http://apublica.org/2012/03/recado-pistoleiros-cachorro-de-lideranca-ameacada-e-morto-bala-recado-crime-cachorro-de-nilcilene-e-morto-bala-recado-crime-lideranca-amazonas-encontra-cachorro-morto-bala/
A lavradora jurada de morte Nilcilene Miguel de Lima recebeu um recado do crime organizado do sul do Amazonas no dia 1 de março. Ao descer da viatura da Força Nacional, acompanhada de dois policiais, ela encontrou o seu cachorro morto com um tiro no ouvido estirado perto do portão.
Nem nove homens armados ao seu redor podem lhe garantir segurança em uma área dominada por madeireiros e grileiros, sem presença do Estado. Nilcilene enfrenta ameaças desde 2009, quando fez as primeiras denúncias de roubo de madeira e invasão de terras no assentamento do qual é líder. (leia matéria completa aqui).
Quem achou o cachorro foi Raimundo Oliveira, marido dela. “Ele ficou em pânico, nao quis nem tirar o corpo do lugar de tanto medo. Agora tá cheio de urubu lá em casa”. O vira-lata “Chorinho” era o mais bravo dos quatro cachorros da casa e o primeiro a latir e correr para o portão quando alguém se aproximava.
Nilcilene teve que passar três dias fora e Raimundo ficou sozinho, sem a escolta. O casal acha que a ausência dos homens da Força Nacional tenha sido notada pelos agressores. “Está muito perigoso. O Raimundo não está mais dormindo sozinho em casa. Quando eu saio, ele tem que se esconder na casa de alguém porque esta correndo risco de vida”.
Assustados, Raimundo e Nilcilene não dormiram na noite passada. Ficaram ouviram a movimentação dos madeireiros na estrada. “Fazia tempo que eu não via eles tirarem tanta madeira daqui. A serra comeu a noite toda, passaram mais de dez caminhões na estrada de casa”, diz Nilcilene.
Com o aumento das chuvas desse período, as estradas de terra que levam ao assentamento ficaram intransitáveis. A viatura da Força Nacional quebrou e Nilcilene foi obrigada a passar três noites na cidade de Acrelândia, onde fica a base da equipe policial. Por isso, Raimundo ficou sozinho em casa.
” Os madeireiros aproveitaram que a estrada está ruim e falaram pros produtores (os lavradores do assentamento) que eles consertam, desde que o povo pague com madeira. E o povo aceitou, tá todo mundo deixando eles pegarem madeira para consertar a estrada. No assentamento dá para ver as toras de árvore empilhadas. “.
O casal se preocupa com o momento em que o governo retirar a escolta. Os contratos do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos duram três meses. O primeiro venceu em janeiro, mas a Comissão Pastoral da Terra intercedeu pela prorrogação.
“Se a escolta for embora, a gente tem que ir junto, se não eles vão me matar”.
Um comentário:
Olá Pedrosa...
quero apenas compartilhar minha indignação.
Meus olhos enchem de lágrimas eu imaginando essa situação, o sofrimento dessas pessoas ao "Deus dará" e nossa floresta escoando feito água. Me sinto tão impotente e às vezes inútil. Não entendo pq ela não está em outros programas que protegem com mais rigor?!
Grande abraço e vamos à luta!
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