Existem diversos graus de vilania política. E na vida política, é muito difícil encontrar um santo, embora aqui e acolá exista. Nesse quadro, os pequenos deslizes são até aceitáveis, diante do conjunto da obra. Não dá pra aceitar é que o último grau de vilania menospreze ou ataque as formas mais atenuadas desta prática infame. O sujeito que pratica as formas agravadas (ou qualificadas) de vilania, no mínimo, deveria ficar calado. Por exemplo, no caso do 14º e 15º salários da Câmara, podemos dizer que a forma qualificada de vilania é a do político que defende o recebimento dos salários extra, simplesmente. Esse deveria receber a pena de um estuprador, porque se demonstra desonesto compulsivo e consciente do mal que faz. Existe também a vilania gravíssima, que, no caso, é a situação do político que faz discurso contra os salários extra, mas continua recebendo, até que haja uma decisão formal para o caso. Ele faz isso porque sabe que a tramitação do tema será demorada, possibilitando a percepção de um bom pé de meia, enquanto seus pares ardilosos discutem e decidem a questão. Esse deveria ser equiparado ao praticante de assalto a mão armada. Mas existe um terceiro caso: o do político que se posiciona contra e se recusa a receber o salário extra, mas mantém no silêncio as inúmeras outras mordomias que recebe em função do mandato. Esse poderia ser equiparado ao batedor de carteira (furto). Ele se aproveita do assunto para passar a perna nos colegas, ocupando espaço na mídia, como exemplo de honestidade que não é.
Em que pese tais gradações de caráter, este último caso não pode ser avacalhado pelo primeiro, sob pena de se inverter totalmente as coisas, em prejuízo do interesse público e da moralidade política.
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