O Rogério, o mais falador e desinibido, foi atingido no braço e a bala foi parar próximo ao rim esquerdo. Fez cirurgia e sente dores na região da barriga. Eles passam o dia sob as árvores no pátio da delegacia. Um voluntário da cidade colocou os escapes para eles. À noite são recolhidos no corredor da carceragem. Recebem o mesmo alimento que os demais presos. Dizem que estão sendo bem tratados pelo delegado e os demais?agentes. Apenas o delegado Beethoven de S. Luís usou palavras grosseiras e ofensivas contra eles. O delegado, dr. Taveira é muito atencioso, calmo. Perguntamos por que estão presos, pois quem garante que foram os 4, ou um deles que atiraram no delegado (se houve apenas um tiro de espingarda, e uma parte de dedo decepada). E os demais manifestantes estão soltos, e eles foram atingidos pelo delegado…
Na opinião dele a prisão dos índios é mais política que penal…Continuam reclusos para a polícia mostrar à sociedade e para os índios que está fazendo alguma coisa, que índio não fica impune, que existe uma ordem. Enfim…. para calar a boca de todas as partes… Ele acha que deveriam ser soltos. Disse ainda que ele está pisando em ovos, pois estão presos do lado de fora do cárcere o que não poderia ser. Os outros presos já estão demonstrando insatisfação pelo “privilégio” dos índios, mas considera que se forem colocados juntos dos demais, a outra parte da sociedade vai tachá-lo de desumano, pois estão feridos e deveriam estar num outro lugar e não numa cadeia. O delgado terminou expressando desaprovação total quanto à atitude do delegado Cavalcante envolvido no episódio. Disse que a soltura dependia do juiz de Grajaú e que ele tinha 10 dias para concluir o inquérito. Naquele dia já fazia um mês da prisão….’
Alguém foi atrás do delegado para esclarecer a barbaridade que fez, e tirar as dúvidas de um número crescente de pessoas, inclusive colegas dele? Será que vão abrir sindicância interna para livrá-lo, pelo menos, dos graves indícios (mais do que isso) de abuso de poder e tentativa múltipla de homicídio?…Ou é melhor deixar como está para não ressuscitar a ‘irresponsabilidade do policial’?
http://padrebombieri.blogspot.com/
2 comentários:
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- Daniel
Pergunto ao nobre padre ou a comissão se chegou (ram) a visitar o delegado e sua família?
Acredito que não.
Adoram especularem e manterem seus discursos críticos em cima de disse-me-disse.Uma falácia repetitiva nos meios acadêmicos e alegóricos de determinados "literários" de plantão.Respeitando alguns segmentos defensores dos Direitos Humanos, os quais tenho mais estima e carinho, porque sei bem a trajetória e seus compromissos com a luta para com a efetivação da Politica de Direitos Humanos no Maranhão, a exemplo, do próprio advogado Pedrosa.
Sou inteiramente de acordo com a preservação de uma ordem jurídica que proteja a todos, sem exceção, e se possível, preveja reparos às minorias espoliadas na História deste país afora, mas de todas, sem exceção, repito, inclusive a inúmeros membros das Polícias que ainda sofrem o preconceito do estigma que carregam sobre si suas corporações policiais como um todo, embora não nego que precisam muito a caminhar ainda a fim de se enquadrarem nos "novos tempos", mas sobretudo, mediante em sérios investimentos nas estruturas humanas e físicas das referidas pautadas em política pública de estado para a situação.
Há índios que depuseram perante procuradores da República, bem como caminhoneiros que tb asseveraram que naquele fatídico domingo, barbaridades vinham sendo cometidos pelos silvícolas naquela área para com os transeuntes das vias públicas e moradores das adjacências, e, caso o delegado quisesse matar alguns deles, com certeza, teria todas as condições, já que além de manipular arma de fogo, estava sob a égide de uma aflição sem mensuração, inclusive com um dos dedos já decepatado e perfurações em várias partes do corpo.
Conheço o delegado Edmar Cavalcante o suficiente para depositar nele um elogio á forma que procedeu diante do embate, inclusive seu compromisso com o respeito aos Direitos Humanos Universais e as causas das minorias.
Graças ao Pai, não houve óbito diante do quadro, embora traumas latentes.
Esperamos, apenas, que sejam lúcidos para o problema ocorrido, e, além de "combaterem" a postura do citado delegado, procurem fazer o "bom combate" de todo o contexto acontecido.
Sebastiao Uchoa - Delegado de Polícia Civil, Superintendente de Polícia Civil da Capital - SPCC/PC-MA.
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