Depois da guinada à direita, com a "Carta ao Povo Brasileiro", onde o PT se rendeu à cartilha do sistema, para eleger seu candidato, à revelia do seu diretório nacional, restava apenas assistir o desfecho.
O caminho já era por demais conhecido - o mesmo que os pseudo socialistas europeus seguiram, brindando a mudança do mundo, à beira da sepultura dos antigos e renitentes marxistas.
Aqui, a evasão ideológica precisou acertar contas com os correligionários de antigas lutas, promovendo expurgos e aderindo ao processo de estigmatização das antigas palavras de ordem da esquerda.
O passo seguinte foi o método para chegar ao poder. A tática que subordinou princípios e apresentou o novo partido como partido da ordem. O status quo não deveria temer mais nada, porque a direita foi deslegitimada dessas funções. O produto resumiu-se ao financiamento de campanha e às adesões de amplos setores da midia reacionária.
Mais adiante, houve a necessidade de estabilizar o governo ameaçado, mesmo sem tocar nas mudanças estruturais. Trocar a camisa com o jogo em andamento. O mensalão como jurisprudência sem julgamento.
Tudo ia bem, quando 8 dos 11 ministros eram indicados pelo mesmo governo duplo, herdeiro de práticas tucanas e sicerone de inquilinos da direita em cargos estrategicos da economia. A mídia em geral pacificada, a não ser o refugo nazistóide.
Quando estoura o escândalo, os ideólogos do esquema revisitaram o método, aprofundado a entrega, em nome da manutenção do equilíbrio do poder, desgastado. Sarney, ansioso, garantiu a segurança do processo, tangendo o PMDB para o curral das vacas gordas.
A tática, cuja inflexão fez crer a necessidade um movimento mais à direita ainda, era apenas o medo de perder o lugar de ferramenta de manutenção da ordem. O povo ficou só.
Agora, uma contradição interna ao sistema contraria a lógica dos argumentos de defesa. O partido da ética esquecida está sendo julgado pela ética. Os réus não podem negar a infração ética, o descompasso com o sonho socialista, por isso agarram-se aos argumentos processuais. Já foram buscar até em Claus Roxin o socorro improvável.
No bojo dessa deposição de armas ideológicas, um dessess argumentos chamou a atenção: o de que não fora crime, mas caixa dois. Ou seja, os ex-socialistas perderam a vergonha de roubar os cofres públicos.
Diante do vexame iminente das algemas e da prisão, reclamam do déficit teórico dos Ministros que, na sua maioria, indicaram; reclamam da mídia reacionária que eles mesmos não tiveram a coragem de enfrentar, rediscutindo as concessões da época da ditadura. E rasgam o estatuto do partido, com a disciplina de papel.
O cidadão de esquerda menos corajoso se vê assediado a engolir a defesa que iguala os políticos que deveriam transformar o país exatamente nos seus antípodas da direita.
Por isso é necessário reconstruir a esquerda nesse país.
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