Conforme o ideário da cultura bacharelesca já se percebe uma pretensão em mudar a realidade por instrumentos formais normativos, alguns deles visivelmente dispensáveis, mas com o intuito de impressionar. Os bacharéis preferem adornar o poder com leis e decretos, esse é o problema.
Juristas conservadores no entanto são perigosos, porque remontam ao elitismo colonial. Deles herdamos os palácios, as tribunas e o vestuário europeu. Eles são elitistas porque herdaram a terra. Nasceram no colo da riqueza e se formaram nas Universidades excludentes. Esses merecem mais cuidado da nossa parte. No governo Flávio Dino, essa nova geração será chamada reformular os antigos rituais da bata e do paletó.
Uma das características mais notadas do bacharelismo é a grande capacidade de manejar sofismas. Juristas adoram fazer as pessoas acreditarem em realidades discursivas. Veja alguns exemplos, extraídos do conjunto das 17 medidas anunciadas pelo governador no ato de posse.
a) Alienação da Casa de Veraneio do Governador (Decreto nº 30.611), como nela residisse o grande símbolo da austeridade a orientar a gestão, que aumentou o já espantoso número de secretarias existente.
b) Auditoria – Constran (Decreto nº 30.614), como se um decreto tivesse força para tornar sem efeitos a sentença transitada em julgada de uma ação popular que já discutiu o tema.
Tudo isso poderia ser dispensável, não fosse o apego exagerado aos símbolos do poder exercitado pelas normas.
Por outro lado, a república dos bacharéis é inegavelmente moralista. Seu udenismo ressumbra não apenas em relação à casa de veraneio, mas também em alguns assuntos de somenos importância, como é o caso do cardápio do Palácio de Governo. Para outros, silêncio total.
Chamou a atenção a rapidez com que o governo suspendeu a licitação do cardápio palaciano, quando foi pego com a boca na botija. A comissão de transição já tinha feito olhos de mercador para o problema, quando seu papel primeiro seria checar as compras do final do governo passado.
Por outro lado, silêncio total e indiferença - no que se refere ao problema do Cajueiro, cujo decreto de desapropriação para construção de um Porto foi assinado no apagar das luzes do governo Roseana e vai atingir o povoado centenário, titulado pelo Iterma, na gestão de Marco Kovarick, dirigente do PCdoB, no primeiro governo Roseana.
O problema de Cipó Cortado, em João Lisboa, reflete a necessidade de uma posição do governo em relação aos despejos forçados. Qual será a metodologia agora?
O problema de Cipó Cortado, em João Lisboa, reflete a necessidade de uma posição do governo em relação aos despejos forçados. Qual será a metodologia agora?
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