sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Economia subalterna e desnacionalizada


http://www.brasildefato.com.br/node/11525

Professor da UFRJ questiona o conceito de “neodesenvolvimentismo”

11/01/2013
Pedro Rafael,de Brasília (DF)

Avanço de setores como o de exploração mineral colocam o país
como mero fornecedor de matéria-prima - Foto: Agência Vale
O professor titular de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Reinaldo Gonçalves, tenta dar o desenho geral do atual panorama econô­mico. Em recente artigo científico em que questiona a aplicação do termo “neode­senvolvimentismo” para se referir ao go­verno do PT, o docente é taxativo.
“Os eixos estruturantes do nacional-desenvolvimentismo foram invertidos. O que se constata claramente é: desindus­trialização, dessubstituição de importa­ções; reprimarização das exportações; maior dependência tecnológica; maior desnacionalização; perda de competiti­vidade internacional, crescente vulne­rabilidade externa estrutural em função do aumento do passivo externo financei­ro; maior concentração de capital; e cres­cente dominação financeira, que expres­sa a subordinação da política de desen­volvimento à política monetária focada no controle da inflação”, critica.
Para exemplificar, Gonçalves cita dados sobre a queda da participação da indús­tria de transformação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de 18 para 16% en­tre 2003 e 2010. Na outra ponta, segun­do o professor, os setores de agropecuária e exploração mineral cresceram a uma ta­xa anual igual ou até superior a média do PIB. “O avanço do processo de liberaliza­ção no Brasil é absolutamente claro. Tra­ta-se do modelo liberal periférico, em que o país se posiciona como mero fornece­dor de matéria-prima”, comenta.
Paulo Passarinho ainda adiciona o pro­blema da desnacionalização. Ele se refere à aquisição de empresas nacionais por estrangeiros. Somente no primeiro semes­tre de 2012, pelo menos 160 empresas, das mais diversas áreas, como minera­ção, alimentos, energia, etc. foram repas­sadas ao capital internacional. “O Bra­sil está aprofundando o seu caráter su­balterno no mundo globalizado, somos um fornecedor privilegiado de commo­dities agrícolas e minerais para o mun­do mais desenvolvido e estamos depen­dendo cada vez mais, para definir os ru­mos do nosso desenvolvimento, de mul­tinacionais estrangeiras e estados nacio­nais que nada têm a ver com a gente. So­fremos uma regressão neocolonial nos úl­timos anos”, conclui. 

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