quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Legislativo ameaça última área remanescente da floresta amazônica maranhense


Adital



Um projeto de lei, criado em junho passado pelo deputado federal Weverton Rocha, propõe a suspensão da Reserva Biológica do Gurupi, única unidade de proteção integral da floresta amazônica, situada entre os municípios de Bom jardim, Centro Novo do Maranhão e São João do Carú, oeste do Estado do Maranhão.

A reserva, criada em 1988, com área de aproximadamente 270 mil hectares, foi criada pelo Decreto 95.614/88, mas corre o risco de ter seu decreto de criação anulado, caso uma das propostas seja aprovada. Em várias publicações de internet, são atribuídas falas ao deputado que explica sua atitude. Ele afirma que o Decreto 95.614 caducou e a desapropriação deveria ter sido concluída em até cinco anos depois do ato de criação da reserva.

Desde sua criação, as terras que formam a Rebio Gurupi são alvo da cobiça de madeireiros e grileiros, que vivem nos limites da reserva. A devastação, causada pela exploração ilegal da madeira, criação de gado e plantações de maconha, já destruiu parte da biodiversidade da flora e da fauna e um terço das terras dos povos indígenas que habitam o local, que são Alto Turiaçú, Awá e Caru. Em agosto, uma operação do Ibama e do Exército fecharam 19 serrarias próximas à Rebio do Gurupi estavam todas irregulares.

Para salientar a defesa da Reserva Biológica do Gurupi, vários pesquisadores criaram, no dia 19 de novembro, uma campanha para salvar a Rebio. Uma carta foi encaminhada à Câmara dos Deputados ressaltando as razões para a preservação da floresta no local e para a não-aprovação do projeto de lei defendido pelo deputado Weverton Rocha que, em conjunto com grupos de madeireiros e grileiros, pretende reduzir ou extinguir a Reserva.

Pesquisas sobre biodiversidade na Rebio Gurupi, no entanto, têm contribuído para o avanço de políticas públicas que favorecem a manutenção do território, como as duas bases do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), que trabalha em conjunto com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e a rede de instituições do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio).

A Rebio é o último remanescente da Floresta Amazônica de proteção integral do Centro Endemismo de Belém, sendo a eco-região mais desmatada da Amazônia. Mesmo assim, trata-se de uma região rica em biodiversidade da flora e fauna brasileiras, podendo ainda ser encontradas espécies ameaçadas de extinção do Pará e Maranhão.

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