Blog do Zema

Mineiro do Vale do Jequitinhonha, nascido na cidade que carrega no sobrenome artístico, Paulinho Pedra Azul volta à São Luís para um encontro musical. Digo encontro musical em vez de apenas show por que ele é daqueles artistas que vivem a arte intensamente e em vez de simplesmente subir no palco e tocar e cantar – coisas que faz tão bem – ele gosta de interagir com o público e com os músicos, conhecendo cenas, trocando informações, aprendendo e ensinando, como cabe aos grandes.
A quem não sabe, foi de uma visita do músico à Ilha que surgiu o projeto Clube do Choro Recebe, que acabou por durar cerca de três anos, reunindo chorões e artistas da música popular no Restaurante Chico Canhoto, sob produção de Ricarte Almeida Santos (o Recado para um amigo solitário que abre o post é sua preferida da lavra do compositor). Era agosto de 2007 e Paulinho Pedra Azul foi recebido pelo Regional Tira-Teima e outros músicos em uma roda informal que acabou se tornando um acontecimento semanal cujo legado é percebido ainda hoje.
O mineiro volta à Ilha e se apresenta neste sábado (30) no projeto Por do Sol da Ponta do Bonfim. Uma iniciativa de um grupo de amigos que em julho passado presenteou alguns privilegiados com um show de Renato Braz. Privilegiados não é modo de dizer: os ingressos são limitados, apenas 100 são colocados à venda. Aliás, se os poucos mas fiéis leitores quiserem garantir um desses, corra a um dos seguintes pontos: Restaurante Chico Canhoto (Rua 3, quadra B, casa 23, Residencial Araras/ Cohama, das 11h às 15h, telefone: 3223-9001), Cândida SLZ Trajes e Acessórios (Av. dos Holandeses, 7, loja 5, Galeria Space Room, Calhau, das 9h às 19h de segunda a sexta e das 9h às 16h no sábado, telefone 3083-1683) ou Lívia Boutique (Tropical Shopping, das 9h às 21h, telefones 3235-5844 e 3235-6640).
No repertório, um passeio por sua discografia e algumas de sua predileção entre clássicos da música popular brasileira e de sua memória afetiva. O show está marcado para começar às 16h30min. Às 16h um aquecimento com música mecânica. No encerramento o talento de Marconi Rezende.
Trajetória – Jardim da fantasia, seu primeiro disco, lançado em 1982, já lhe valeria lugar no panteão entre os maiores artistas da música brasileira. Puxado pela faixa título, exalava beleza de suas criações e interpretações, como “tua boca pingava mel”, verso da faixa título.
Na estreia estavam também Godofredo Guedes (pai do conterrâneo Beto Guedes, autor do choro Cantar), Fagner (autor de Pobre bichinho) e Diana Pequeno (que com ele cantou Voarás), entre outros. Talvez seja seu disco mais conhecido, mas é vasta a obra de Paulinho Pedra Azul, também escritor e artista plástico. A quem não conhece, ótima oportunidade. A quem conhece, nem preciso dizer nada.
Uma confissão: adolescente recém-iniciado na arte de colecionar discos, durante muito tempo rodei lojas – elas existiam – e sebos em São Luís procurando a tal música que começava assim: “Bem te vi/ bem te vi/ andar por um jardim em flor/ chamando os bichos de amor”. Demorei a encontrá-lo justo por procurar uma faixa intitulada Bem te vi. Era como minha cabeça de menino chamava o Jardim da Fantasia. A “confusão” só foi desfeita depois que eu adquiri o Ao vivo em Tatuí, que reunia Renato Teixeira, Pena Branca e Xavantinho, em que eles regravaram a música.
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