terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Muito, muito além da Beija-flor
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VILA VELHA DE VINHAIS – A VILA ESQUECIDA
sex, 17/02/12por leopoldovaz
categoria A VISTA DO MEU PONTO, Ciência & Informação, História, Raízes
TRAÇADO DA VIA EXPRESSA. VILA VELHA DE VINHAIS - 418 ANOS DE HISTÓRIA CONTADA A PARTIR DOS ELEMENTOS EUROPEUS. DOS INDIOS, IMEMORIAL - PELO MENOS 9 MIL ANOS DE OCUPAÇÃO DA ILHA ENCANTADA, A ILHA GRANDE DOS TUPINAMBÁ, UPAON-AÇÚ - ALDEIA DE UÇAGUABA/MIGAN VILLE - HOJE VINHAIS VELHO...
Desde que assumi o leme deste Blog tenho postado regularmente notícias sobre a Vila Velha de Vinhais, o bairro esquecido de São Luis… recapitulando, habitada desde tempos imemoriais, primeiros pelos Tapuias – possívelmente Tremembé, pois existem noticias de que habitavam esta parte do ‘Norte”; escavações em Bacabeira – por conta da refinaria da Pedrobrás -, nos sambaquis da Maioba e do Anil – Antonio e Raimundo Lopes dão noticias de achados desde o principio do século passado, chegando a constituir a Coleção do IHGM, no final dos anos 20 com o material coletado.
Portanto, não se discute essa ancestralidade dos Tapuias; os Tupinambás chegam, segundo consta em Abbeville, em declaração de um antigo morador da Aldeia de Uçaguaba – ‘terra onde se come caranguejos’ – de que haviam chegado ali por volta de 1535 – 80 anos antes dos franceses.
Abro um parenteses… Mamboré-Açú fala que chegaram 80 anos antes dos franceses, fica a dúvida se se refere a Daniel de LaTouche ou se de Jacques Riffaut, em 1594… creio ser essa a referencia, do primeiro contato, aqui na Ilha Encantada, com os franceses…
Quando os filhos de João de Barros, acompanhando Aires da Cunha aqui chegam, para tomar posse de sua Capitania, foram bem recebidos pelos ídios; anos depois, aparecem os indios Barbados Rouxés, que diziam não serem os franceses seus perós – pais -; e tres anos aqui, de repente têm que sair; qual o fato que causou o abandono? a chegada dos Tupinambás, inimigos dos Tapuias e dos portugueses? fica a interrogação… se foi isso, chegaram lá pelos anos 1530…
Das 27 aldeias existentes na Ilha, 14 tinham apenas um Principal; 10 possuiam dois; 1 possuia três. Eussauap possuia quatro – “… é uma das maiores aldeias da ilha e nela existem quatro principais: Tatu-Açu; Cora-Uaçu ou Sola-Uaçu, às vezes também Maari-Uaçu; Taiacú e Tapire-Evire”. Junipar, a aldeia principal da ilha, contava com cinco principais.
É em Eussauap – forma afrancesada de dizer Uçaguaba (Miganville) que os franceses (de Daniel de LaTouche) encontram uma certa resistência, por parte de um velho “… de mais de 180 anos e que tinha por nome Mamboré-Uaçu …” e que havia assistido ao estabelecimento dos portugueses em Pernambuco.
Afirmava que, como os perós, os franceses chegavam para comerciar, não passando mais do que 4 a 6 luas, tempo suficiente para reunir as drogas que traficavam. Tomavam suas filhas para mulher e isto muito os alegrava. Mais tarde afirmavam que havia necessidade de construção de fortes, para defesa sua e dos índios, e então chegavam os Paí – padres – plantando cruzes, instruindo os índios e os batizando. Exigem que as índias sejam batizadas, para só então as tomarem como esposas. Aí, dizem precisar de escravos para os servirem. E tomam os índios como seus escravos.
O corsário frances Jacques Riffaut, com Charles de Vaux e Davi Migan como seus loco-tenentes, se estabelece mais junto dessa Aldeia (1594), e sua feitoria é assinada em alguns documentos pelo nome de Miganville - do interprete Davi Migan; consta que outros franceses aqui se estabelecderam para comerciar com os índios (escambo), especialmente o pau-brasil.
Vindos da região de Dieppe, Saint Malo, chegou a comportar cerca de 400 brancos - entre gauleses, flamengos, batavos, ingleses; outros comerciantes/ navegadores também utilizavam do alojamento de Miganville, como um certo Capitão Guérard; o proprio De Piseux passou a viver em Miganville/Uçaguaba, quando da chegada do Senhor de La Ravardiére.
Fundada a França Equinocial, sairam De Rasilly, o Barão de Sancy e os padres D’ Abbeville e Arséne de Paris acompanhados de David Migan, a visitar as aldeias da Ilha: ” (…) levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, onde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho (…)”. (D’ABBEVILLE, 1975, p. 114). (grifos nossos).
O que nos leva a inferir que a hoje Vila Velha de Vinhais, enquanto nucleo povoador e fundante da ‘nação maranhense’ precede à SãoLuís… Podemos estabelecer como sendo 1594 o inicio desse povoamento, por parte dos brancos. Façam os cálculos, muito mais que 400 anos, pois.
Ao longo desse tempo, esteve sob diversas instancias administrativas, a partir da fundação da Colonia da França Equinocial; logo depois os jesuitas se estabelecem, criando a Aldeia da Doutrina, base de toda a evangelização ibérica no Maranhão – o que resultaria na expansão geográfica até o contraforte dos Andes, do Ceará até o mar caribenho – este o Estado Colonial do Maranhão, estabelecido em 1617 e implantado em 1621.
E a Aldeia da Doutrina, a antiga Uçaguaba, com sua irmã gemea siamesa Miganville, se constituindo a base, o modelo administrativo que seria adotado na ocupação dos espaços, os Soldados de Loyola como pelotão de frente.
Essa organização administrativa vai perdurar até 1757, com a expulsão dos jesuítas pelo Marques de Pombal, e a criação da Vila (Nova) de Vinhais; unidade administrativa, com os seus poderes instituídos e administração própria – seria um municipio, hoje – com seu Senado da Câmara, seus vereadores, seu Juiz de Paz, seu Chefe de Policia, enfim, toda a estrutura administrativa, independente de São Luis – esta eregida já em cidade. Em 1835 perde essa autonomia administrativa, passando a constiuir distrito eclesiástico de São Luís, e assim, um bairro…
Cesar MARQUES (1970), em seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, publicado em 1870, informa sobre Vinhais – freguesia e ribeiro, que os jesuítas Manoel Gomes e Diogo Nunes, que vieram junto com a armada de Alexandre de Moura, principiaram a estabelecer residências – ou missões de índios -, sendo a primeira que fundaram: “… foi a que deram o nome de Uçaguaba, onde com os da ilha da capital aldearam os índios, que tinham trazido de Permambuco, e como esta se houvesse de ser a norma das mais aldeias, diz o Padre José de Morais, nela estabelecessem todos os costumes , que pudessem servir de exemplo aos vizinhos e de edificações aos estranhos. [...] Cremos que por êste fim especial foi chamada aldeia da Doutrina. [...] Fundada pelos jesuítas, parece-nos haver depois passado ao poder do Senado da Câmara, porque ele tinha uma aldia ‘cujo sítio era bem perto da cidade’. [..] Compunha-se de 25 a 30 índios entre homens e mulheres ‘para poderem acudir às obras públicas pagando-se-lhes o seu jornal’. [...] “Em 12 de maio de 1698 a Câmara pediu ao soberano um missionário para educá-los. [...] “Em 22 desse mesmo mês representou à Sua Majestade queixando-se por ter sido privada desta aldeia ‘por algumas informações más e apaixonadas’. [...] “… foi no dia 1o. de agosto de 1757 elevada à categoria de vila com a denominação de Vinhais”. (p. 632-633).
Mas a vida não se alterou; continuo como aldeamento indígena, até ser decretada sua ‘extinção’, de seus primitivos habitantes (aquela lei de 1835…), aldeamento branco, até hoje. Vida própria, até hoje…
Como a vila do Vinhais não apresentou qualquer desenvolvimento, foi extinta pela Lei Provincial no. 7, de 20 de abril de 1835, passando a pertencer a frequesia à comarca da capital, formando o 5º distrito de paz, e tendo uma subdelegacia de Polícia, um delegado da Instrução Pública e uma cadeira pública de ensino primário para o sexo masculino. Suas terras eram excelentes, baixas, próprias para a plantação da cana-de-açúcar. Achando-se estabelecidas aí pequenas roças de arroz, mandioca e mais gêneros. Calculava-se o número de seus habitantes em 1.020, sendo 887 livres e os mais escravos (p. 633).
Essa rotina veio a ser quebrada a partir da expansão urbana, inicada nos anos 70, culminando nestes tempos com a polemica Via Expressa/Rodovia que se está a construir, cortando o Vinhais Velho ao meio…
O que chama a atenção da população de São Luis, é a resistencia dos moradores a mais um ataque a seu Patrimonio Cultural. Como Mamboré-açú, diante dos franceses que queriam aqui estabalecer uma Colonia, os seus descendentes se insurgem, bradam, desafiam…
Diante do Relatório EIA/RIMA de impacto ambiental, em que a douta Arqueóloga contratada para fazer a propespecção do seu subsolo, declarando não haver indicios de ocupação humana (sic), e desconhecendo totalmente a História da Vila Velha de Vinhais, em seus 418 de existencia – sem contar o tempo pré-histórico, do Macro-filo Jê, possivelmente Tremembé – consta estaram zanzando por aqui há pelo menos 9 mil anos dos tempos atuais; dos Tupinambás, do inicio dos 1500; dos portugueses, da expedição Barros/Cunha e sua Vila de Nazaré; de Riffault, de Vaux, Migan, Guérard; e do proprio Daniel de LaTouche e seus companheiros de aventura fracassada; dos portugues do Albuquerque; e toda nossa rica História Colonia, Imperial e Republicana… não há indícios de ocupação humana, seja, não conseguiu ver/descobrir nada!!!
Mas por isso, agora? Porque ontem acompanhei o Dr. Julio Meirelles, Arquólogo-chefe do IPHAN/Superintendencia do Maranhão a uma rápida expedição ao sitio arqueológico com suas veias abertas, rasgado pela futura Rodovia Estadual – A MA/Via Expressa – e em cerca de 45 minutos os olhos experientes de anos de trabalho em defesa do Patrimonio Arqueologico brasileiro, encontrou inumeras peças, à flor do solo, nas terras remexidas pelos tratores e fúria dos homens encarregados de abrir aquela estrada, o Sr. Max Barros à frente…
MATERIAL ARQUEOLÓGICO RETIRADO DO LEITO DA VIA EXPRESSA NO DIA 16 DE FEVEREIRO DE 2012, ENTRE 09:00 E 09:45 HORAS, EXPEDIÇÃO COMANDADA PELO ARQUEOLOGO DO IPHAN JULIO MEIRELLES, DA QUAL FIZ PARTE, E CONSTITUÍDO EM TESTEMUNHA DOS ACHADOS E SUA COLETA PELO IPHAN. FOTO DE CARLOS JACINTHO, AUTORIZADA.
Impressionante a capacidade técnica do Dr. Julio: a medida em que ia encontrado as várias peças que recolheu, nessa rápida passagem, as identificava, inclusive com a época provável: este instrumento certamente é indígena, e servia para tecer o algodão, note o furo no meio, impressionante sua conservação; certamente uma peça raríssima e importante… dizia de uma peça; de outro caco ceramico, identificava um pote, chamando antenção para a policromia, a tinta vermelha utilizada; de outra, os desenhos ainda visiveis, e que melhoraria após a limpeza, magnifico exemplo; esta é uma louça inglesa, pelos desenhos que apresenta (disse o nome, complicado para um leigo), mas certamente chegada, este tipo e desenho, à época da chegada da familia reaal ao Brasil; certamente essa peça é do inicio dos 1800, duas primeiras décadas; esta já é mais velha, portuguesa, note o azul ( não entendi o nome…)…
OBJETO INDIGENA ENCONTRADO DURANTE A EXPEDIÇÃO DE 16 DE FEVEREIRO DE 2012, EXECUTADA PELO IPHAN, TENDO O DR. JULIO MEIRELLES À FRENTE. TESTEMUNHEI O ACHADO. SERIA TUPINAMBÁ? TREMEMBÉ? CERTAMENTE PRÉ-COLONIAL. E A DOUTA ARQUEOLOGA CONTRATADA NÃO VIU NADA NA ÁREA. ESTAVA NO MONTURO DE TERRA, RETIRADA DO LEITO DA VIA EXPRESSA...
ALGUNS CACOS ENCONTRADOS. DOIS DELES NO QUINTAL DA CASA DO SR. BINOCA - QUEM LEMBRA DO MOCOTÓ DO BINOCA? - JÁ DERRUBADA. ESTAVAM JUNTOS À PAREDE. UM RÁPIDO OLHAR E LÁ ESTAVAM AS PEÇAS. ESTAVA AO LADO DO DR. JULIO E CONFESSO QUE NÃO 'VÍ'. IDENTIFICOU COMO DE ORIGEM INGLESA, COM DATA PROVAVEL, PELAS CARACTERÍSTICAS E DESENHOS, DA EPOCA DA CHEGADA DA FAMILIA REAL - PRIMEIRA DECADA DOS 1800. ISSO, NUMA RÁPIDA ANÁLISE. COMO TODO CIENTISTA, NÃO AFIRMOU: DISSE 'PROVÁVEL', UMA ANALISE MAIS ACURADA EM LABORATÓRIO CONFIRMARÃO, OU NÃO, A PRIMEIRA IMPRESSÃO... COMO A EXPERIENTE ARQUEÓLOGA CONTRADA NÃO VIU? CLARO, PODE JUSTIFICAR QUE ESTAVA EMBAIXO DA CASA DEMOLIDA, MAS SEMANA PASSADA, QUARTA E QUINTA, ESTEVE NOVAMENTE NO LOCAL, CERTAMENTE A MANDO DO VICE-GOVERNADOR...
Como disse, a ida do Dr. Julio é decorrente de comunicação que fizemos semana passada ao IPHAN através de correspondencia eletronica:
Como já comunicado aquela Instituição através de mensagem eletrônica endereçada ao Sr. Julio Meirelles Steglich, Arqueólogo IPHAN/MA, referente à descoberta de objeto lítico no sítio acima referido, em uma residência pertencente ao Sr. Carlos Jacinto, situada em frente à Igreja de São João Batista:
AT. JULIO MEIRELES – MATERIAL ARQUEOLÓGICO
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
Para iphan-ma@iphan.gov.br
Julio, Estive em visita ao Vinhais Velho, ontem à tarde. Lá tomei conhecimento, através de um dos moradores – casa de muro branco, em frente à Igreja, não recordo o nome… – de que achara no quintal de sua casa um artefato – uma machadinha de pedra – provavelmente do período pré-colonial.
Me preocupa, pois há uma construção de via – Via Expressa -, com passagem prevista pelo local em que o objeto foi encontrado, no mesmo sitio. As máquinas estão, já, aproximadamente 20/30 metros do terreno em que se localiza essa casa, caminhando nos dois sentidos, no de frente e pelos fundos, com a construção de uma ponte que chegará aos fundos. … Ali, nesse terreno, funciona uma granja, fácil de achar, pois… Pela urgência que o caso requer, sirvo-me desse expediente, correio eletrônico, para solicitar a presença, urgente, de equipe de arqueologia, tendo por base Portaria 230/2002 do próprio IPHAN, que protege sítios arqueológicos…
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
Professor de Educação Física
Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
vazleopoldo@hotmail.com
98 3226 2076 98 8119 1322
Rua Titânia, 88 – Recanto Vinhais
MACHADINHA DE PEDRA ENCONTRADA EM QUINTAL DE CASA POR ONDE PASSARÁ A VIA EXPRESSA. SOUBE QUE ONTEM UM OFICIAL DE JUSTIÇA ESTEVE NESSE LOCAL, PARA ENTREGAR INTIMAÇÃO PARA DESOCUPAÇÃO IMEDIATA DA ÁREA EM QUESTÃO. NÃO CONSEGUIU ENTREGAR A INTIMAÇÃO, POIS A PROPRIETÁRIA, D. ZECA, NÃO SE ENCONTRA EM SÃO LUIS. SEU MARIDO, JJ, LEU A INTIMAÇÃO E LÁ CONSTAVA QUE DEVERIAM DESOCUPAR SUA CASA, E PROPRIEDADE, E A ASSINATURA NA INTIMAÇÃO SIGNIFICAVA QUE CONCORDAVAM COM A DESAPROPRIAÇÃO E POSSE IMEDIATA DO ESTADO. ESSE SERVIDOR PUBLICO CERTAMENTE DESCONHECE A LEI, OU PENSA QUE INTIMIDAÇÃO DESSE JAEZ ATINGE PESSOA MAIS INSTRUIDA, DO QUE OS POBRES MORADORES DAQUELA VILA.
MACHADINHO - 25/01/2012 – Responder ▼
Julio Meirelles Steglich
Para vazleopoldo@hotmail.com
Prof. Vaz!
Antes de tudo, gostaria de parabenizá-lo pela atitude em favor do patrimônio arqueológico da região. Essa instituição somos todos nós.
Estamos monitorando as obras referidas a risca e um projeto de resgate arqueológico está sendo autorizado na área, a fim de mitigar impactos.
Segundo a lei 3924/61, que protege os sítios arqueológicos pré-históricos, a sua iniciativa se enquadra no artigo 18º, achado fortuito e vossa senhoria passa a ser considerado fiel depositário do achado. Portanto, até que o IPHAN/MA se pronuncie o senhor está responsabilizado por ele e não pode repassar a guarda a outros.
Estou a informar a nossa superintendente sobre o fato e propor:
* nova vistoria arqueológica;
* uma atividade de educação patrimonial junto aos seus alunos e outros interessados.
*Seria necessário encontrá-lo no local. Isto é possível?
Atenciosamente, Julio MEirelles STeglich – Arqueólogo IPHAN/MA 1538255
O pedido de intervenção é decorrente da movimentação de terra na área ocupada pela Vila Velha de Vinhais – ou Vinhais Velho como também é conhecido aquele hoje bairro de São Luís. Embora as autoridades envolvidas na querela que se formou em torno da construção daquela Via Expressa – ou rodovia estadual, uma MA no entendimento do Governo do Estado – dão conta de que houve estudos para verificar a existência de sítios arqueológicos no traçado da rua, e que nada fora encontrado e, para todos os efeitos, apenas a Igreja de São João Batista e seu entorno é considerado bem tombado pelo Estado.
ÁREA ONDE FORAM ENCONTRADOS VÁRIOS DOS OBJETOS. ONTEM ENCONTRAMOS CERCADA - UMA ÁREA DE 80 X 100 METROS APROXIMADAMENTE - COM VIGIAS NO LOCAL, PROIBINDO A APROXIMAÇÃO.
MAGNIFICA PEÇA INDIGENA. SERVIA PARA ALISAR. NOTEM OS SULCOS...
NESTA CASA, AINDA QUANDO ESTAVA SENDO DEMOLIDA UNS QUINZE DIAS, QUE O DR. JULIO ENCONTROU DUAS PEÇAS: UM CACO DE POTE INDIGENA, E UM DOS CACOS DE CERAMICA POSSIVELMENTE PORTUGUESA. ESTAVA ALI, HÁ UNS CINCO METROS DA FRENTE, DO LADO DIREITO, NUM PEQUENO MONTE DE TERRA, DEIXADO PELO TRATOR QUE FEZ O SERVIÇO DE DEMOLIÇÃO... A FLOR DO CHÃO, BEM VISIVEL. E A ARQUEOLOGOGA NÃO VIU ISSO, CINCO DIAS PASSADOS DE SUA ULTIMA VISITA, SEMANA PASSADA...
MESMA CASA - ANTIGO RESTAURANTE DO BINOCA - VISTO PELOS FUNDOS, QUANDO DA DEMOLIÇÃO -AINDA SE VÊ O TRATOR, NO LADO DIREITO - NESSE RASGO DE TERRENO QUE O DR. JULIO, EM SUAS LATERAIS, ENCONTROU DUAS PEÇAS BELÍSSIMAS...
ACHEI A FOTO QUE PROCURAVA... ESTÃO VENDO AQUELE PONTO BRANCO Á DIREITA? POR ALI QUE SE ENCONTRARAM TRES PEÇAS, SENDO UMA INDIGENA E DUAS EUROPEIAS - UMA PORTUGUESA E A OUTRA INGLESA...
Como estavam demorando – não havia decorrido nem uma semana da comunicação, enviamos outra mensagem ao IPHAN:
Os membros da Comissão dos 400 anos da Igreja de São João Batista da Vila Velha de Vinhais, juntamente com o IHGM já haviam feito proposta de manutenção dos objetos que estavam sendo encontrados na própria comunidade, com a instituição de um museu, através de correspondência datada de 27 de janeiro de 2012:
À Senhora Kátia Santos Bogéa
Superintendente do IPHAN no Maranhão
Endereço: Rua do Giz, 235 – Centro – CEP: 65.010-680 – São Luís-MA
Telefone: (98) 3231-1388 – e-mail: iphan-ma@iphan.gov.br
Senhora Superintendente
Nós, da COMISSÃO DAS COMEMORAÇÕES DOS 400 ANOS DA VILA DE VINHAIS VELHO e sua IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA, vimos através desta pleitear junto a Vossa Excelência a intervenção desse órgão junto à área ocupada pela Vila Velha de Vinhais, e sua Igreja de São João Batista, patrimônio estadual tombado.
omo já comunicado a essa instituição através de mensagem eletrônica endereçada ao Sr. Julio Meirelles Steglich, Arqueólogo IPHAN/MA, referente à descoberta de objeto lítio no sítio acima referido, em uma residência pertencente ao Sr. Carlos, situada em frente à Igreja de São João Batista.
Informamos a Vossa Excelência de que essa residência está entre aquelas em processo de desapropriação, por onde deve passar o traçado da Via Expressa, ora em construção; que as escavações e movimento de terras para tal, já se encontra bem próximos do local onde foi encontrado o referido objeto, uma machadinha de pedra. Temos informações, ainda não confirmadas, de encontrados outros objetos, o que esperamos seja confirmado quando da visita de técnicos desse IPHAN, já programada, à área em questão. Desnecessário referir-se à urgência dessas providencias.
Mas o que nos move, neste momento, é a informação precisa e técnica, que somente esse IPHAN pode nos oferecer, quanto à idéia de que seja arqueologia, qual o trabalho do IPHAN e, sobretudo, na orientação à população em identificar e quais procedimentos a tomar, quando da descoberta de novos objetos, seja, Educação Patrimonial.
Vimos, pois, solicitar de Vossa Excelência sejam designados técnicos do IPHAN para, junto à nossa população da Vila Velha de Vinhais e demais comunidades de seu entorno, especialmente à população estudantil, seja ministrado Curso de Educação Patrimonial, podendo ser através de série de palestras, a diferentes públicos: alunos da rede municipal de ensino, moradores das áreas atingidas pela intervenção estatal, demais moradores da área. Desnecessário falar, também, da urgência dessa intervenção por parte do órgão que dirige.
Ao mesmo tempo, identificados os objetos, e declarado – após estudos – sua autenticidade e estabelecido o período em que foi confeccionado e por quem, nos seja permitido permanecer na posse do mesmo, assim como de outros objetos de interesse científico e histórico, através da constituição de um Museu do Vinhais Velho sob a responsabilidade direta do IPHAN. Como é de seu conhecimento, a Vila do Vinhais Velho, como é conhecida hoje, se constitui núcleo residencial de índios e brancos desde tempos imemoriais, e precisa preservar sua memória.
Assim como é de seu conhecimento que a população do entorno da Igreja de São João Batista, com a proficiente orientação de Vossa Excelência e seus técnicos, vem mantendo a memória desta comunidade e de seu Patrimônio Histórico vivo, inclusive com a recuperação física da referida Igreja de São João Batista, sem ajuda governamental, seja, recursos financeiros dos poderes públicos.
Pedem, em nome das Comunidades do entorno da Igreja de São João Batista do Vinhais Velho, neste ano de comemoração dos 400 anos.
Senhora Superintendente,
A História, e nosso Patrimônio, não poderão subsistir sem a interferência institucional do IPHAN e sua, em particular.
Pela COMISSÃO DAS COMEMORAÇÕES DOS 400 ANOS DA VILA DE VINHAIS VELHO e sua IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA,
LUIZ ROBERTO M. DE ARAUJO
FRANCINALDA ARAGÃO LIMA
DELZUITE DANTAS BRITO VAZ
Pelo INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO, e membro da Comissão dos 400 anos do IHGM e da Vila de Vinhais
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Vice-Presidente – Gestão 2010/2012
Morador do Recanto Vinhais
Na quarta-feira, recebi convite para ir ao IPHAN, reunião com o Dr. Julio. Fui, recebi as explicações de o porque ainda não se fizeram presentes; dependiam de autorização e isso leva tempo. Pois bem, na terça-feira, 14 de fevereiro de 2012, a portaria autorizando foi assinada; no dia 15 de fevereiro de 2012, publicda no Diário Oficial da União; nesse mesmo dia o Dr. Julio, por determinação da Dra. Kátia Bogéa, estava marcando, com a comunidade do Vinhais Velho, uma reunião, para o dia 16 de fevereiro às 10 horas da manhã.
Mais de 60 (sessenta) pessoas presentes… precedendo a essa reunião, a expedição ao local das escavações e como resultado… as fotos dai de cima, daquilo que foi encontrado…
O espirito cristão que nos move fez-nos (e venho aqui, pessoalmente, ao vivo e a cores) pedir desculpas à Dra. Kátia e ao Dr. Julio.
Nossa pressa não nos fez ver que dependiam de uma autorização superior para agir; e esta estava sendo providenciada. Exatos 16 dias depois da comunicação, lá estavam eles.
Escrevi aqui mesmo neste blog inumeras vezes cobrando da Dra. Katia uma ação. Neste momento, peço perdão por cobrar algo que, naquela momento e dadas as circusntancias, estava fora de sua alçada realizar. Agora, com o instrumento legal em suas mãos, admiramos sua presteza em acorrer àquela população. Seguimos em frente, contando, agora sabemos, com toda a ajuda que puder prestar à nossa Vila Velha de Vinhais…
Obrigado, Dr. Julio, pela aula que nos deu, falando sobre as atribuições do IPHAN. De ora, somos seu fã, e admiramos seu trabalho. Dra. Kátia, sem palavras…
TEMOS A MISSA AMANHÃ, SÁBADO, INICIO AS 18 HORAS E NO DOMINGO AS 9 DA MANHÃ.
AS DUAS IGREJAS EVANGÉLIAS TÊM CULTO NESSE MESMO HORÁRIO.
OS ESPIRITAS, AS 18:30 HORAS.
SOMOS UMA COMUNIDADE ECUMENICA, HOJE.
SERÃO TODOS BEM VINDOS.
SÃO JOÃO BATISTA DE VINHAIS OS ABENÇOARÁ…
PS. DEIXEI MINHA IMPRESSÃO DIGITAL – A MÃO QUE APARECE SEGURANDO AS PEÇAS, É A MINHA, AS FOTOS SÃO DO SR. CARLOS JACINTHO, MORADOR DA ÁREA, ‘PROPRIETÁRIO’ DA MACHADINHA…
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